Bordado
A vida é um processo gradativo... É como um fino bordado, onde cada um vai tecendo e colorindo seus caminhos tentando evitar os fios negros da maldade.
A filosofia que deténs pode fazer algo por ti: tecerá um pano bordado a ouro e pedras preciosas, faz um lindo boneco recheado de trapos. Para que surja o renovo, tens que abrir uma costura, esvaziá-lo, virá-lo do lado direito e fechá-lo vazio. Deita-o sobre a tua cama e continua a reflexão com sobre a origem de cada trapinho dentro do boneco. À medida que conheces a história deitas cada trapinho no lixo. No final de algum tempo, descobrirás um recheio precioso, moderno, completamente actualizado para encheres o teu boneco. Não deste conta do tempo que passou; quando entrares no quarto com o novo recheio, o teu bonequinho terá desaparecido e no seu lugar estará um lindo bebé de carne, de olhos grandes que chamará: “Mamã! Papá!”.
Hoje o céu
está carregadinho de estrelas,
eu olho para ele como se fosse um tecido
bordado todo com lantejoulas
e agradeço por tudo
aos seres do infinito.
Bordado em esperança
Da janela da esperança
meu coração alcança
a tua chegada
Chegada tão esperada
Chegada tão abençoada
De portas abertas o coração
palpita e apita e repica
o sino que celebra
a tua entrada
entrada bordada na alma
A alma reconhece
Em prece agradece
(re)tece o fio da meada
fio em esperança
O amor é uma máquina de costura com necessidade de manutenção diária. Aliás, é um bordado bem dado. Uma mão que sabe fazer tricô. Verdadeiramente quantas pessoas tricotam com desenvoltura? Pois é, poucos sabem coser entre agulhas e linhas sem tanto se enrolar, sem tanto se ferir.
O tapete
Ao capricho da tecelã,
o tapete é bordado.
E os desenhos são feitos ,
conforme o capricho e o nós
da tecelã.
A cada ponto; uma oração.
A cada desenho. Uma dança
Feliz que deixa saudade,
Quando separado por novos desenhos,
E cores que comporão o tapetes,
Com novos nós. Que irão separar
Por espaços. Ao capricho da tecelã.
E o cortar da tesoura.
Novamente se encontrando em novo,
Desenho. As linhas que guardaram
Saudades daquele encontro anterior.
Entrelaçar-se-ão novamente.
Ao capricho da artesã.
E poderão expor-se novamente ao
Esplendor. Daqueles que as enxergam,
Em novo desenho que será bordado.
Os pontos que ficaram amarrados por detrás,
Do tapete. Poderão um dia se encontrarem
Para formar novos desenhos em nuances de cores
Bonitas. Que deixarão novamente saudades.
Ou poderão separar-se por espaços distantes.
Ao capricho da tecelã. Que nunca para o seu tear.
São tantas linhas cingidas em diferentes
Espectros de cores. Que: quando se juntam,
Em diferentes desenhos e nós.
Abrilhantam e fascinam o olhar,
De quem as observam.
E provocam o desejo intenso, de se amarem
Também naquele desenho.
Mas ao capricho da tecelã.
Os desenhos e pontos. São realizados.
Rezados e bordados, onde só o mosaico,
Só pode ser visto, pelo lado de fora do tapete.
Se aquelas linhas vão se encontrar novamente.
Só o espaço de tempo irá dizer.
E: irão se lembrar novamente?
Não se sabe.
Tudo ao capricho da tecelã.
Um bom encontro de fios.
Que formam, um esplendoroso desenho.
Deve ser celebrado e rezado com intensidade.
Porque não se sabe. Quanto espaço, os fios
Irão encontrar-se novamente. Para comporem
Aquele desenho que deixou saudade.
Ao capricho da tecelã.
Marcos fereS
Toda Manhã
Bem antes que amanheça
E a Noite tecelã
Recolha o bordado de estrelas
Um Ar com aroma de hortelã
Me invade o nariz
Noite escura ainda
Puro breu
de vela que não se acendeu
Sucumbe aos Sóis que nascem
E a contagem dos dias progride
Toda noite
Páira-me sobre a cabeça
Uma lanterna acesa
A vida carrega nas ondas
O velho frescor da framboesa
O vento leva
As flores laranjeiras
O tempo vai passando
Quarta, quinta, sexta-feira
Um dia qualquer
Duma manhã à toa
Passou-se
A boa vida inteira
TECITURAS
Eva tecia em folhas de figueira
Penélope seu longo bordado
As vozinhas costuravam em máquinas onde brincávamos de dirigir
Época em que agulha e linha da vida faziam parte
As mãos teciam
Enquanto a gente fazia arte
Ah! Pena que quase tudo isso acabou
Deixe eu terminar de tecer essas palavras
Vou aliavar esse poema
Antes que nos roubem isso também.
"Não basta se amar...
É preciso beber da fonte do discernimento,
Para um viver bordado de encantos."
chegou a hora de
remendarmos
os tecidos
de um corpo rasgado
de um coracao bordado
de uma alma suturada
de uma boca costurada
do sangue mal estancado
das cicatrizes que ficaram
no corpo marcado
pela tesoura da vida
que vem e me corta
contorna o meu avesso
me atinge a borda
me tira o sossego
me incita o medo
de me cortar
mais uma vez
a milésima talvez
sem anestesia
a sangue frio
e a carne treme
de dor e de frio
só uma manta de retalhos
pra me aquecer
só um bordado
pra me enfeitar
só agulhas, linhas e tesouras
pra me refazer
só os sonhos e o amor
pra me darem vida outra vez!!!
BORDADO DO BEIJO
O beijo é uma bela poesia...
Que duas bocas constroem
com rima, libido frenesia
na anciã que nunca dói.
Estrofes que galgam liberdade
para o lampejo do desejo voar
enchendo corpos de felicidade
e sentimento de calhííente amar.
O beijo dedilha, fulgor da chama
e de um, sustenido chamego
em dois corações que se ama
trocadilhos de íntimos desejos.
O beijo molhado na boca
afoga a tímida timidez
borda no corpo notas locas
enterrando a sensatez.
Antonio Montes
vivo no meu céu
no meu sonho
no meu quadrado
no meu bordado
na minha nuvem
no meu jardim
no meu lar
no meu coracao
no meu amor
no meu canto
no meu pranto
na minha emoção
no meu caminho
no meu carinho
no meu pensamento
no meu sentimento
na minha prisão!!!
Sou o avesso da história, sou a roupa deixada de lado, sou o bordado em seus cabelos, uma paixão que arreda a cama, um louco perdido, no manicômio desse amor, para muitos disrítmico, para mim encantador...
PENEIRA SOPRADA
De pano de saco,
um bordado... Ponto cruz
no bastidor, ponto de marca!
Feitos perdido no tempo...
Um fim no convivo das matriarcas.
Uma casa beira chão,
no terreiro...
Galinha cheiro-verde pimenta
... Home, homem... Soque pilão!
Mas não sopre a peneira,
com a sua venta.
Antonio Montes
" E a mesa posta, a casa limpa, o vestido bordado. Agora o cheiro das flores que murcharam na chita do vestido lavado. Agora esse café frio, uma das taças intacta, o vinho pela metade.
E ela contando sua coleção de esperas, crepúsculos e cartas rabiscadas em guardanapos."
Ela
tem no céu da alma
um festim bordado
de
flor .
Feito menina
faceira que
a sua maneira
tece
um jardim com
sonhos em
cor .