Bebo
Eu não bebo pra me esquecer dos outros.
Eu não bebo pra esquecer do que fizeram comigo.
Eu bebo pra me esquecer de mim e das coisas que eu já fiz com os outros.
“A crise está feia, quem estava acostumado a tomar vinho, tem que se contentar com suco de groselha.”
Eu bebo de qualquer maneira,
não me nego à diversão,
e durante a tarde inteira
só vou beber um garrafão.
I
Essa coisa do beber
vos conto meus amigos,
é este o destino que sigo
só para me entreter...
Já estou quase a ferver
por uma bela macieira
ou então uma bagaceira
daquela que não se fez,
bebo-a toda de uma vez,
eu bebo de qualquer maneira.
Ii
Essa é só a primeira
porque o vinho vem a seguir,
e o prazer do engolir
parece que tem cegueira...
A cerveja tem dianteira,
e o whisky, pois então,
bom é tê-lo sempre à mão
seja de noite ou de dia,
com um jarro de sangria
não me nego à diversão.
III
Bebo tal qual um leão,
não rejeito o absinto,
meus amigos, não vos minto
que é quase uma paixão...
pois bate-me o coração
por uma pinga de primeira,
penso só na bebedeira,
quase chego a estar morto
por uns litros do bom porto,
e durante a tarde inteira.
IV
O meu estômago é uma feira
de tanta mistura que faço,
desde o vodka ao bagaço,
do gin à aldeia velha,
bebo tudo o que me dá na telha...
Chego a não ter um tostão,
peço fiado na ocasião,
disso não me envergonho
e para provar o medronho
só vou beber um garrafão.
Agora
bebo sozinho
junto a essa máquina que mal
funciona
enquanto as sombras assumem
formas
combato retirando-me
lentamente
agora
minha antiga promessa
definha
definha
agora
acendendo novos cigarros
servido mais
bebidas
tem sido um belo
combate
ainda
é!
Logo pela manhã eu insisto em criar analogias, e destruí-las. Todas elas enquanto bebo meu café, forte e amargo - como minha alma.
Tu faz uma falta enorme quando tá longe, e uma presença insuportável quando tá perto. Eu bebo você, mas depois quero te cuspir.
Palavras
que não consigo dizer
elas estão presas
na minha garganta
e então
bebo
faço elas descerem
levadas com vinho barato
para então
pela manhã
elas voltarem para minha garganta
outra vez
talvez morrerei
no meio da noite
sufocada com elas.
Degusto os teus olhos
como vinho
bebo,
no chão, na lareira...
como,
me aqueço
me embriago
rolo em músicas,
como
me esquento...
me entrego em abraços teus.
Você
Razão da minha vida, motivo da minha existência.
Água que eu bebo ar que eu respiro...
Você
Vento que sopra meus cabelos e acaricia minha pele...
Você
Meu sonho minha ilusão meu caminho minha direção...
Você
Minha vida meu luar, meu caminho meu sonhar...
Você
Meu carinho meu chamego, minha paz meu sossego...
Você
Meu sorriso minha esperança, meu ponto seguro minha segurança...
Você
Meu céu meu luar, minha ilusão meu sonhar...
Você
Meu caminho minha direção, minha vida meu coração...
Você
Meu caminho meu contentamento, meu destino meu sofrimento...
Você
Meu azar minha sorte, minha vida minha morte...
Você
Motivo de toda a minha dor e sofrimento...
Você
É minha saudade contida, minha felicidade perdida...
Você
Meu erro mais gostoso a decepção mais doce e a infelicidade que me fez mais feliz...
Você simplesmente você é meu mundo.
Noite embebedada
... Essa calada noite que em seu silêncio se fez suprema,
d'água que eu bebo me embriago,
pois elas vem dos lamentos que na vida trago...
- Trucidada alma D'as vigílias em pobrezinha alegria,
caminhas ao meu encontro, vem em seu vagar,
postes a noite num ludibrio tastavelar - rogar,
ao meu mundo onde o fundo... Jaz preto e branco...
- Vou-me retrucando com os murros, frases perfeitas,
quem fizera tão direito esse dever de amar?...
Vós andantes e marginalizados, replicantes,
buscam como eu um abraço, pelas estrelas se apaixonar...
"Eu só bebo em algumas poucas
circunstâncias:
quando estou feliz; quando estou triste;
quando
estou sozinho; quando estou acompanhado;
quando estou sem fome e quando estou com
fome. fora disso, nem toco na bebida, a não
ser
que esteja com sede."