Jean la bruyère

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Se a coesão da nossa sociedade era mantida outrora pelo imaginário de progresso, ela o é hoje pelo imaginário da catástrofe.

Não é sempre por coragem e por castidade que os homens são corajosos e as mulheres, castas.

É mais fácil parecer digno dos empregos que não temos do que daqueles que exercemos.

O nosso amor-próprio suporta com mais impaciência a condenação dos nossos gostos que a das nossas opiniões.

Todos nós suportamos muito bem o mal dos outros.

A vergonha é a mais violenta de todas as paixões.

Na adversidade dos nossos melhores amigos, há algo que não nos desagrada.

É-se bem fraco quando se está apaixonado.

O ciúme é o maior de todos os males e é aquele que inspira menos piedade ás pessoas.

Se há homens cujo ridículo nunca se tornou evidente, é porque nunca procurámos bem.

O encanto da novidade e os velhos hábitos, por mais que uma coisa se oponha à outra, impede-nos igualmente de ver os defeitos dos nossos amigos.

Há por vezes tolos com graça, mas nunca com juízo.

Um parvo não tem categoria suficiente para ser bom.

O amor-próprio é o maior de todos os lisonjeadores.

É preciso possuir mais virtudes para manter a boa sorte do que para suportar a má sorte.

A lisonja é uma moeda falsa que só tem curso por vaidade nossa.

Os grandes nomes, em vez de elevar, rebaixam aqueles que os não sabem usar.

O ser humano é apenas feliz enquanto não é feliz.

Não serve para nada ser-se jovem sem beleza, nem bela sem juventude.

Por mais descobertas que se tenham feito nos domínios do amor-próprio, ainda ficarão muitas terras por descobrir.