Jean la bruyère
Minha Boêmia
(Fantasia)
Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!
O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.
Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;
Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!
Ninguém pode conceber tão bem uma coisa e fazê-la sua, quando a aprende de um outro, em vez de a inventar ele próprio.
O melhor que podemos fazer de nossa vida é empregá-la em alguma coisa mais duradoura que a própria vida.
Tem que se sair de casa para melhor querê-la e apreciá-la; os que se encerram em casa é mais para molestar aos seus e por falta de valor para lutar com os de fora.
Sai da mão de Deus que a contempla / antes de criá-la, como uma criança / que chora e ri sem verdadeiro motivo, / a alma ingénua que tudo ignora, / excepto quando, movida pelo desejo de retornar a Ele, / segue de bom grado o que a diverte.
Nunca houve criança tão amável a ponto da própria mãe não ficar satisfeita ao conseguir adormecê-la.
A experiência mostra que os homens vão sempre para baixo, que é preciso corpos sólidos para os conter.
Excelência e humildade verdadeiras não são incompatíveis uma com a outra, ao contrário, elas são irmãs gêmeas.