Jean la bruyère
Quem afirma que não é feliz, poderia sê-lo com a felicidade do próximo, se a inveja lhe não tirasse esse último recurso.
Não se deve julgar o mérito de um homem pelas suas grandes qualidades, mas pelo uso que sabe fazer delas.
O homem honrado nunca jura; contenta-se com dizer: isto é ou isto não é. O seu caráter jura por ele.
A demasiada atenção que se emprega em observar os defeitos dos outros, faz que se morra sem ter tido tempo de conhecer os próprios.
Todo o nosso mal provém de não podermos estar sozinhos: daí o jogo, o luxo, a dissipação, o vinho, as mulheres, a ignorância, a desconfiança, o esquecimento de nós mesmos e de Deus.
O ciúme nunca está isento de certa espécie de inveja, e frequentemente se confundem essas duas paixões.
É por fraqueza que odiamos um inimigo e pensamos em nos vingar; é por preguiça que nos acalmamos, desistindo da vingança.
A polidez nem sempre inspira a bondade, a equidade, a complacência, a gratidão; mas, pelo menos, dá-lhes a aparência e faz aparecer o homem por fora como deveria ser por dentro.
Até mesmo os homens honestos precisam de patifes à sua volta. Existem coisas que não se podem pedir às pessoas honestas para fazerem.