Boca
Visão deslumbrante
que dilata meus olhos,
esconde-me as palavras
calando-me a boca
e pra meu semblante, dá fala.
Quando estiver nublado, basta lembrar
Do céu da tua Boca,
Do Brilho das Estrelas No teu Olhar,
Do teu Sorriso que ilumina o dia como Sol
e a noite como um belo Luar.
SINASTRIA
Lua em Câncer
Coração banhado em Sol
Saudade alinha todo
Aguadouro dos meus olhos
Nessa sede que já
Secou a boca
Falei sem pensar
e a palavra soou sem estar oca.
Já era passado e a palavra presente
era um eco, quando pensei.
O futuro resulta do pensamento e da fala;
depois que falou, a palavra não se cala.
Forma-pensamento foi o que eu gerei...
Mais cuidado terei com o poder da mente
e mais ainda com o que sai da boca;
com muito peso falei, já sinto o meu pesar!
O batom vermelho de uma mulher
nunca será igual ao batom vermelho de outra
o batom reflete o vai na alma
e não a cor que ela passa na boca.
Quando estou lendo,
meus olhos transformam-se
em uma boca degustativa,
meu cérebro vira estômago,
meu coração é os meus rins,
filtrando as ideias como um bom amigo;
para depois favorecer uma boa reflexão.
Se proibirem o poeta
com a sua escrita
de desabafar
os versos
seus.
Seu pensamento
Vai escrever
Tudo no tecido do coração
E a boca em voz nobre fará uma declamação!
"Da boca pra fora o discurso é lindo. Já na prática, máscaras caem... Não dá pra atuar o tempo todo, uma hora o show acaba"
Da casa
Morei numa casa,
Feita de cal, madeira e planta.
Tinha facho de velas,
E raios numa porta debruçados.
Minha mãe nos ensinava,
A fazer um pão chamado sonho.
Por vezes tínhamos que fermentar com mais vigor.
Mas por fervor ou insistência, crescia.
Nessa casa se contavam estórias.
Como a luz que ficou presa na sombra,
Até que o vento a libertasse.
Ou da lagoa que desaguava no mar,
Porque ele por ela estava encantado.
Tinha uma que ninguém entendia.
Revelar-se-ia mais tarde na travessia.
Era de uma voz que somente se ouvia,
No agudo silenciar, tomado na profundeza.
A casa inda lá continua.
Minha mãe ajuntou-se noutro tempo.
Só agora, enxertado de silenciamentos, aquela voz ecoa.
Abre-se na boca do menino que se avizinhou da saudade.
Carlos Daniel Dojja
In Poemas para Crianças Crescidas
"...Amanheço-me, de tua pele.
Anoiteço-me de tua boca.
Desperto-me, se me deixas o tempo.
E porque rasgamos o silêncio,
tua palavra ventre, me nasce..."
Carlos Daniel Dojja
In Fragmento Poema Amanhecimento.
Querida, a primeira vez que te vi, fiquei te querendo bem. Com minha boca calada, sem falar nada para ninguém.
Eu tô com pressa, vontade louca
Tô decidido a beijar sua boca
Desejo desses, tá pra nascer
Eu só senti essas paradas por você
A boca da noite
Na boca da noite, ao entardecer,
As cigarras começaram a cantar,
E o vendo soprava sem para.
Naquela cidade calma e vasta,
o silêncio tomava conta de lá,
E no céu uma grande Lua,
Que iluminava as noites de lá.