Buda sobre a Natureza
O homem implora a misericórdia de Deus mas não tem piedade dos animais, para os quais ele é um deus. Os animais que sacrificais já vos deram o doce tributo de seu leite, a maciez de sua lã e depositaram confiança nas mãos criminosas que os degolam. Ninguém purifica seu espírito com sangue. Na inocente cabeça do animal não é possível colocar o peso de um fio de cabelo das maldades e erros pelos quais cada um terá de responder.
Os humanos imploram a misericórdia divina, mas não têm misericórdia dos animais, para os quais são divinos.
"Poucas pessoas desejam a iluminação, que é simplesmente uma vida natural e simples. Tão natural que a paz que procuram já está no vento que sopra, no ar que respiram, na nuvem que passa, no sol que aquece, e na chuva que molha."
O duelo de Buda – quando Buda foi testado por um espírito da natureza
Um dia Sidarta Gautama, o Buda, estava no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, Índia, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de roupas brancas como a neve, e entre ambos se estabeleceu o seguinte duelo:
O Deva:
– Qual é a espada mais cortante?
Ao que Buda respondeu:
– A palavra raivosa é a espada mais cortante.
– Qual é o maior veneno?
– A inveja é o mais mortal veneno.
– Qual é o fogo mais ardente?
– A luxúria.
– Qual é a noite mais escura?
– A ignorância.
– Quem obtém a maior recompensa?
– Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
– Quem sofre a maior perda?
– Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
– Qual é a armadura mais impenetrável?
– A paciência.
– Qual é a melhor arma?
– A sabedoria.
– Qual é o ladrão mais perigoso?
– Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
– Qual o tesouro mais precioso?
– A virtude.
– Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
– Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
– O que atrai?
– O bem atrai.
– O que repugna?
– O mal repugna.
– Qual é a dor mais terrível?
– A má conduta.
– Qual é a maior felicidade?
– A libertação.
– O que ocasiona a ruína no mundo?
– A ignorância.
– O que destrói a amizade?
– A inveja e o egoísmo.
– Qual é a febre mais aguda?
– O ódio.
– Qual é o melhor médico?
– O Buda.
O Deva então faz sua última pergunta:
– O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?
Buda respondeu:
– O benefício das boas ações.
Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante Buda e desapareceu.
No contexto do sutra do coração, entendemos o nirvana como a natureza absoluta da mente no estágio em que ela se tornou totalmente limpa de todas as aflições mentais.
É pelo fato de a mente ser inteiramente pura que se diz que tem a natureza do buda.
A vacuidade da mente é entendida como a base do nirvana, seu nirvana natural.
A base do nirvana é a experiência do estado fundamental da mente como uma presença estável.
O homem implora a misericórdia dos deuses e não tem misericórdia pelos animais, para os quais ele é como um deus. Tudo quanto vive está unido por laços de parentescos, e os animais que matais já vos deram o doce tributo do seu leite, o macio de sua lã, e depositam sua confiança nas mãos que os degolam.