Branco
Aproximei o rosto até o papel branco. O cheiro familiar de biblioteca entrou nos meus pulmões fulminando; uma devastadora alegria me dava um frio na espinha. Era o odor que até o famoso estilista Karl Lagerfeld tentava reproduzir em perfumes, para mostrar a paixão de todos os seres pelo papel.
As folhas em branco
Preenchem o vazio persistente
Em habitar o meu ser;
Vazio deixado por você;
Quase impossível preencher;
Uma falta que sufoca;
Na esperança da sua volta;
Rabisco folhas, contando histórias;
Vívidas com você.
No fascínio do teu ser;
Meu eu se perde em teus encantos;
Revejo teu rosto em cada canto;
Meu coração despedaçado, cai em pranto;
Revivendo memórias contracenadas com você.
Escrever sobre nós dois, é a forma diferente de te ter: sem nada exigir, sem nada de te ter, basta apenas uma folha, em segundos, sem perceber, ao meu lado está você.
o ápice de um sentimento
sentado na frente de um papel em branco
procuro em meio a um escasso vocabulário
totalmente desprovido de explicações técnicas
expressar através de batidas de um teclado alfabético
de maneira que todos possam compreender
o que estou sentindo por ti nesse momento
só me vêm em mente imagens tuas
frames de um vídeo real que capturei com o olhar observador que possuo
cada centímetro do teu rosto aparece-me com uma nitidez absoluta
como uma casa onde moramos há décadas
e sabemos de cor, até mesmo no escuro, onde fica cada detalhe
assim vejo teu rosto, teu corpo, tua alma
as minhas três principais moradas
e eu que sempre fui caseiro
quero permanecer isolado dentro de ti
até o fim dos meus dias
sair dessa casa significaria morte
talvez eu consiga tocar o coração do leitor destes versos
provando pra ele que meu amor por ti
ultrapassa qualquer possibilidade de tradução pela mente humana
é como passar a ter duas vidas
como se nossos corações fossem permanentemente ligados
e bombeassem amor ao invés de sangue
cada poro do meu corpo tem teu nome desenhado
cada grau evolutivo da minha alma
passará a ter resquícios da tua passagem por ela
daqui mil anos
qualquer coisa como reencarnação do que sou hoje
continuará a ter visões de um olhar feminino
o ser que por aqui estiver vestindo minha alma
não terá a mínima noção do que se trata
mas terá o amor, desde sempre, impregnado dentro de si
e se tu também estiveres vagando por aqui
qualquer coisa como Deus
fará que nos encontremos novamente
e no primeiro momento
nos reconheceremos
meu amor por ti não é desse mundo
não é dessa vida
não é carne nem rosto
nem olhos nem boca
é intangível
é inexplicável a nível visual ou alfabético
mas em se tratando de “tempo”
meu amor por ti é eterno
em se tratando de “tempo”
não me resta dúvida alguma
de que meu amor por ti
existe desde sempre
Que a vida tenha todas as cores; colora-se! e pare de enxergar somente o preto e o branco.
Nara Nubia Alencar Queiroz
Havia um Negro, negro
e um branco, branco
o negro fazia, negro, negro, negro.
E o branco fazia, branco, branco, branco
e chegou um negro , negro Martin
Com um i have i dream, Dizendo:
Eu tenho um sonho onde, onde!
existe um caminho que o branco
e o negro caminhem de mão dadas.
enquanto o negro Fazia as coisas
negras e claras, e branco só fazia
Branco, Branco!, Branco!
Enquanto o MARTIN falava da maior
demostração de liberdade e união que
entraria para a historia deste pais.
Porisso sou Negro!, Negro!!, Negro!,
Fazendo coisas claras Muito Claras! Claras!!,
Claras!! neste Pais.
"A vida é cheia de contratos em branco, onde as principais cláusulas são escritas nos momentos mais difíceis".
Um dia
Um ser de luz nasceu
Numa cidade do interior
E o menino Deus lhe abençoou
De manto branco ao se batizar
Se transformou num sabiá
Dona dos versos de um trovador
E a rainha do seu lugar
Só existe o certo e o errado. Não existe cinza entre o preto e o branco. Alguém que procure brecha moral numa coisa que é logicamente errada, simplesmente procura cobertura para fazer algo que a própria consciência abomina sem que se sinta tão culpada.
