Calar
As vezes antes de se calar o sábio ri... não da cara de quem esteja enrolado, mas por reviver em lembranças a graça das situações em que da mesma maneira enrolou-se quando ainda não era sábio, ai então ele se cala para em oração auxiliar, não para repreender quem agora vive as trapalhadas que um dia ele já viveu.
O MEU CALAR (soneto)
Solidão arde tal qual fogueira acesa
É como em um brasido caminhar
Perder-se no procurar sem se achar
Estar no silêncio do vão da incerteza
O que pesa, é submergir na tristeza
Dum incompleto, que nos faz cegar
Perfeito no imperfeito, n'alma crepitar
Medos, saudades... Oh estranheza!
Tudo é negridão e dor, é um debicar
Rosa numa solitária posposta na mesa
É chorar sem singulto e sem lacrimejar
E se hoje o ontem eu tivesse a clareza
Não a sentia como sinto aqui a prantear
Teria a perfeita companhia como presa!
Luciano Spagnol
Final de novembro, 2016
17'00", cerrado goiano
Calar é diferente de não falar. Calar não é não ter o que dizer: é saber o que há pra ser dito, mas escolher não dizê-lo com a própria boca.
"Eu acho que as celebridades [politicamente engajadas] devem basicamente calar suas 'matracas' e fazer o que sabem fazer melhor - atuar, cantar, dançar, fazer malabarismos e todo esse tipo de coisa".
...De que adianta mentir para si mesmo, de que adianta falar se podemos calar & esperar pela decisão do tempo.
Quando o verbo em mim calar
cessará todo o julgamento do mundo
a consciência do medo se dissipará
e hão de se fechar todos os abismos
então reinará o imponderável silêncio
sobre o discurso da dúvida...
Eu gostaria de saber calar,
Sentar num trapiche bem perto do mar,
Aprendendo com a doce voz do silêncio.
Até que o ouvir seja mais presente que o falar,
Até que o respirar fique tão calmo quanto a paz que tenho dentro de mim,
Até que a tolerância e a paciência sejam minhas melhores companheiras,
Fiéis escudeiras até que eu, ou mundo tenha um fim.
Ah como eu queria gritar
Quando se espera o meu calar
E isso tenho feito
O silêncio
A mim bem não tem feito
A você não sei
Tomara Deus que sim
Pois essa dor no meu peito
Não pode existir em vão
De todas as formas que tento fugir
Meu pensamento sempre volta a ti
Tantas vezes já falei
E ainda não sei
O que afinal tenho que fazer
Aguardo o que a providência Divina
Queira o que tiver de ser
Mãe! Manda o Bocão calar! Ele fica tentando me ensinar coisas que aprendi no primeiro ano da escola! Também não para de relinchar feito cavalo!
Não pense em revanche, em calar a boca de ninguém nem pisar por quem um dia te machucou. Sei que é difícil, mas tente...
levante-se, e saia sorrindo, continue sua trajetória; agradeça a Deus pela tua força e dignidade. Não temos direito de julgar ninguém.
Um dia todos irão silenciar, faz parte do processo da vida. A voz do poeta pode até se calar, mas num breve instante ela será ouvida.