Brasa
VÃO
Demétrio Sena, Magé - RJ.
Há um vão
para onde todos vão...
Vai-se a brasa,
ficam casas, automóveis,
contas, câmbios e prestígios...
cinza e carvão.
Há um vão,
ninguém vai dizer que não...
Vai-se a chama,
ficam famas, nomeações,
convenções, troféus, comendas...
é sempre assim.
Será vão
desejar começo e meio,
mas querer também o freio...
lá no fim.
Lá no vão.
A saudade quando frívola queima igual ao fogo, que se torna brasa, cinza e o vento leva deixando apenas lembranças. Mas existe aquela saudade em que houve Amor, esta perdura para sempre.
Sei lá, não to normal,
Sei lá, nada igual,
Sei lá, a vida passa,
Sei lá, queima igual brasa,
Sei lá, to acabando,
Sei lá, vou me matando,
Sei lá, angustia fica,
Sei lá, quem sabe noite, quem sabe dia,
Sei lá, isso me deprecia,
Sei lá, você é fria,
Sei lá, nada mudou,
Sei lá, tudo acabou!
Ainda eu caminhado pelo vale da morte pisando em brasa ardente ferindo meus pés,em meio a tudo isso se eu chorar não se engane a dor maior é em meu coração.
Não me peça para ser brasa, pois eu sempre serei chamas.
Não espere de mim a sutileza das manhãs, pois sou os mistérios de uma noite sem luar.
Não pense que sou nuvem passageira, sou tempestade e tormenta.
Não nade achando que sou rio doce, sou águas salgadas de um profundo mar.
Sinto falta
De casa...
Da minha vida aventurada...
Dos beijos que me deixavam em brasa...
Dos contos inacabados...
Dos lugares que conheci...
Do perfume roubado...
Dos amigos que fiz...
Dos abraços apertados...
e dos amores que perdi!
Para saciar esse desejo que insiste e vive queimando dentro de mim, que arde como a brasa e pulsa como um coração descontrolado.
Nossa relação pode ter esfriado , mas meu amor continuara sempre na mais alta brasa , as lembranças boas continuaram SEMPRE ao me lado ,me fazendo companhia , enquanto eu não posso te ver e lhe tocar.
DANDO UM JEITO NA ALMA
Lembranças...
É como a marca que a brasa deixa na pele, depois de cair acidentalmente, ou não.Lembranças são poderosas!
Elas tem o poder de sustentar um amor por toda uma vida, ou apagá-lo de vez; pode devolver a vida, ou tirá-la de vez. Lembranças que fazem sorrir, chorar, ter medo, desespero, borboletas no estômago, raiva, arrependimento, desejos, ou, simplesmente, não nos causam nada.
Quem me conhece sabe que as lembraças me acompanham e costumam me monitorar, no entanto, elas me incentivam a escrever o que eu sinto de uma maneira quase concreta e abstrata.
Hoje, as lembranças me impulsionam a seguir meus sonhos, a ser persistente, teimosa, a conquistar aquilo que eu acredito e a acreditar naquilo que eu sonho.
Mas são essas mesmas lembranças que me fazem chorar agarrada ao meu travesseiro "meia-lua", que me fazem ter medo do escuro e, muitas vezes, procurar abrigo num aperto de mão, num olhar.
Todas as vezes que trilho um caminho diferente, que não sei onde vai dar, as lembranças voltam e, junto, trazem o medo. Aí, eu procuro descobrir pra onde aquele caminho vai me levar e, eu defino uma trajetória e presumo tudo o que vai acontecer e como eu devo agir.
Mas eu nunca aprendo!
Sempre que faço isso, as coisas saem do meu controle e, eu ajo impulsivamente por não saber como agir. Consequentemente, alguns sonhos ficam machucados, outros, traumatizados, e eles se escondem na gaveta do criado mudo perto da janela, no canto da minha alma.
E, eu, sem notar as suas faltas, não me importo. Às vezes, algumas pessoas se importam e perguntam por eles, eu finjo não saber, mas, no fundo, eu posso sentir o cheiro deles apodrecendo trancados ali, naquela gaveta, infectando toda a minha alma.
Sonhos são como borboletas, eles devem ser livres para pousar em nosso ombro no tempo certo.
Eu andei dando um "jeito" na minha alma.
Desde a última vez que aquele vendaval destruiu quase tudo, eu não tinha voltado lá. As janelas estavam abertas, alguns vidros quebrados e estilhaçados no chão. "...certas bençãos de Deus entram estilhaçando todas as vidraças." O vaso que ficava no cantoda minha alma estava quebrado, alguns sonhos já podres, as últimas tulipas que eu havia colocado para enfeitar a minha alma estavam no chão.
Era hora de arrumar tudo aquilo!
Já havia se passado tempo suficiente para que eu criasse força e coragem para ver o estrago que aquele vendaval havia feito. Cada caco de vidro, cada sonho, cada restinho de tulipa, me trazia lembranças de bons momentos que eu não queria ter vivido.
Os bons momentos são como anestesia, que impedem que a dor seja sentida e que nos faça ter ilusão de que não vai doer.
Os bons momentos impedem que você pense e perceba que vai sofrer, que vai ser difícil esquecer.
Varri o chão da minha alma, joguei os cacos, os sonhos apodrecso e os restos de tulipas. Troquei as vidraças, colhi outras flores e coloquei outro vaso no canto da minha alma.
Quem vê a minha alma agora, não imagina o quanto aquele vendaval feriu e bagunçou tudo o que eu havia arrumado com tanto amor.
As lembranças não me fazem esquecer. E isso é bom! Só assim eu posso dar valor a minha alma, em como é bom vê-la arrumada, com cheiro de flores e com a leve brisa entrando pelas vidraças. E, o melhor, eu não espero mais que me tragam flores, eu mesma as colho e enfeito a minha alma. Porque, para a gente se sentir bem, só depende da gente.
Sombras
Antiga brasa...
Socorro estou congelando!
Antes uma brasa incandescente,
Agora um cristal de gelo.
Estou indo para o outro lado,
E lá, já não há volta...
Temo ser frio, mas já não sou mais
como antes, quente.
Ontem eu disse que te amava,
Hoje já não sei mais,
Amanhã provavelmente te odiarei.
Não me conheço mais, ou talvez agora
eu esteja realmente me conhecendo.
Em todos os casos as sombras são tentadoras
e agradáveis, para quem realmente as conhece...
AMOR CALIENTE!
Nos seus braços sinto uma brasa a me queimar arder como chama...
Chame-me de amor caliente, que nunca sentirás sua chama apagar-se...
Se me disseres: ó amor estou carente, sua chama reacenderei...
...e de amor, morrerei nas brasas de seus braços onde sei que o que arde é o amor!
Fim de tarde no sertão
O sol se põe em brasa lenta,
tingindo a terra de alaranjado,
o céu se veste de paz cinzenta,
e o sertão descansa, calado.
A seca faz poeira no vento,
levanta murmúrios de histórias passadas;
na aridez, o verde é um lamento,
mas a vida insiste, entre rachadas.
O gado marcha, já tão cansado,
as sombras crescem sobre o chão,
no horizonte, um vulto alado,
um pássaro, em lenta procissão.
A natureza respira profundo,
cada som, um som de oração,
na quietude, se encontra o mundo,
e a beleza bruta do sertão.
É um quadro de fogo e saudade,
um instante que o tempo retém,
o fim de tarde traz a verdade
de uma paz que o sertão contém.
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