Carne
Porque quando vc me toca, meu corpo inteiro reage..
corpo: carne e espírito..
E é como se você soubesse voar e me levasse para ver a cidade do alto
por cima das nuvens..
Morder o couro, bater a carne e tremer os ossos,
seres (in)animados na escuridão, e de pelos em pé,
toco-te, tocas-me e tocamos o fim do labirinto,
o intimo de nossos seres agora viventes,
abocanhando o que vive e beijando o que morre,
sobre o embalo das serras e compasso do trem, dançarmos,
flagelando-te sob as peles do teu umbigo,
flagelando-me sob as carnes do meu mamilo,
nada que eu te diga trará paz ao teu leito,
então calo-me com tua boca,
nada que me digas trará paz ao meu animal,
então calas te com minha boca,
morder o couro e ver o lado vermelho da alma,
bater a carne a suar, mostra-me onde teu corpo
une-se ao meu, onde nós confundimos as pernas,
onde enfim serei teu homem, senhor dos teus desejos de mulher,
tremer os ossos e cantar,
mesmo que teu ar tenha sido meu,
e nesta nossa hora, mergulhar em ti
e assim dormi em teu braços.
"Na confusão das dores, já não sei o que é carne e o que é alma;
Já não sei o que é desejo e o que é carma;
Já não sei se era você ou o que eu idealizei que fosse...".
Existe uma divida que Cristo não pagou e nem pagará por você, um carnê infinito chamado ''amar o próximo''
Nobres anzóis
Com os olhos vendados eu posso ver
Minha carne pendurada em arpões
Como anzóis que brilham no escuro
Cortejando bocas de dragões
É um sofrer que castiga e que dói
Rasgando lentamente o que se foi
Quero o colo de minha mãe para me deitar
Quero o abraço de meu pai para me abraçar
Já que não tenho teus lábios
Tua boca
Tua língua louca
Para me beijar
Talvez eu desça desses arpões
E volte a andar
O que me espera depois?
Talvez um novo amor
Para amar
A cada passo de uma vida insana
Um tropeço leva ao fundo do poço
Prazeres da carne acabam tudo na cama
Amanhecer calmo e marcas no pescoço.
As pessoas choram quando a carne morre... Mas existe uma morte muito mais dolorosa, e sempre é velada e sepultada no silêncio.
Pessoas quentes se magoam, se tornam frias, congelam. É como se fosse um pedaço de carne que se põe no congelador. Tem necessidade de ser usado, se não acaba estragando. Então se esquenta, é usado. Se tira um pedaço e põe de volta no congelador. E esfria de novo e congela de novo. Ai você acaba deixando lá as vezes, sem mexer, congelada pra quando precisar de novo. Mas chega uma hora que você sabe... Não dá mais! Passou da época de ser usada. Estragou.
Senhor, antes de bens materiais, desejos da carne, sonhos eu prefiro a tua presença, porquê sem ela seria inútil ter todas as coisas e não ter tudo que és TU.
"Gordas moscas erravam lentamente naquele muro de carne, zumbindo. O fruto maduro do dia tornava-se sorvado, apodrecia, e no ar cansado, ja corroído pelas prumeiras sombras da noite, o céu, o cruel céu de Napoles, tão puro, tão terno, lançava uma suspeita, um remorso, um comprazimento triste e fugitivo. Mais uma vez o dia morria. E, um a um, voltavam a refugiar-se na noite, como veados, gamos e javalis na selva, os sons, as cores, as vozes, esse sabor de mar, esse cheiro de louro e de mel, que são o sabor e o cheiro da luz de Napoles."
A PELE
'A TERRA E A CARNE'
"A vida é um fio por entre ois dedos,
escapasse o fio se perdeo-se o tempo."
Tic-tac o relógio bate
Tic-tac o relógio insiste em soar.
A morte é certa.
Morte suave, morte violenta,
anunciada, inesperada,
tanto faz nunca é desejada.
Feche os olhos, deixe que a terra engula a carne,
deixe que a terra finalize o trabalho.
Ouça o marchar das pás
cobrindo você com seu último abrigo,
sua última casa.
O despertar dos relógios anunciam
o fim do espetáculo.
Não há mais atores a atuar
nem mais mãos a apraudir,
apenas rosas a perfumar o ar,
apenas terra anunciando o fim.
Após a devolução da carne à terra, o espírito retorna
às mãos do Senhor, para acertos de conta com a vida.
Vejo risos e amassos, beijos entrelaçados, vejo felicidade entre olhares cruzados, vejo carne, amor, paixão. Vejo loucura...E ao mesmo tempo, contemplo um futuro enublado, fecundando com o medo.
Vejo berro, e choro, vejo, sucos de ar presos numa garganta calada, vejo palavras que ficaram por dizer. Vejo dia acabar. E saberei eu?! que sei, hoje foi o ultimo dia que soube que te ia amar do mesmo jeito, porque amanha, não sei quem sou...
Afinal, tudo não passa de amor, e se for verdadeiro, amanha estará aqui de volta...
Muitas pessoas usam esta expressão
“somos de carne mas temos que viver como se fossemos de ferro”
e usam com razão, pois muitas vezes temos que fazer mais que o impossível para agradar alguem, para conseguir alguma coisa, resolver nossos problemas e dificuldades e quase sempre imploramos para termos um corpo de ferro e suportar tais problemas sem sentirmos as dores. Mas há um porém, esse corpo de ferro não existe, é imaginário, temos que nos contentar com a realidade e passar por cima dos problemas do jeito que somos e com a capacidade que Deus nos proporcionou.