Carne
"A ideologia de uma guerra habita na mesma mente que reina a inteligência. Não há carne que não se estremeça com esse fato." - Charlie
Lua cheia
Luz da noite
Abre-se a carne
No pensamento
Puro prazer
Onde sexos penetram
Em sexos
Interminável desejo
Que solta pela boca
No grito solitário
Após evaporação dos sentidos
É com esgar de esfomeado que me ponho a saborear vorazmente o verbo. A carne minha que do escrever depende. Do viver insólito, do morrer mais insólito ainda. O que era não mais é, o que será talvez já seja. Eu não sei. Nunca vi. Se vivo, amo. Se amo, desfaço. Se desfaço, refaço uma vez mais e assim, amo novamente. O ciclo de minha vida é acíclico. Mutante, mutável. Amável, entrementes. Ouço o risco do lápis no papel, dançando ao compasso de minhas mãos gélidas, deixando palavras vulneráveis, passiveis de serem apagadas. Que se apaguem. A mesma fome do verbo que me fustiga agora é a mesma que me fará escrever tudo de novo, viver tudo de novo, e ainda assim, viver tudo diferente.
Mesmo que minha carne deixe o mundo dos vivos, permanecerei existindo em papel e tinta - a essência da minha alma.
A minha carne é fraca, mas o coração é forte para suportar sentimentos infinitos;
E se o pecado for à vitamina a minha fé é minha sustentação para com a vida;
A carne cresce, enrijece, envelhece e apodrece, porém os sonhos, os ideais e os pensamentos permanecem.
Quem já sentiu na carne a dor
Quem já sentiu na carne a dor
Sabe o tamanho da sua extensão
Quando vê outro sofrer a mesma dor
Dói em si a aflição deste outro coração.
Torna-se solidário ao sofrimento
Não julga, não faz comentários vãos
Abriga, abraça, oferece acolhimento
Com gestos de amor dá-lhes as mãos.
Às vezes, o silêncio, um simples olhar
Há mais calor humano para oferecer
Do que muito falar e nada dizer.
Perfil no facebook é como carne
exposta no açougue, por mais que se capriche no corte, sempre fica pingando sangue.
A mentira é um espinho que precisa ser extirpado de nossa carne; se isso não ocorrer, pode irradiar, infeccionar a nossa alma; tornando inaptos a comungar com Cristo, a cura da dor pelo bálsamo da verdade.
A carne milita contra o espírito, e não discerne as coisas espirituais; ela só quer sentir, sentir, e nunca saciar...O espírito milita contra a carne, e só quer libertar a carne da prisão que ela mesma é sua carcereira e entregou a chave em mãos alheias, ao usurpador de seu corpo, alma. Antagônicos são os que militam na carne e os que militan no espírito; depende da nossa escolha quem irá prevalecer neste maior desafio, batalha travada, dentro do nosso ser!
Muitos querem surpreender a sua parceira cuidando apenas da carne, quando deveriam primeiro cuidar da sua alma e do seu espírito.
O AMOR É LINDO
O poder embriaga.
O caráter é difuso.
A carne é fraca.
A tentação é forte.
A presa é saborosa.
O prazer recompensa.
A jovem é doce, linda
Formosa e oportunista.
A trama é rotineira.
O desfecho é o previsto.
A esposa descobre.
A amante apanha.
O marido se defende.
A família reprova.
O lar se desfaz.
Os abutres saqueiam.
O patrimônio se esvai.
A Justiça não tarda.
A falência se apresenta.
O traidor é traído.
A traída já traiu.
O amigo também.
E teve mais alguém...
(Retrato em P&B de “Amor à Vida”, novela da Globo)