Bipolar
- Quem é você? Com um abraço quente e suave, mas palavras tão duras e afiadas. Que me acaricia delicadamente e rasga minha'lma.
- Seu criador.
Eu demorei pra entender
Mas entendi perfeitamente , tomo um gole de café em muitas companhias pela manhã porque existem várias de mim em mim , completamente diferentes ,hoje você pode conversar com outra , e amanhã com ela , e talvez nunca comigo de fato
Único problema é quando uma que partir , e a outra quer ficar , eu não sei em qual me apoiar , meu coração em constante oração ,minha mente em constante alucinação ...
Sentada na janela, em meio a fumaça que solta de seus pulmões, algo nada saudável pra uma garota tão jovem, ela olha pro céu e vê um infinito de possibilidades, naquele momento suas feridas parecem curadas, mas é mera ilusão, lá no fundo de sua alma ainda existem dores.
Mas ela está anestesiada pela onda de emoções que percorrem o seu corpo, ela descobriu um mundo igual ao seu, ela não é a única a vivenciar experiências tão incomuns. Ela sente vontade de gritar o seu silêncio, ela sente o vento batendo em seus cabelos crespos e quentes como o sol, ela corre na busca incessante de uma felicidade que não sabe se existe, seu peito queima e ela encontra coragem em meio a covardia da dor que transcende do seu passado, ela dança com os braços pra cima, eufórica como em uma balada ensurdecedora, mas ela está ali sozinha, não há uma multidão em sua volta e mesmo assim ela se sente completa, que feitiço é esse que pairou sobre ela ? Não se sabe, o que se tem convicção mesmo é que ela está aprendendo a mudar e lidar com seus demônios. Aah menina, você fica tão mais linda com toda essa confiança. Se soubesse o poder que tem, jamais teria chorado tanto.
"A esquizofrenia não me limita, é só um desafio a mais pra alcançar os objetivos Mariah (Equilibrarte)
"Esquizofrenia, não sei bem o que é, mas me parece ser como a vida, cheia de ondas altas e baixas em um mundo particular. Há que se adaptar" Norma (Equilibrarte)
Eu estou perdida entre versões de mim.
Irreais.
Um dia fria, o outro louca.
Quem garante que eu só mudo de roupa?
De pessoas.
Fragmentos perdidos no caminho.
Mudo de cara,
mudo alma,
mudo de mim,
mudo a minha calma.
Um dia você me conhece sim e o outro não.
Quem sou eu?
Essa é a questão.
Aquele pedaço escuro de mim.
Guardado na caixa da superação.
Perdida entre personalidades,
eu vivo assim.
Uma eterna batalha de eu contra mim.
Avistei a versão Sorriso Frouxo,
aquela despretensiosa.
Que, por vezes, emudece em mim.
Encarei a versão Autenticidade,
aquela espontaneidade, naturalidade.
Que, por vezes, foge de mim.
Trombei na versão Coragem,
aquela destemida, determinada.
Que, por vezes, suprime em mim.
Topei com a versão Silêncio,
aquela da reflexão.
Que, por vezes, exila em mim.
Esbarrei na versão Gratidão,
aquela do reconhecimento.
Que, por vezes, desbota em mim.
Tropiquei na versão Solidária,
aquela da empatia.
Que, por vezes, cala em mim.
Disparei na versão Criança,
Aquela ingênua, inexperiente.
Que, por vezes, esquece de mim.
Tropecei na versão Jovem,
aquela dos sonhos, descobertas.
Que, por vezes, machuca em mim.
Travei na versão Adulta,
aquela da responsabilidade e escolhas.
Que, por vezes, penaliza em mim.
Colidi com a versão Espiritualizada,
aquela da harmonia, da fé.
Que, por vezes, apaga em mim.
Encontrei a versão Amor,
Aquela que acolhe, perdoa.
Que, por vezes, mascara em mim.
Versões que se completam.
Algumas já não cabem remendos.
Outras são necessárias carregar.
E tem as que requerem leitura.
Versões lapidadas pelo tempo.
Vinculadas nas lembranças.
Equilibradas na essência.
O caminho de uma pessoa com transtorno mental é bem solitário. A gente segue em frente sem saber como. Se arrastando como se tivesse o Monte Everest nas costas.
E por um momento o céu ficou novamente azul e o sol iluminou, as trevas se afastaram, apesar de dias difíceis, acabou aparecendo algo raro, olhos de oceano, que te olha de volta direto na alma, que te acalma e te incendeia ao mesmo tempo em que te intriga. Mistérios dos olhos teus.
Querer
Uma hora eu quero
Depois, deixo de querer
Então, não sei porque quis
Não sei porque deixei de querer
Acabo querendo outra coisa
E tudo começa de novo
Mas agora, eu quero mesmo
Quero tanto que até dói
Quero você
Te querer, me dá medo
Com ou sem medo
Te quero todos os segundos até morrer
Vou te querer até quando não te quiser por perto
Ainda vou te querer quando disser que te odeio
Espero que ainda me queira
Torna-se quem eu não queira deixar de querer nunca mais
Não deixe de me querer
Porque não pretendo querer mais ninguém, senão você.
A polarização esquerda e direita é como a polaridade entre o céu e o inferno, hoje sabemos cientificamente provado que existem incontáveis nuances.
A atual tendência de integrar distúrbios à identidade reflete-se no rápido autodiagnóstico online, tornando frases como 'Sou bipolar, tenho TDAH' em uma forma de apresentação banal.
Autodiagnósticos feitos na internet transformaram-se em identidades; hoje, pessoas se apresentam dizendo: "Eu sou bipolar."
Siglas como TDAH, TOC, TAG e TDO tornaram-se meras etiquetas psicológicas.
Dois homens em um só
Como pode dois homens num só corpo viver?
São duas mentes em um só corpo
Qual delas irá vencer?
O homem bom e o homem mau
O transtorno e o transtornado
Não é difícil diferenciar
Qual dos homens está lá
Cada homem tem uma personalidade
É nítido, é verdade
O homem bom é bom ao extremo
O homem mau sofre influência externa
Vozes que ninguém houve
Ninguém vê
Pode crer
É verdade
A mais pura realidade
Os dois homens travam diariamente uma luta
O homem bom tem boa conduta
É difícil descrever
Complicado entender
É difícil explicar
Mas não dá para disfarçar
O problema é que
Como o homem bom
Tem o coração gigante
Acha esse mundo intrigante
Mundo cheio de dor e maldade
Ele só quer fugir da realidade
Minha mãe conhece bem os dois
E sempre diz ao homem bom:
"Faz o homem bom lutar com o outro
Mata ele dentro de você
Não deixe ele sobreviver!"
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