A sua fé é uma folha em branco... E Deus não desenhará o seu mapa; apenas irá te livrar dos faróis vermelhos, e radares (...).
OUTRA CANTIGA DE CIRANDAR
Fui à Espanha
Buscar meu chapéu
Azul e branco
Da cor daquele céu.
Mas na Espanha
Não encontrei ninguém
Que dissesse onde estava
O chapéu do meu neném.
Olha palma, palma, palma.
Olha pé, pé, pé.
Olha roda, roda, roda,
Caranguejo peixe é.
Bati palma, palma, palma,
Finquei pé, pé, pé.
Dancei roda, fiz ciranda,
Para ver meu bem me quer.
Samba, crioula,
Que vem da Bahia,
Pega a criança
E joga na bacia.
Mas tem cuidado
E carinho com meu bem.
Ele é o meu amado
E outro igual ele não tem.
Nara Minervino
Acordei negra na cor com branco de paz
Acordei com manchas do mal de um mundo fugaz
Acordei com peso a mais
Acordei com peso desses fatos
Acordei armada com esperança de outros atos
Sonhei que nada tinha peso, mundo leve
Onde o bom não era breve
Nada era irrelevante não havia figurantes
Nem se quer existia algo em processo
Mas aí, acordei no inverso
ESPAÇOS EM BRANCO (soneto)
No inverno do cerrado, seco, desbotados
meios tons desalentando o olhar, suspiros
a vida na acinzentado pousa baços retiros
que no vário tecem baralhados bordados
Ao fim do dia, o tardar e ventos em giros
tudo se perde no abstrato e, são levados
aos amuos incógnitos, e tão rebuscados
dos balés rútilos dos voos dos lampiros
Há em toda parte fumo nos vazios atados
vago, cada passo, e pelos ipês quebrados
em colorido breve, e cascalhado barranco
Os tortos galhos tão secos e empoeirados
traçam variegados em poemas anuviados
pra assim versar, os espaços em branco...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, agosto
Cerrado goiano
Quando se tem depressão tudo o que se gostaria de ver é visto em preto e branco, e o que não se gostaria, em cores.
Bem-vinda(o)
Bem-vindo ó nórdico
Bem-vindo ó sulista
Bem-vindo ó branco
Bem-vindo ó negro
A porta está aberta!
Bem-vindo ó oriental
Bem-vindo ó ocidental
Bem-vindo ó pensador
Bem-vindo ó sábio
A porta está aberta!
Bem-vindo ó ancião
Bem-vindo ó jovem
Bem-vinda ó mulher
Bem-vindo ó homem
A porta está aberta!
Bem-vindo ó monge
Bem-vindo ó mago
Bem-vindo ó amante
Bem-vindo ó solitário
A porta está aberta!
Bem-vindo ó farto
Bem-vindo ó necessitado
Bem-vindo ó cooperador
Bem-vindo ó benéfico
A porta está aberta!
Ela somente fecha àqueles que não sabem dizer:
Bem-vindo!
a vida não é um seguro quarto branco, ela tem cores como um quadro que é preciso colorir, que é preciso riscar e arriscar.
UM POEMA DE AMOR (soneto)
Onde escrever um poema de amor
Se branco está o papel sem pauta
E é preciso senti-lo sem sugar dor
Falando das partes sem sentir falta
Quero escrever um poema de amor
Rima-lo tal a poesia da luz da ribalta
Com acordes tão suaves de uma flor
E o perfume da cor duma doce flauta
Quero torná-lo cada vez mais viçoso
No silêncio de estar eterno amoroso
Sereno, para a longa noite do mundo
Onde escrever este poema carinhoso
Sentindo circular num verso desejoso
Expressando este tal amor profundo
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto de 2017
Cerrado goiano
Você tem que declarar a sua cor, se você "brasileiro", se considera negro, branco, amarelo... depois, diante a sua situação, você tem que declarar pobreza... Diante a todas as situações que se passa em sua vida, vão lhe fiscalizar, para saber o quanto você é negro e pobre!
Em cada quadrado, um verso...
e no branco a paz reluz,
os dedos da poetisa tricoteia o tecido
sem ter sido premeditado o amor à arte!