Frases de Caio Fernando Abreu
Viro outra vez aquilo que sou todo dia: fechada, sozinha, perdida no meu quarto, longe da roda e de tudo: uma criança assustada.
Bebi, chorei, ouvi Maria Bethânia, fumei demais, tive insônia e excesso de sono, falta de apetite e apetite em excesso, vaguei pelas madrugadas, escrevi poemas (juro). Agora está passando: um band-aid no coração, um sorriso nos lábios – e tudo bem. Ou: que se há de fazer.
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros.
Às vezes o que parece um descaminho na verdade é um caminho inaparente que conduz a outro caminho melhor.
- Estou me sentindo estranho hoje...
- Por que?
- Sei lá, hoje acordei com vontade de tudo que, com muito esforço, eu deixei de gostar...
- Cigarros? (risos)
- Também!
- Do que mais?
- Você.
Eu tinha — e tenho — um monte de coisas pra te dizer, aquelas coisas que a gente cala quando está perto porque acha que as vibrações do corpo bastam, ou por medo, não sei.
Sem pensar em mais nada, fecho os olhos para esquecer. Dorme, menina, repito no escuro, o sono também salva. Ou adia.
E se me perguntarem como estou, eis a resposta: Estou indo. Sem muita bagagem. Pesos desnecessários causam sempre dores desnecessárias.
Ver o pôr do sol e, por um segundo, sentir uma alegria enorme. Depois, uma espécie de medo sem pergunta e a tristeza crescendo fazendo nascer a vontade de morrer. Ou de viver ainda mais, com muito mais intensidade.