Branco
Na contemporaneidade do século XXI o mundo está cada vez mais em preto e branco, como impactantes curtos documentários de ficção. De um tempo para cá, só consigo ver as cores nas obras de arte.
Branco e preto, certo e errado, bom e mal, verdade e mentira, não cabe em mim só duas escolhas por liberdade, em um mundo de tantas cores e de tantas interpretações. Eu construo e sigo por amor a minha própria coloração.
Ainda acredito na construção imaginaria de um Grande Farol Branco nas nuvens para que durante o dia, guie os nossos sonhos e a noite mais resplandecente possa guiar e orientar os cometas que rasgam o céu e as estrelas.
Sinto me em paz por vida, quando vejo o movimento de uma única nuvenzinha branca, sobrevoando de pirraça, o imenso céu azul.
O preto é covarde quando não busca sua própria negritude assim como o branco também o é, quando se afasta da sua própria "branquitude", a cultura de cada seguimento étnico e histórico é o passaporte mais digno, para o ser diferente fortalecer sua própria identidade e encontrar sua humanidade comum dentro da imensa universal diversidade.
A vida por si só é em preto e branco mas o nosso grande desafio, é colorir nossa existência com cores vivas, amores, alegrias e felicidades.
Os seres da Amazônia, pertencem a vida da Grande Floresta em uma personalidade cultural, nativa e diferente. Sendo assim, cabe ao governo cultural federal e a sociedade, preservar, impedir que as novas tecnologias cheguem a eles e muito menos convidar como atração pura e ingênua nas terras dos homens brancos. Pois por mais que convidarmos a habitar transitoriamente em gaiolas de ouro, para tentarmos entender suas culturas, não entenderemos a essência e sua original cultura de liberdade, quando retornar, a ancestralidade, será diferente.
Me visto com retalhos de papel crepom multicoloridos, pois se vier a chuva consigo passar despercebido, com a pele de todas as cores.
Devemos sempre pacificar os brancos e suas tolas e infrutíferas idéias de manipularem a liberdade. Não conseguimos cercar os rios e pensar que eles continuaram a conversar com a flora e a fauna, sob o mesmo tom. O índio é assim, dócil e livre como toda a vida da natureza, selvagem e sobrevivente.
A boa obra de arte em preto, cinza e branco é por si a mais difícil, exige uma técnica apurada do artista entre o traço forte do desenho e o vazio, a perspectiva da figura e do fundo pelo acinzentado, com maestria para não chapar o movimento.
Resolvi te trazer
as poesias das sete
cores para fazer esta
sublime declaração,
O poema branco é
para afirmar a conexão
mais alta do coração.
Com a mesma lealdade
do Cavalo Branco
da lenda campeira,
O meu coração é um
cavalo selvagem
que espera pelo seu;
Não importa quanto
tempo demore,
O importante é que
a chama perdure
até encontrar contigo
e em nós cumprir
o quê é belo e infinito.
O Ipê-Branco cobre o chão
com o seu véu floral,
As flores caem e se emaranham
com os meus cabelos,
Repleto de encantamento
o meu olhar envolvido com o seu
convida ao paraíso secreto
com um quê de levitação e poético.
Adoçar os lábios
com Ingá-Branco,
Fazer votos lindos,
Beijar-te tanto,
Quero sem censura
contigo tocar até a Lua
e pela Via Láctea viajar
sem deixar o amor faltar.
Os Camboatás-Vermelhos
e os Camboatás-Brancos
cortejam o Céu e dão
sustentação na Terra
dos humanos que conspiram
contra os humanos
que sequer conheceram,
e contra a Criação igualmente
vivem para conspirar;
Deste mundo onde teimam
em dar como perdido,
dele eu prefiro não me retirar,
e poemas de amor tenho escrito
para um dia talvez voltar acreditar.
O Camboatá-Branco doa
a sombra poética e inspira,
Te quero com amor
e sempre com toda energia,
De longe já percebo
que me deseja como companhia
não só para um momento,
e sim para toda a nossa vida.
Feita de Guatambu-branco
a minha poesia é o meu
Berimbau romântico,
Não entro em disputa
pelo coração alheio,
Porque só desejo aquilo
que vem espontâneo,
Como mulher conheço
o meu lugar e tamanho,
O amor quando virá
não trará desengano,
não será passageiro
e com o mesmo plano
estaremos embarcados.
O Rabo-branco-cinamôneo
foi ao encontro do Sol,
O poema é o fenômeno
do tempo que não se detém,
Ninguém é o tempo todo refém.