Calar
O silêncio nem sempre é uma virtude. Quem se cala perante uma injustiça, contribui não só para que as injustiças continuem sendo praticadas, mas para que elas se expandam.
Quando você fala algo seu para uma pessoa, você está dando a oportunidade a ela de dar opinião sobre o assunto e nem sempre você vai ouvir o que gostaria. Portanto, se você não está preparado (a) para ouvir a opinião do outro, melhor calar.
Creio muito mais em guerreiros silenciosos anônimos que travam lutas invisíveis diárias que de forma persistente conseguem mudar aos poucos certas tradicionais injustiças sociais veladas. Creio que os que fazem de forma clara, trazem mais a impetuosidade que a força e vigor da luta pois são sorrateiramente difamados, separados e apedrejados como insurgentes por toda parte e em pouco tempo diante de tantos não embates vindouros, por exposição desnecessária se liquefazem ou abandonam as causas e as lutas em expoente sofrimento.
O dia amanhece e eu percebo que está noite outra vez esqueci de dormir.Na verdade não foi sinceramente esquecimento pois o sono bateu a porta por vezes mas o pensamento ainda agitado da noite passada dando cambalhotas e piruetas dentro da minha cabeça não interrompeu o devido prazo de pensar e calar.Para que eu conseguisse, em paz, adormecer.
O ser humano é realmente muito estranho. Demora anos até que aprenda a falar e, quando finalmente aprende começa o difícil exercício de aprender a calar.
Eu tentava ficar calada, com medo que ele percebesse, mas o amor era indiscreto e fazia uma festa em meu olhar.
Aquilo que não dizemos fica pairando sobre nossos sentidos como uma nuvem negra radioativa. Transforma-se em angústia, noites sem dormir, nó na garganta, insegurança, ciúmes, nostalgia, dúvida, insatisfação, tristeza, ansiedade, medo, depressão, dor crônica... O que não dizemos cresce assustadoramente dentro da gente como um monstro medonho e mais cedo ou mais tarde explode como o cogumelo escarlate de Hiroshima.
Em momentos de mágoa e desencanto me calo, pois nessas horas minhas palavras podem tornar-se afiadíssimo punhal.