"A troca da Roda" Bertolt Brecht
Canção dos rebeldes cansados
Quem sempre poupou o sapato
Jamais o viu ficar com furo.
Quem nunca esteve triste ou farto
Também jamais dançou, no duro.
Se o seu sapato se desfaz
De gasto e assim como você
Foi só pra se chutar, é mais
Feliz que você, pode crer.
Pondo o pé na cova é que nós
Bailamos com mais galhardia.
Do último furo Deus sopra
A mais bonita melodia.
Esta vida é muito pouca.
É melhor cair de boca
Para não se arrepender
No momento de morrer!
Espero o pior de cada pessoa, até de mim mesmo – e raramente me enganei.
A poesia deve ser considerada como uma atividade humana, como uma prática social com todas as suas contradições, variabilidade, como historicamente dependente e fazedora de história. A diferença reside entre “refletir” e “segurar o espelho”.
O que significa, afinal, escrever? É como um moinho de vento que também pode ficar sem grãos. Mas a pessoa inteira é como um aparelho de Estado, por vezes em grande desunião, sem governo, meio devastado, incapaz de responder como um todo ao mundo exterior. Às vezes, escreve-se movido por uma certa força, e às vezes tenta-se ganhar força escrevendo.
Eu o sobrevivente
Sei naturalmente: apenas por sorte
A tantos amigos sobrevivi. Mas hoje à noite, em sonho,
Ouvi esses amigos dizerem de mim: “Os mais fortes sobrevivem.”
E tive ódio de mim.
Realmente, vivemos tempos sombrios!
A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade. Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar.
Que tempos são estes, em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes.
Pois implica silenciar tantos horrores!
O que efetivamente conta não são as coisas que nos acontecem. Mas, sobretudo, a nossa reação frente a elas.
Os meus olhos quando encontram os teus há neste momento uma efusão de troca de olhares.
Vc me olha como se eu dissesse algo que vc precisa ouvir.
Eu te olho porque gosto de quando vc me olha olhando vc.
Perco meu tempo e a cada momento assim meus olhos encontram com os teus.
Deus, o que nos prometeis em troca de morrer? Pois o céu e o inferno nós já os conhecemos - cada um de nós em segredo quase de sonho já viveu um pouco do próprio apocalipse. E a própria morte.
Fora das vezes em que quase morri para sempre, quantas vezes num silêncio humano – que é o mais grave de todos do reino animal –, quantas vezes num silêncio humano minha alma agonizando esperava por uma morte que não vinha. E como escárnio, por ser o contrário do martírio em que minha alma sangrava, era quando o corpo mais florescia. Como se meu corpo precisasse dar ao mundo uma prova contrária de minha morte interna para esta ser mais secreta ainda. Morri de muitas mortes e mantê-las-ei em segredo até que a morte do corpo venha, e alguém, adivinhando, diga: esta, esta viveu.
Um cristão verdadeiro é uma pessoa estranha em todos os sentidos. Ele sente um amor supremo por alguém que ele nunca viu; conversa familiarmente todos os dias com alguém que não pode ver; espera ir para o céu pelos méritos de outro; esvazia-se para que possa estar cheio; admite estar errado para que posa ser declarado certo; desce para que possa ir para o alto; é mais forte quando ele é mais fraco; é mais rico quando é mais pobre; mais feliz quando se sente o pior. Ele morre para que possa viver; renuncia para que possa ter; doa para que possa manter; vê o invisível, ouve o inaudível e conhece o que excede todo o entendimento
Se não for você, eu desisto. Desisto de procurar alguém, desisto de tentar amar. Desisto dos beijos sentimentais. Desisto do corpo a corpo passional. Largo de mão dos meus planos pro futuro com alguém. Desisto de tudo. Não penso mais em vida a dois e muito menos em amor eterno. Se não for você, não vai ser ninguém. É o que eu sinto agora. Sinto que não posso e não dá para viver sem você. E se não for para te ter, eu chuto o balde. Eu largo o mundo e nunca mais penso no que planejamos juntos. Passaria a desacreditar no futuro. Se não for você, eu deixo de ser eu. Se não for você, meu amor, se não for você, a minha vida deixaria de fazer sentido.
Você já entrou em uma situação que já sabia exatamente o que ia acontecer?
Mas você entra assim mesmo...
Então quando seus temores vem à tona...
Você se tortura, porque já sabia?
Mas isso é quem você é, e você fica se punindo por isso.