Boas palavras
Pais que matam seus filhos, crianças que se calam em túmulos caiados. No funeral, lá estão eles: os pais de ferro enferrujados. Como carrasco de arma erguida, choram semelhante a um ritual ensaiado.
Coronavírus... É impressionante quantas coisas triviais levamos a sério. Sejamos despreocupados, não descuidados.
Coronavírus: fique em casa! Virei as costas para o lamento de mil vozes. Agora, com o corpo em chamas, me afogo no ar seco.
Coronavírus: enquanto eu trabalho, discuto com a saúde. O seu valor só é reconhecido, quando descobrimos quem é que não depende do outro.
Coronavírus: lá fora está um caos, enquanto eu observo e repouso no refúgio do corpo, no refúgio do espírito, no lar de cura.
Coronavírus: é com muito conhecimento, do que está se passando lá fora, que dentro de casa se planta virtude e aflora humildade.
Coronavírus: a vida está passando por longa e silenciosa mutação, e o que mais escuto são murmúrias e lamentações.
O coronavírus sacudiu o homem que jamais buscou saber de onde veio e para onde vai. A pandemia penetrou no âmago de atitudes e crenças que mudaram a verdade absoluta, substituindo-a por mitos. A cegueira e a surdez fizeram muitas vítimas pelo caminho.
Um vendaval invadiu o ar com o sopro da morte, para refletir o valor da união. O poder da escolha é absoluto. O inimigo, desconhecido, nos faz caminhar na escuridão, onde o descuido pode ser uma viagem sem volta.