Boa noite
Lentamente, o tempo constrói com fios de ouro um reluzente ninho de estrelas em cima dos galhos das horas; onde pequenas estrelas azuis aguardam o cair da noite para voar no negro céu.
O dia é como um lago correndo às margens do tempo: às vezes, lento, manso, outras vezes, impetuoso como um cavalo selvagem em disparada e, nós nunca sabemos ao certo qual terreno ele percorrerá ou os obstáculos que terá que transpor em seu percurso. Sabemos apenas que ao final da tarde ele deságua sereno no mar de cores que prenuncia a noite, para se deitar na eternidade coberto por um reluzente manto de estrelas.
O dia adormeceu silencioso como ave calma no ninho.
O coração da noite pulsa nas trevas, enchendo o céu de estrelas.
Ao longe pássaros sonâmbulos pipilam em coro a oração sagrada da noite.
Minha letárgica percepção desliza suavemente entre sombras escuras sem rosto, enquanto sou absolvida de mansinho pelo sono.
Poucas coisas são tão reconfortantes quanto a paz de uma mente tranquila buscando na serenidade da noite o aconchego do sono.
Que a noite envolva a tua alma no seu manto aconchegante de paz enquanto as estrelas embalam teu sono e afagam teu coração propiciando-te um sono tranquilo e reparador.
Assim que as primeiras gotas de sereno escorrem pela vidraça do tempo, o maestro do universo avisa que a noite vai começar. Ouve-se, então, de norte a sul do firmamento o eco do silêncio ressoando nas notas da paz. Plácida a vida se aquieta para receber o beijo da noite e ouvir a sua melodia nostálgica.
Que ao final de cada dia eu possa olhar para trás com aquela paz que somente o dever cumprido traz; com a certeza de que mesmo que eu não tenha sido perfeita em tudo eu fiz o mais perfeito que era capaz de fazer; com a gratidão que o universo espera de mim e a esperança que o dia que virá merece.
Que ao anoitecer eu feche a porta do dia com a tranquilidade de quem sabe que tem um pai zeloso velando meu sono, abençoando minha noite e guiando meus sonhos por caminhos de luz.
Mesmo após o sol já ter nascido a noite não terminou. Taciturna e preguiçosa e sem nenhum compromisso com o tempo vai se arrastando lentamente pelos ponteiros do relógio, bocejando saudades suas.
Sinto sua presença me rondando no meio da noite, se esquivando das lacunas que te espelha, escondendo-se dos olhos que te reflete na escuridão.
De repente a noite iluminou-se, não sei se pelo brilho das estrelas, ou a luz do teu olhar que deslizava atrevido pelas curvas do meu corpo nu.
No final da tarde todas as cores se misturam e, desse suposto caos de nuances surge a noite, elegantemente vestida de negro.