Carne
Os Abutres Estão Prontos
Carne, ossos e miolos, espalhados pelo chão
Fim da vida, chega a morte, logo a putrefação
Muito tempo se passou, e o cadáver lá deixado
Vermes, moscas e micróbios, corpo seco e retalhado
Os abutres estão prontos pra devorar a carcaça
Jaz um corpo na estrada, que sofreu uma desgraça.
E quando menos se espera...
... o "fantasma" reaparece. Desta vez... de carne e osso. Desta vez bem palpável. Entra-lhe pela casa adentro e suga-lhe a alma com beijos de cortar a respiração. Crava-lhe os dedos na pele e desafia-a a voltar ao sítio de onde ela nunca quis sair...
Como a água do mar lava a areia,
eu quisera ser lavado do tempo em que minha carne é prisioneira.
Como a água leva tudo nas quedas da cachoeira,
quisera lavar os pensamentos que para o mal me norteiam.
Escorrer de mim o que não me faz bem.
Esgotar assim o que me detém, mudar o fim e partir.
Limpo e leve, seguir atrás do que há além.
Impede de avançar com coragem a alma daquele que aceitar os desejos de sua carne, aprisionando lamentavelmente as trajetórias felizes de suas habilidades em prol do bem.
O mundo é um oceano
Minha carne é um furacão
Minha vida é um barquinho
Buscando direção!
Descansa em minha alma
E acalma a tempestade que
Agita o meu coração!
Existe algo em mim que se manifesta, se expressa em
carne viva. Que mata e morre por vaidade, que caça noites
insanas pela sua certeza, que corre, que berra e
atropela dias e crucifica as horas.
É agua contida. Transborda e resiste, revolta. É um
sussurro na escuridão e um apelo pro fim do mundo.
O choro preso em noite de fantasia, e a morte desmascarada,
plenamente escrita por palavras inférteis e
loucuras dentro duma bolha.
Arregaçar a carne e enxergar o cru, sangrando, não é coisa pra gente que só se vê arranhando a superfície macia da pele e acha que está bom. Se aprofundar e se sentir confortável com o que vemos, enxergamos e até sentimos, muitas vezes nos dá a segurança que sempre buscamos... sossegar a dois é bem melhor!
Jota Cê
-
Duelo
À carne expectante
anuncio o meu corpo
em trovoada de sentidos
Há dores
cheiros
gemidos
na tua terra queimada
Na promessa de redenção
crestam-se os lábios
E as chagas
É tempo amor
Sangra-me a sede mais feroz
e mistura a tua noite
ao meu veneno
💜🐺💜
O jantar está pronto
Meu lobo está
Na forma humana
Vinho, carne assada
Aprendeu a gostar
O perfume das flores
A lareira soltando
Faiscas
A brasa ardendo
Preciso contar
Estou ansiosa
Sei que ele vai
Amar
Mas como será
Ele chega cheirando
A loção
Madeira adocicada
Cabelos longos molhados
Olhos brilhantes
Não resisto
Corro para seus braços e abraços
O tapete é macio e convidativo
Nesse jogo ambos ganhamos
É perfeito
Amor preciso te dizer algo
Que vai mudar nossas vidas
Ele me olha assustado
Você não vai voltar comigo
Para a floresta
Que sofrimento vejo no seu olhar
Dá pena
Não amor, não é isso
É que nossa família
Vai aumentar
Coloco sua mão
Na minha barriga
Novamente fixo
O olhar nos seus olhos
E digo
Estou grávida
Um abraço louco
Um uivo ensurdecedor
Lobo novamente
Sai em disparada
Rumo a floresta
Cantar seu canto
Avisando a família
Da novidade
Passou horas
Aluando
Voltou feliz
Me beija e abraça
Sim nossa família
Está aumentando
Obrigada
Meu amor
É somente pelo amaciamento e disfarce da carne morta através do preparo culinário, que ela é tornada susceptível de mastigação ou digestão e que a visão de seus sucos sangrentos e horror puro não criam um desgosto e abominação intoleráveis.
Quando te olho, apenas vejo carne
Quando te escuto, entendo sua história
E Quando te conheço, vejo que já não é mais a mesma coisa
Quando tu morreres, espero que os vermes que consumirem a tua carne putrefata, não tenham indigestão devido ao teu veneno.
Poema
E era tudo
Era a carne
Era a pele e era o toque
Era o cheiro e o gosto
Era a paixão e o cuidado
E era tudo
Era tudo, mas não era a alma
E sem a alma, a carne apodreceu
A pele enrijeceu
O cheiro perdeu o odor
E o gosto o tal sabor
A paixão ficou sem palpitação
E o cuidado perdeu o afago
Porque era tudo, mas não era amor.