Caos
Em meio ao caos, os cacos caem sobre o chão.
Somos terra abatida na partida de tanta gente em vão. Assistindo no isolamento, na solidão, o coração de outros iguais a nós se dissolvendo, perdendo o ritmo de suas batidas, até ir embora sem sequer nos dar a despedida.
Nesse mundo perdido de amor, ficar só, só aumenta a dor, mas fico.
Quando os homens se derem conta de que algumas competições levam ao caos e não ao pódio, não haverá mais tempo para um recomeço.
“O Caos na Avenida Central”
No principio era um dia como outro qualquer; um dia de folga.
Aproveitei então para resolver questões pessoais de rotina.
Já não era mais cedo, também ainda não era tão tarde. Afinal era uma tarde.
Enquanto eu caminhava pela avenida central, percebi que algo além do normal pairava pelos ares. Pressenti que o clima era tenso. Observei a reação das pessoas que ali passavam; e de outras que ali permaneciam.
Uma criança chorava no colo da mãe, que se apressava em atravessar a rua. Outras maiores eram imediatamente puxadas pelo braço em companhia de seus pais. A senhora se ajeitava com sua sacola de compras.
Em instantes percebi que pessoas corriam pela calçada. A tensão era constante e progressiva.
Pessoas se refugiavam em algum canto, outras procuravam abrigo onde houvesse.
Seu Joaquim da padaria imediatamente tratou de baixar uma das portas.
O grupo de estudantes se aglomerava no ponto de ônibus, e logo se espremiam para entrar na condução.
O ciclista em desespero largou sua bicicleta e correu para o armazém.
Percebi então que a tensão aumentava e a reação das pessoas era cada vez mais freqüente e conturbada; O desespero era notório em meio a tamanha confusão.
Os ambulantes tratavam logo de recolher suas mercadorias, outros se apressavam em baixar suas barracas.
Moradores locais espiavam das sacadas, e logo davam jeito de fechar suas janelas.
Em meio a toda algazarra surgiam homens da guarda municipal que corriam em direção a marquise.
Mais adiante, militares com seus cães atravessaram a rua em direção ao ponto de ônibus; outros se adentravam na galeria comercial.
Um soldado fazia gestos para o restante da tropa que rodeava o quarteirão.
Os pombos assustados levantaram vôo.
Pardais rodeavam a torre da catedral e logo sumiam entre os prédios.
Ouviam-se barulhos. As vezes agudos, as vezes mais graves.
Logo as barracas eram aos poucos atingidas.
Os automóveis estacionados, nem mesmo os que estavam em movimento escaparam.
Pessoas que não se abrigavam, ou aquelas que andavam distraídas também eram atingidas. Alguns ainda tentavam correr para um lugar seguro.
Enquanto eu permanecia ali, imóvel, observando toda aquela algazarra...
Fui atingido no ombro direito, depois no esquerdo... Naquele momento fiquei sem reação.
Fui atingido novamente no ombro direito, depois no braço, no peito...
Ouviam-se vozes gritando: Saia logo daí!
Percebi então que a rua se embranquecia pelo granizo que caía do Céu.
A chuva era o de menos; molhava, mas inicialmente não fazia mal.
Mas o granizo quando batia na cabeça, incomodava bastante.
Fui imediatamente para a marquise e esperei que a chuva passasse.
Fiquei ali o resto da tarde observando o caos da tempestade inesperada que agitava a correria urbana.
(Carlos Figueredo)
Enquanto vejo reuniões com propósitos de caos, eu me reúno comigo mesmo e com todas as forças que por detrás de mim trabalham – com propósitos dignos; e não existe externalização nenhuma capaz de transformar meus caminhos, pois eles já foram percorridos antes mesmo do acordar.
A explosão que antes transbordava
Agora é suave.
Deixamos de ser caos.
Já fomos força, ferro e fogo
Chegamos a ser tempestade.
Hoje somos calmaria.
Já fomos furacão e ventania
Hoje somos um leve vento.
Aquele imediatismo do cotidiano
deu lugar ao que é de dentro.
C.A.O.S
O homem solitário e desgastado era eu. Ninguém me aceitou. Eu era um nada, torturado pelos ventos da sociedade que continuamente sussurrava que eu era diferente.
