Boémia
Minha Boêmia
(Fantasia)
Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!
O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.
Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;
Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!
moinho de versos
movido a vento
em noites de boemia
vai vir o dia
quando tudo que eu diga
seja poesia
Boemia
Ser boêmio não é simplesmente tocar, cantar em noites de chuva,
Saber criar poesias doces ao encontro do amor,
Ser boêmio é amar na verdade de estar consciente,
É fazer o bem, plantar a semente, transformar a arte em eterno esplendor.
Boemia é o convite da noite para uma dança,
Embriagar-se de esperança.
Fazer do comum o artista apoteótico,
embora sórdida a realidade,
prevalescer a inspiração da saudade.
O boêmio é aquele que sofre com a dor da partida
Transforma a chegada sempre bem-vinda,
conquista os amigos com gratidão.
Boemia imita a realidade,
traduz a bondade, enfim,
amigos e irmãos.
Ouse aquele que não se deixe levar pela emoção,
tentar demonstrar a bela paixão,
como pedra batida bem fixa ao chão.
Quem não quiser demonstrar seus sentimentos,
Abrilhantar os melhores momentos,
Ficará distante da emoção.
Sentir a inspiração da boemia é como ouvir uma melodia
cantada com prosa, verso e paixão,
Unir os amigos em torno da arte,
Fazê-los contentes pela amizade
Curtir, amar, dividir a ocasião.
Rapsódia Boêmia
Isso é a vida real?
Isso é só fantasia?
Pego num desmoronamento
Sem escapatória da realidade
Abra seus olhos
Olhe para os céus e veja
Eu sou só um pobre garoto (garoto, garoto)
Eu não preciso de compaixão
Porque eu fácil venho, fácil vou
E possuo altos e baixos
De qualquer jeito o vento sopra
Nada realmente importa para mim, para mim
Mamãe, acabei de matar um homem
Pus uma arma contra sua cabeça
Puxei o gatilho, agora ele está morto
Mamãe, a vida acabou de começar
Mas agora eu joguei tudo isso fora
Mamãe, oh!
Não foi minha intenção te fazer chorar
Se eu não estiver de volta a esta hora amanhã
Continue, continue
Como se nada realmente importasse
Tarde demais, chegou minha hora
Sinto arrepios em minha espinha
Meu corpo está doendo todo o tempo
Adeus a todos, eu tenho que ir
Tenho que deixar todos vocês para trás e encarar a verdade
Mamãe, oh! (De qualquer jeito o vento sopra)
Eu não quero morrer
Às vezes eu desejo nunca ter nascido!
Eu vejo a pequena silhueta de um homem
Palhaço! Palhaço! você dançará o fandango?
Raios e relâmpagos me assustam muito, muito
Galileo! Galileo!
Galileo! Galileo!
Galileo figaro!
Magnífico, oh!
Eu sou só um pobre garoto e ninguém me ama
Ele é só um pobre garoto de uma família pobre
Poupe sua vida, desta monstruosidade
Fácil venho, fácil vou , vocês me deixarão ir?
Em nome de Deus! Não, nós não te deixaremos ir! (Deixe-o ir!)
Em nome de Deus! Nós não te deixaremos ir! (Deixe-o ir!)
Em nome de Deus! Nós não te deixaremos ir! (Deixe-me ir!)
Nós não te deixaremos ir! (Deixe-me ir!)
Nós nuca não te deixaremos ir!
Nunca! nunca! nunca me deixarão ir, oh!
Não, não, não, não, não, não, não!
Oh, meu Deus, meu Deus! Meu Deus, me deixe ir!
Belzebu, tem um diabo reservado para mim, para mim, para mim
Então você acha que pode me apedrejar e cuspir em meu olho?
Então você acha que pode me amar e me deixar morrer?
Oh, amor! Você não pode fazer isso comigo, amor!
Só tenho que sair
Só tenho que sair logo daqui
Oh, sim! Oh, sim!
Nada realmente importa
Qualquer um pode ver
Nada realmente importa
Nada realmente importa para mim
De qualquer jeito o vento sopra
Minha saudade tem a música
de Cazuza na vitrola
Tem o samba da
boemia de Cartola
Um quadro de um riso lindo
na memória
E o vazio de um tempo bom
que foi embora .
