Frases de Caio Fernando Abreu

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Os homens precisam da ilusão do amor da mesma forma como precisam da ilusão de Deus. Da ilusão do amor para não afundarem no poço horrível da solidão absoluta; da ilusão de Deus para não se perderem no caos da desordem sem nexo.

Acho que quem está de fora não pode condenar, condenar simplesmente é desprezível — é preciso compreender.

A todo instante lembro de quando estava tudo em aparente paz.

Pois olhe, eu só lhe digo uma coisa: Deus sabe o que faz.

Luz, fé, sintonia, para mim, para todos nós.

E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo. No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.

Sinto-me terrivelmente vazio. Há pouco estive chorando, sem saber exatamente por quê. Às vezes odeio esta vida, estas paredes, essas caminhadas de casa para a aula, da aula para casa, esses diálogos vazios, odeio até este diário, que não existiria se eu não me sentisse tão só.

Guardo o meu amor por dentro. É precioso. Pensar nele faz com que eu tenha vontade de cuidar de mim mesmo, então é bom. Guardando, guardando, feito joia. Precioso, delicado. As coisas vão dar certo. Vai ter amor, vai ter fé, vai ter paz – se não tiver, a gente inventa.

E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo.

Aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde.

Alguma coisa aconteceu comigo. Alguma coisa tão estranha que ainda não aprendi o jeito de falar claramente sobre ela.

E de repente, não mais que uma tarde quase quebrando de tão clara, você chegou na minha saudade.

Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana. Mas o que tinha, era seu. Fiquei. Você sabe que eu fiquei. E que ficaria até o fim, até o fundo.

Você foi lindo comigo. E distante. Me deu apoio, não o ombro.

É, não sei se Deus está armando uma arapuca, ou se ele realmente ficou com pena de mim.

Resulta que, dependendo de decisões alheias — e isso me irrita muito — não posso me mover. Fico até não sei quando.

É preciso entender as artimanhas do tempo: a hora certa sempre chega.

Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra.

O tempo existe, sim, e devora.

E devo dizer ainda que gostaria de vê-lo feliz, apesar de tudo o que me fez sofrer nos últimos tempos.

Caio Fernando Abreu
Uma História De Borboletas, in: Pedras de Calcutá