Um homem parado no meio de pessoas alegres. Ninguém o estar ouvindo, apesar de ele estar procurando desesperadamente que alguém o escute.
Rejeitado continuamente, ele finalmente se senta, aceitando seu destino de solidão. Ele não se mexe. Não há para onde ir. Ninguém o escuta. Uma figura solitária se aproxima dele. Uma garota adorável e delicada. Seus contrastes são óbvios ela é justa. Ele tem cabelos escuros e baixos; ela tem cabelos pretos, sedosos e leves que fluem como uma cachoeira. Ela estende uma mão macia e delicada.
Então, ela sorriu para mim. Ela pegou minha mão e me ouviu. Por favor, me perdoe. Eu nunca disse obrigado.
Felizmente prestamos atenção um no outro. Ouvindo...
Todos nós precisamos não apenas ser ouvidos, mas precisamos saber como nossas palavras estão sendo ouvidas também.
É o som da alegria e da amizade. Eu acalmo minha própria alma. E ouço nas profundezas do êxtase, há outro som. Difere em caráter. Tem as melancólicas melodias da tristeza.
Ouço fracamente, abafado pelo barulho da conversa. A tristeza sutilmente sussurra uma palavra no meu ouvido. Sozinho... Eu procuro e encontro a fonte.
E pego a tristeza cintilante e o sussurro da solidão para. Dou um sorriso. E ela continua a me escutar.
Mesmo que muitos de nós estejamos sozinhos, ainda estamos passando um tempo com o mundo.
Uma vez eu vivi em um isolamento indescritível, sozinho no chão de uma rua em cima de uma velha caixa de TV. Um cãozinho olhou para mim e sentou-se ao meu lado para me fazer companhia. Aproximei-me e ele depois inclinou a cabeça para o meu lado e adormeceu. E lá no escuro, na rua vazia e fria havia uma conexão verdadeira.
Eu não conseguia dormir me sentei na beira da calçada, com repulsa, para tirar da minha mente essa minha situação nojenta.
Abaixei a cabeça e chorei, ficando cada vez mais inconsolável.
Eu estava sozinho no escuro. Mais sozinho do que nunca.
E eu não queria mais ficar sozinho.
Ouvi a família da casa ao lado em sua cozinha, no corredor, rindo com o barulho de pratos sendo passados em torno de uma mesa. Eu precisava de pessoas naquele momento, então me levantei e atravessei à calçada, mas não consegui passar pelo o portão. Não conseguir compartilhar o que estava acontecendo comigo com estranhos.
Eu não queria visitá-los com minha dor e estragar a diversão deles. Cada risada alegre através das paredes promoveu meu isolamento. Aquele cãozinho era meu único conforto.
Eu apenas me dobrei e desmoronei sobre o papelão, encarando seus pequenos movimentos através de seu sonho canino um fluxo lento e constante de lágrimas percorreram minha face.
Sob o brilho da pequena lâmpada de um poste eu dormir.
Faz seis anos desde que esse o pobre cãozinho deixou este mundo. Eu pensei nele quase todos os dias desde então; do passado, do que eu poderia ter feito para mudar as coisas e do futuro que desapareceu junto com ele.
Aquele cãozinho estava lá para mim. Sua presença me mostrou mais misericórdia do que qualquer coisa viva já teve - muito mais misericórdia do que eu tinha reservado momentos antes. Por tanta crueldade e dor inexplicável quanto existe neste universo, há muita conexão. Há tanta conexão que ela simultaneamente me drena e me preenche até me deixar como nada além de um recipiente para sentir tudo o que tenho medo de sentir.
É o suficiente para me fazer querer ultrapassar cada batente da porta em que eu parei. É o suficiente para me fazer querer realmente viver.
De alguma forma, isso me lembra de coisas que nunca conseguir lugares em que nunca estive pessoas que nunca conheci, algumas flores que nunca cheirei, histórias nunca ouvidas ou contadas, oceanos nunca navegados.
Sempre que me sinto perdido, sozinho ou em excesso, continuo voltando a pensar no cãozinho.