Vivo a boemia, a penumbra dos misteriosos bares de paredes pretas com escadas em madeiro, de bar em bar; noiteio. Mesmo que eu seja visto debruçado sobre mesas de biroscas, sarjetas, varandas velhas e latas enferrujadas de violetas. Onde o devaneio voa, em uma vida à toa. Assim detenho o despertar das novas razões do ser livre.
Saudades que tenho
Dos tempos de boêmia
As ruas desertas na madrugada
violão no ombro, assovio no canto...
Ah! Como vale lembrar
Naqueles tempos em que
se andava tranquilo
Era só a solidão... E a lua!
Hora extra de poeta se chama boemia, meu bem! Estou indo pro escritório rabiscar versos em guardanapos...
Inevitável
E essa tal boêmia
que vai acabar
por me matar
um dia
junto com os
angustiantes versos
de líricas poesias.
Fazer da boemia uma arte, uma tese, um estudo.
Não existiria poesia se não existissem purificações alcoólicas da alma.
A Volta do Boêmio
Nelson Gonçalves
Boemia, aqui me tens de regresso
E suplicante te peço a minha nova inscrição.
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria; me acompanha o meu violão.
Boemia, sabendo que andei distante,
Sei que essa gente falante vai agora ironizar:
"Ele voltou! O boêmio voltou novamente.
Partiu daqui tão contente. Por que razão quer voltar?"
Acontece que a mulher que floriu meu caminho
De ternura, meiguice e carinho, sendo a vida do meu coração,
Compreendeu e abraçou-me dizendo a sorrir:
"Meu amor, você pode partir, não esqueça o seu violão.
Vá rever os seus rios, seus montes, cascatas.
Vá sonhar em novas serenatas e abraçar seus amigos leais.
Vá embora, pois me resta o consolo e alegria
De saber que depois da boemia
É de mim que você gosta mais".
São Paulo, a cidade que nunca dorme... Aqui tudo acontece: vida louca, vida boêmia, vida corrida, vida badalada... enfim, cidade cinzenta, selva de pedra, contraste de cores e sabores... gastronomia rica, prédios exuberantes e de monumentos gigantes... São tantas belezas e riquezas que chega dar medo!
Descubra meu lado alcoólatra, boêmia, leve, filosofa, critica. Divida comigo uma mesa de bar e vamos falar do mundo enquanto peço mais uma para o garçom. Não se acanhe, não precisa sussurrar, pode gritar que o lugar lhe permite. É, é isso mesmo, arraste uma cadeira, peça mais um copo e conte sobre as desilusões da vida. Que isso joga o relógio pro lado, desliga o telefone, esquece do mundo, bebe mais uma ai, solta um sorriso e vamos conversas devaneios até o sol raiar. Senta aí, aqui é o melhor lugar do mundo pra gente se encontrar.
Quero para o futuro a boemia e a nostalgia das madrugadas.
Um estado de mente desprotegida, não devastada.
A morte por assassinato aos 98, quase sóbrio,
Por causas incontroláveis duma amante amada.
(A. VALIM)
Do que me adianta a boêmia dos domingos de verão, se o álcool perdeu seu efeito quando eu me perdi de mim?
Do que me adianta a química a abrasar minhas entranhas, se a vida por conta própria tornou-se uma distópica alucinação em carmim?
Do que me adianta a fumaça, o trago, a catástrofe, se meus pulmões insistem em resistir a este fim?
Do que me adianta a retalhação da derme, se eu sei que a vida vai cicatrizar e mais uma vez me matar ao fim?
Do que me adianta a fuga, se até o valhacouto atirou suas culposas paredes, em pura fúria, contra mim?
Agora à procura de redenção, eu prometo e ponho assim minha honra em jogo. Prometo não mais ser feliz, se isso custa o ar de quem antes dissera ficar, mas nunca me contara sobre sua incapacidade de respirar. Prometo não mais amar, se isso custa o conforto de quem antes jurara não se incomodar. Eu, tolo pássaro, sei que nunca poderia voar, mas ainda assim quatro vezes quebrei minhas asas ao tentar, e há uma única coisa que não posso prometer, algo que não me atrevo a jurar, não posso dizer que por uma quinta vez, não voltarei a quebrar.
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