Carne
Sinto este apocalíptico amor
cerzido em carne viva
no tecido transparente do osso
submetido a formas anatómicas
irremediavelmente inviolável.
A Sobrevivente e Espessa Lágrima.
A dor é uma ilusão de carne.
É uma abstinência à insensibilidade,
como um consumo que circula na alma.
O álgido olhar que consome a vida
alimenta-se da estrábica melancolia,
descerra o escudo da existência.
Golpes suspensos nas pupilas,
marcham exaustos e condenados
num acrómico álbum de sal.
Revolta-se um pedaço de esperança,
cospe o grito pungente na valsa do chão
e ergue-se a sobrevivente e espessa lágrima.
Fiel Solidão
Sinto as retinas repletas
de ilustrações vivas,
que pulam na minha carne.
Deslocam-se subitamente
nas minhas veias
ao sabor das visões da memória.
Fiz-me refém
neste ponto de tempo.
Sequestrado pela sombra do silêncio
abandonado por mim,
desvalido e requisitado
pela irreversível circunstância.
Agradeço-te fiel solidão.
Quando todos partiram,
tu nunca me abandonaste.
Ode aos que sente demais.
Salve, ó homem de carne viva,
cuja alma arde em silêncio,
que sangra beleza por dentro
e entrega controle por fora.
Tu que, mesmo exausto,
sustenta o mundo com um sorriso —
não por força,
mas por medo de ser largado
se um dia fraquejar.
Saúdo o teu caos meticuloso,
teu sarcasmo afiado como espada,
tua doçura escondida entre vírgulas,
como se amar demais
fosse algo a ser temido,
e não vivido.
Tu és templo de um menino antigo,
ainda descalço no coração,
que acredita, ainda,
que alguém pode amar sem pedir
que ele se encolha.
Ode à tua sensibilidade crua,
essa flor nascida no concreto da sobrevivência,
que tu protege com armaduras de aço
e olhares que dizem:
"não se aproxime demais."
Mas és feito para o toque.
Para o mergulho.
Para o tipo de amor que desorganiza,
que atravessa a fachada e encontra —
o real.
O inteiro.
O indomado.
E ainda que temas ser visto,
deixa-me dizer:
és lindo no avesso.
Lindo quando falha.
Lindo quando confessa:
“tenho medo de não ser suficiente.”
Pois tu és mais que suficiente.
És raro.
És poesia bruta,
carregando o mundo com mãos gentis,
esperando — talvez em segredo —
que alguém venha
e diga:
“Pode descansar agora.
Eu vi tudo.
E mesmo assim,
fiquei.”
Coração
Coração ferido é um pedaço de carne triste e ofendido;
Coração partido, envelhece mais rápido, bate descompassado e pulsa sem vontade;
Coração manhoso, grita , chora e pede socorro;
Coração medroso, não suporta a distancia e a saudade, treme com o aumento da carência e da falta de piedade;
Coração bandido, rouba a cena, bate forte, atira pra todo lado e faz vítimas sem deixar rastros;
Coração de pedra, seu interior é gelado, suas batidas são calculadas, não tem dó e nem pena de ninguém;
Coração amoroso, vive feliz, bate com o fôlego de uma criança pela vida toda, ama e é amado, pulsa felicidade e sabe reconhecer um grande amor.
Quem é o Amor?
Tenho que revelar! Eu conheço o amor em carne e osso, o amor existe fisicamente, acreditem! Eu posso vê-lo e tocá-lo. O amor respira, desfila, possui cabelos longos, tem olhos lindos, uma voz cativante e um cheiro apaixonante. Sua delicadeza é contagiante e a sua beleza é surreal.
Eu tenho dependência do amor, pois a sua sensibilidade e a sua influência sobre o meu ser, me causam efeitos, o amor me arrepia, me emociona, me enche de carinhos, ele me da atenção, me cuida e por fim dormi todas as noite abraçado comigo.
O amor poderia escolher ter aparecido na minha vida como uma super-heroína, como uma Deusa, ou poderia ter aparecido como um princesa dos contos de fadas, sejam elas, a Branca de Neve, a Cinderela, a Bela Adormecida, a Rapunzel ou talvez a Fiona. Mas, o destino quis que eu descobrisse sozinho e depois de algum tempo, que ela a minha amada mulher é o amor. Sim, eu posso revelar para o mundo inteiro, que ela é o amor em forma sentimental e física!
O amor reuni qualidades, poderes e fantasias para mudar e transportar as nossas vidas, para o mundo da felicidade.
Por um mundo com mais leveza, porque ninguém é de ferro: somos feitos de carne e osso, a gente precisa e merece.
Amor
o amor é tão belo que quando se junta com a carne ele se torna tão doloroso porque perde a plenitude da Essência do princípio do fim destinado.
No casamento, o homem e a mulher tornam-se uma só carne; na fé, Cristo e o cristão se unem em um só espírito.
Gn 2.24; 1 Co 6.17
O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
O Carnaval, do latim carnelevare – remover a carne – mas, na prática, nos leva às obras da carne que Deus condena: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria e inimizades. Gl 5.19-21.
João 1.14: E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós (...).
Existe uma diferença entre a Palavra Encarnada (Logos) e a palavra encadernada (letra). O entendimento chega quando se ouve a palavra da Palavra.
Ninguém deve se sentir inabalável e soberbo nesse mundo caído: “pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória, como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a sua flor” (1ª Pedro 1.24).
A manifestação do Verbo Vivo que se fez carne foi o evento histórico que dividiu o universo, mudando os rumos da trajetória humana, transformando vidas e quebrando paradigmas.
Demônios se expulsa no nome de Jesus. Agora, as obras da carne, como o orgulho, a mentira, a inveja, o egoísmo, o ódio, etc... você tem que reconhecê-las e negá-las todos os dias até a glorificação final.
Depois da queda, nossa natureza ficou inclinada para as obras da carne (Gl 5.19-21); portanto, não gostamos do fruto do Espírito (Gl 5.22), não gostamos da oração, não gostamos da consagração, não gostamos da humildade e não gostamos da leitura da bíblia (Rm 7.18-23). Então, você deve ser disciplinado contra as obras carne (1° Co 9.24-27) e manter-se firme no combate e não retroceder (2° Tm 4.7-8; Hb 10.38-39)!