Borracha
O menino que não tinha borracha
Ele molhou o dedo na língua e tentou apagar o escrito esfregando o dedo como se fosse uma borracha, mas, infelizmente, não conseguiu apagar e, pior que isso, acabou furando o papel.
A professora, que tinha assistido aquela cena, falou:
_Vou dar um presente pra quem me trouxer uma folha furada.
_Que sorte! _ gritou o menino. E levou sua folha pra professora ver.
_Você ganhou! Disse a professora.
E adivinha qual era o prêmio? ...Uma borracha.
Até hoje não se apaga de sua lembrança aquela borracha e seu maior presente: a professora.
Lá estava ele, brilhando em toda sua plástica glória, um labirinto de fios de borracha e inteligência eletrônica tão avançada, que nem era considerado um videogame, mas um sistema de entretenimento de 8 bits.
Não existe culpa, quando insistimos em um amor decadente !
A borracha, que se passa na mente...
... não apaga, o que o coração
sente !
Com uma Borracha
As minhas lembranças são tantas,
Mas infelizmente algumas foram esquecidas, com um simples passar de uma borracha...
Há coisas que nem sequer eu lembro mais.
Talvez era pra esquecer.
Talvez eu não precise delas.
Mas eu às adoro tanto.
Minha vida está em minhas lembranças.
Momentos que se eternizaram em mim.
Queria vivê-las de novo...
Mas não posso às trazer de volta,
Porque foram esquecidas...
Com um simples passar de uma borracha...
Você acorda um dia e promete viver tudo intensamente outra vez. Resolve passar a borracha em coisas que por muitas vezes foram jugadas inapagável. Então você se esforça. Sofre calada. Engole em seco e no final você sucumbi perto de quem permaneceu ao seu redor por achar que você estava pronta. Então o remédio é continuar sofrendo até o final? Não. Tem dores que só o tempo é capaz de curar e pular essa etapa pode ser tão perigoso quanto se jogar de um prédio de 40 andares, porque a diferença será causada apenas pela velocidade do impacto e nada mais.
Então tem dias que você acorda indisposta, e a única vontade que habita em seu coração é a de permanecer aprisionada no escuro daquele quarto. Algo angustiante. Triste. Solitário e Preocupante... As lembranças te fazem chorar outra vez e cada lagrima derrama parece transparecer todo sofrimento escondido dos olhos de quem está ao seu redor. Você passa mão sobre o rosto e conforma seu coração com a vontade interna de fugir de tudo aquilo. Esse é o gatilho para pular para a outra fase... Você aprende que mentir machuca. Esconder machucar. Trair machuca. Amar machuca. Deixar Machuca... Tudo vira lição e assim você se sente finalmente preparada para seguir e errar outra vez caso seja preciso.
A vida não tem uma borracha onde se apaga as atitudes, e como um lápis também não dura para sempre.
As ações do homem são como bolas de borracha
Quando batem no alvo sempre voltam
às mãos de quem arremessou
Desenhava seus traços em papel
no seu caminhar, mas depois que se foi
Eu consegui uma borracha e apaguei
o seu caminho para que o seu desenho
não se fosse também...
Nascemos com três objetos, um papel, uma caneta e uma borracha.
O papel representa nossa história, a caneta, nossas ações e escolhas. Usamos a caneta para escrever nossa história, porém temos a borracha que serve para apagar o que já foi escrito, mas não dá para apagar o que foi escrito pela caneta, então para que serve a borracha?
EM CORREDOR HOSPITALAR
Hoje em corredor hospitalar, sobre o deslize e som rangido de borracha cilíndrica sob o chão, de idade de respeito e com olhar longe, mas simpático, onde os cabelos brancos por todo, cobrindo uma vida de histórias, entre as alegrias, tristezas, dos amores e desamores, a avó sentada, levada pela assistente suporte, foi-lhe questionada sobre a presença de um homem, homem este, sobre ondas de lisos fios de cabelos brancos, de igual idade de respeito.
Sabe quem é este homem? Questionou a assistente.
Sob uma trémula e doce voz, disse ela: Não me lembro, não sei de quem se trata..
Aos meus passos, e sob curiosidade expontânea, abrandei, e pude ouvir…
É o Zé, o teu filho…
Naquele momento, a emoção escalou sobre o meu corpo, e sob olhar úmido, mas de cabeça firme, senti, senti, bem, no fundo a dor de não nos lembrarmos de quem um dia, tanto amor transbordamos, tantas lembranças nós criamos, e tanto carinho dedicamos.
Foi hoje…exatamente hoje…
Em um corredor hospitalar .
07/07/2023
Felizes, são os que não dão à borracha, o atributo da finitude e da fatalidade, mas corajosamente, apoiam o antebraço na mesa nova, enxugam o suor da mão no mesmo lenço que enxuga as lágrimas; segura a pena com a mão combalida e trêmula, podendo reescrever a sua própria história. O que seria do artista se não houvesse rascunho?