Bicicleta
Andar de bicicleta me deixou ver o mundo
com uma velocidade maior que a dos meus passos,
mas, não tão grande que me impossibilitasse de admirar
...
eu senti a vida pulsar em mim em cada ladeira, e a senti fugir de mim quando as subia...
Desviando das pessoas, dos carros, mas, captando cenas exatamente como são...
andar de bicicleta ainda me dá um pouco de medo, o mundo não gosta da mesma mão que eu...
Mas, é um exercício revigorante!
Certas coisas machucam mais do que o primeiro tombo de bicicleta, tem coisas que ferem tão profundo quanto um corte, essas coisas não se vêem é quando você chora por dentro, embora não sangre por fora, a vida faz uma cicatriz invisível permanente e sempre que você se lembra, arde, mas serve pra que evite errar novamente e espalhar mais dessas pela sua alma.
Bicicleta
Pois as cicatrizes já não estavam ali para lembrar de quanto doeram os machucados;
Estavam ali para não deixá-la se esquecer de ser mais cautelosa da próxima vez.
Vamos sair para brincar
Aprendendo a andar de bicicleta
Caindo, levantando e tentando de novo
Enquanto somos crianças
Vamos sair para namorar
Esquecer de tudo
Curtindo a vida
Enquanto somos jovens
Vamos sair para trabalhar
Mostrando nosso melhor
Enquanto somos adultos
Vamos sair com nossos filhos
Aproveitando enquanto eles são crianças
Tentando fazer o tempo parar...
Estarei do teu lado como um pai que ensina o filho a andar de bicicleta. Estarei do teu lado quando você cambalear. Estarei do teu lado quando o medo te alcançar. Estarei do teu lado só para te ver livre ao caminhar. Estarei do teu lado sorrateiramente, encobrindo teu corpo com meu amor.
“Liberdade é como saborear um passeio de bicicleta sem precisar apostar corrida com ninguém. Não temos que ter essa ou aquela velocidade. Apenas pedalar. No nosso ritmo…”
Bicicleta sob os pés,asfalto sob as rodas,violão nas costas,céu sob o boné,boné sob os cabelos,mar a direita,selva de pedra a esquerda,seguindo em frente,
rumo ao infinito!
Não é por que você cai da bicicleta, que você desiste, deixa de tentar andar novamente.
Assim, acontece da mesma forma com o Amor.
"A bicicleta faz compartilhar cada momento com a vida, seja em velocidade de numa sensação espetacular..."
Comprar uma bicicleta é tão importante e emotivo quanto comprar uma Ferrari, desde que uma bicicleta seja tudo que a pessoa possa possuir e deseja ter.
Nesse Natal
Nesse Natal não quero brinquedo
Não quero bicicleta
Nem bola, nem esmola na sinaleira
Sou moleque brasileiro
Não conheço geladeira
Validade, já nem sei mais minha idade
Pra que bolo se não tenho
Com quem dividir
Se não tenho o que vestir
Para esquentar minha alma?
Nesse Natal não quero foguete
Não quero champanhe
Nem um amigo secreto
Nem foto
Para guardar de lembrança
Sou solitário, não tenho o par de tênis completo
Mas pareço um pé de pato bam, bam
No gasômetro, no parque
Pinto e bordo ligeiro...
Arrepio suspiro?
Para esquentar minha alma...
Nesse Natal não quero morrer
Quero um abrigo
Não quero chocolates
Mas uma palavra de carinho
Nem um inimigo
Porque somos filhos de Deus
E não estamos sozinhos
Nesse Natal quero
Um pai que se vista de Noel
E seja real, não desleal.
O incrível é que a primeira vez que amamos não é igual à primeira vez que andamos de bicicleta, ou à primeira vez que andamos, pois só o dom de voar se aproxima do amor, que nos tira o chão.
"A bicicleta de Irina Dunn"
Um peixe de bicicleta
Equilibra-se como pode.
Ele avança dentro d’água
De um mar sem ciclovia
E quase perde o equilíbrio
Com o guidão da maresia.
Pois um peixe de bicicleta,
Dentro do mar de espuma,
Segue, contra a corrente,
Com os pedais de bruma,
As rodas luzindo ao sol,
Sem corrente nenhuma.
Levo Irina na garupa
E pedalo em linha reta
Pois Irina disse um dia
(Mas não sei se estava certa):
“Mulher precisa de homem
Como um peixe, de bicicleta.”
Nota do autor do poema: Irina Dunn, feminista australiana, disse certa vez que a mulher precisa dos homens tal como um peixe precisa de bicicleta. Trata-se de um slogan feminista, sugerindo que os homens são supérfulos às necessidades da mulher.
Para Patrick
Nós andávamos de bicicleta
Corríamos na ciclovia
Com a minha cachorrinha
Procurávamos por conchinhas
Naquela praia de mentira
Atirávamos água um no outro
Com aquela arminha de brinquedo
Jogávamos Mário no computador
Comíamos chocolate escondido
Apostávamos corrida por aí
E eu lhe mostrava as estrelas
Aquelas do céu da rua
E aquelas do céu de meu quarto
E eu lhe dizia os nomes
Das constelações
E às vezes ele me irritava
Acho que ele se exaltava
Com tamanha alegria
Ou, talvez, tristeza
Talvez o fizesse para chamar atenção
Mas era tão desnecessário
Pois eu sempre estive lá
Eu sempre cuidei dele e dei
Toda a minha atenção
E uma vez fui abraçá-lo
E depois de segundos, soltá-lo
E ele não me soltou mais
Então perguntei se ele
Estava com saudades minhas
E ele disse que sim
Então o abracei mais forte
Pois eu sabia que ele gostava
De mim tanto quanto eu dele.
Quero minha bicicleta, sim, a bicicleta do meu tempo de criança de volta, quero minha velha bola de futebol e minhas bolinhas de gude novamente, quero empinar Pipa no quintal de casa e depois ir pra rua correr atrás daquelas que são cortadas no ar... No ar, quero correr como criança de volta, quero ir para casa...
Crônicas de Júlio Filho