Isso me faz sentir como se estivesse recuperando o tempo perdido com amigos. Há também muitos esquecidos, que não sinto tanta falta, nunca mais quero ver de novo, pessoas que me traíram tantas vezes. Mas estou desesperado por um tempo mais simples de muitos anos atrás.
É como andar por todas as lembranças, boas e ruins, vendo minha própria vida passar por um turbilhão de cores, aromas e sentimentos, tão ousados e sem vergonha que eles me devoram e me dominam até que desapareçam.
Parece uma má escolha e boa, como uma mudança que você não pode descrever, um amanhã agridoce que nunca mais verá a luz de hoje, apenas o sol do futuro e você está se preparando para uma viagem a o vasto desconhecido do próximo ano, do próximo mês, da próxima semana.
Cada segundo é um novo começo, mas, infelizmente, também um capítulo final e você não pode deixar de notar uma pontada de tristeza antes dessa explosão de emoção, enquanto vê tudo terminar. E você não pode deixar de assistir tudo acabar.
Parece verdade da maneira mais crua, algo perfeitamente feio, dolorido e real, mas você dança de qualquer maneira. Está subindo e espiralando ao seu redor e dói, mas é tão bom estar livre. Para finalmente se libertar do seu passado e de tudo que o machucou antes, e você está rindo e não pode controlá-lo porque tudo se foi, você sabe que verá o sol nascente de amanhã e viverá. Você finalmente sabe que está vivo.
Parece ser confortado por um velho amigo, uma nova versão sua. Como sempre soube que algo acabaria assim, mas ainda assim fica chateado. Está tudo bem, porém, você sabe que tem as pessoas certas e sabe que vai se curar. Está enxugando suas lágrimas e sentindo esperança depois de uma noite escura e fria na rua. Finalmente, você vai se curar. E por Deus, você está tão pronto. Está tão pronto para ser inteiro novamente que você não pode se conter.
Tão quente, seguro e preparado para sentir algo de novo que você não pode deixar de chorar um pouco ao pensar nisso. Mas você está pronto. E então você segue em frente.
Tudo parece tão agridoce. Tão melancólico e tão nostálgico. Todos nós tivemos tanta sorte.
Fiquei sob o chuveiro quente por uma hora, deixando todo o passado ir embora pelo ralo. A água caiu sobre meu corpo logo isso me fez tomar formas. E então essa compilação tocou meus nervos, estavam se ramificando, eu me tornei uma árvore cujas folhas estavam crescendo e eu estava brilhando outra vez.
É em meio às dificuldades que temos a oportunidade de crescer.
Vivia em um mundo onde todos prezavam pela saúde e pela vida. Um mundo que mesmo em época de caos, líderes se uniam para enfrentar os problemas.
Acordou assustado com o despertador, era hora de colocar uma roupa e uma máscara velha rasgada para ir pro o trabalho. Aquele mundo era só um sonho!
A grande jogada politica é o caos, trabalhadores contra empresários, pobres contra ricos, liberais contra conservadores, religiosos contra não religiosos, não seja mais um peão nesse tabuleiro, ame o seu próximo.
Sem você, o caos domina
Nem o som dos pássaros, me anima
Sem você, não tem amor
Os dias são sem graça e cor
Fique minha luz, minha alegria
Só você é minha paz e calmaria
Difícil profetizar num caos real, né? Na prática, bonança ou tempestade modelam mais “fés” do que se imagina.
É naquele olhar cheio de amor que encontra o combustível para manter - se vivo diante de tanto caos.
faça do caos uma emoção num delirio sem fim...
e tenha a certeza que a insanidade seja compartilhada,
por aqueles que governam sem menor virtude...
O planeta esta cheio de mais.
Egocentrico.
O caos é desconfortavelmente mesquinho e compatível à massa cinzenta da massa.
Tudo esta em segundo plano
o mundo e a vida
que já eram breves
tornam-se agora imperceptíveis
passam e somem até mesmo do passado.
O presente é uma fração cada vez menor.
Quando agonia beija o caos, nada mais importa
O corpo e a mente do ser humano não aguentam essa pressão
É sentir tudo e nada
É como estar paralisado e agonizando ao mesmo tempo
Você não vai aguentar
Vai te partir ao meio