Calado
REFLEXÕES DE UM ADEUS (soneto)
Calado, ouvindo o silêncio ranger
Imerso no pensamento solitário
Gritante no peito o medo a bater
Do adeus, e que no fado é vário
Agora, cá no quarto, a me deter
Angústias do cismar involuntário
Que o temor no vazio quer dizer
E a aflição querendo o contrário
São duas pontas do nosso viver
No paralelo do mesmo itinerário
De ir ou ficar moendo o querer
E neste tonto e rápido breviário
Que é o tempo, me resta varrer
Os espantos, pois imutar é diário
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Mês de maio, 2017
Cerrado goiano
CALADO
Faço...
E fico calado;
Pouco ganho publicando.
Espio...
Reparo as reações;
Pedem-me mais.
Silencioso...
Calculo se crio miseráveis:
Gente de pernas, braços e olhos...
Descansados do nada...
O que fazem por mim?
Não esqueço nunca!
Mas, deixo pra lá...
O que aos outros faço, embaraços há no jeito!
Se não perco os dedos,
Vão-se os anéis.
Testemunha da sua repreensão
A ele é dado toda devoção
Se caio ou levanto eu sinto
Calado ou falando também minto
Esse passado que assola o coração
A vida é testemunha de todo ciclo
Repreender o filho pela disciplina
O grau é que se alucina
Quando falhei encontrei a cova
Os passos foram provas
Um piloto embriagado
O avião decolado
Turbulência e perigo
Passageiro ferido
Quando um rebento segue sem direção
Desembestado na contramão
Atenção, atenção, contramão
O senhor de justiça que oferta ao desmerecido
Que aceita o desvalido
Aquele que perdoa e consagra
Que honra mesmo na oferta magra
Quando falhei encontrei a cova
Os passos foram provas
Um piloto embriagado
O avião decolado
Turbulência e perigo
Passageiro ferido
Giovane Silva Santos
O sax do Manu Dibango foi calado pelo Coronavírus. Na partitura do silêncio, a imprensa não emitiu sequer uma nota!
Ficar calado é um comando ante cirúrgico, um tipo curico, pro salutar nos momentâneos, deixe que a energia se acomode, sem susto, receio, e, ou sentimentos de desproVisão.
O Beija-flor-rajado
cruza o dia ensolarado,
Você sabe que tenho
calado o meu coração
que anda querendo
o seu comigo colado.
Acordo noite dentro
Com você a meu lado
Na quietude da noite
O silêncio está calado
Não! Não o vou romper
Melhor permanecer assim
Às vezes as palavras
Podem ditar o fim.
O mundo calado,
É uma bela poesia para os meus ouvidos,
Mas não tão belo quanto a você,
Se você não se aceitar por isso,
Prefiro ser cego para não ver a sua beleza,
E prefiro ser surdo para não me encantar com suas palavras.
Aquele que riu de você ontem
Ficará calado amanhã
Aquele que lhe deu a mão ontem
Vai está com seu lado amanhã