Carne
QUADRAGÉSIMO PRIMEIRO HEXÁSTICO
Dou à tua nova carne sentido
Velhos e novos rios transportam
Verbos sacrílegos… parábolas…
ao poeta cabe encarná-los
dando-lhes luz às novas almas
sequiosas de novos saberes
O espírito clama
A carne sofre
O desejo suplica
A saudade mostra-se em néctares variados
O perfume do amor inunda todo o ambiente
É a vontade mais profunda...
Carência do teu afeto
Do teu carinho...
A expectativa do teu toque a despertar os meus poros
Faz-me rolar em brancos lençóis
Que todas as noites reclamam sua ausência...
Dá-me tua presença!
Entrega-te ao nosso amor!
Abranda o pulsar do meu peito!
Deixa-me habitar em ti definitivamente!
Temeis a dor da alma...
Mais que a dor da carne.
Porque tudo que não se completa
É um vazio infinito.
Antes de falar mal de mim, olhe para sí mesmo e veja se você é diferente de mim, somo de carne, somos todos iguais, o que muda é o carácter e tenha certeza, que a sua idealização não condiz com a minha.
Ninguém se apaixona por alguém de carne e osso. Apaixona-se por uma ilusão, uma figura projetada, muitas vezes até um reflexo do que o próprio apaixonado gostaria de ser.
Como pode o meu amor
escapar das minhas mãos.
Como pode o meu amor
atravessar sua carne.
Como pode o meu amor
alcançar sua alma.
Como pode o meu amor
ser sempre contigo
onde quer que tu vás,
minha mulher.
Tudo passa. Tenha calma. No lugar da ferida se refaz a carne, no lugar da dor se refaz o amor, no lugar da perda se refaz a esperança. E é pelas esperas que se refaz um coração. Tudo passa quando a gente se aquieta. Tudo se refaz quando a gente acredita.
Jamais subestime um coração de pedra...♥
Pois bem lá no fundo ele também é de carne...♥
Bate e pulsa...♥
É aquele que não se dá a conhecer é revestido por uma capa...♥
Mas também sofre, também chora, também ri...♥
São exatamente estes, que precisam mais de amor ...♥
É um coração diferente que não se despe mas sente..
Vivo numa reverência extrema e por mais que a carne seja sacana é com o sagrado que habita em mim que te defino. Não sei mais apaziguar um coração que vive mergulhado em alegria. Bombeia provocação, corre nas veias inquietude e os músculos tremem fantasias.
Rebeca
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Pausa
Vem e traz o ar de posse
As certezas e a intimidade
Sê a estátua de carne
Neste momento de silêncio
Muda e quieta
Como uma boca pousada
No meu sono
Traz-me de ti
O tudo e o nada
Do abandono
E acampa no trevo
Acre e macio
Deste corpo em festa
Depois, vê o que resta
Da minha fome e do cio
Retoma a tua gesta
Deixa-me vazio
Carne.
Corpo, calor, suspiros. Lábios, falas, fomes. Desejo, desejo, desejo. Pele, suor, carne. Dentes, unhas, bocas. Desejo, desejo, desejo. Mãos, braços, pernas. Infinitos, pés, encontros. Desejo, desejo, desejo. Segredo, perfume, chão. Ato, olhares, tato, vontade. Desejo, desejo e desejo. Era só o que ela sabia proferir...