Batman
Falei para uma criança que o Papai Noel não existe. A Desgraça gritou comigo dizendo que o Batman também não. Advinha quem levou um beliscão?
quando criança eu me expirava no Batman um herói sem poder só uma capa, mais com a idade eu entendi que o coringa fazia mais sentido
Enquanto isso
O trem passa, os pássaros vagueiam, Batman e Robin encantam, é vírus sobre vírus, a Bíblia que não é entendida, a morte cada vez mais amiga, a ruptura com os bens leais, cada vez mais, mais longe da arquitetura divina e enquanto isso.
Enquanto isso simplesmente o homem poderia dar milho aos pombos, mas ele anda ocupado, fazendo armadilhas para o semelhante, ateando os aos escombros.
Enquanto chove no sul, e o sol ferve no norte, enquanto a pátria está a Deus dará e a diretriz a própria sorte, os homens não mais estuda para efetivar a diferença, simplesmente a grandeza, uns tostões a mais, um bocadinho para estes tiranos rapazes, que eu não seja preconceito, as moças do mesmo jeito.
Enquanto isso eu aqui na poesia, meio fantasia e tanta parede, muralha e obstáculo que também piso no freio, mas eu sei, que existem outros que não aceita cabresto e nem arreio.
Enquanto isso acreditar, mudar, eu creio.
O Batman ainda é o maioral, comprimidos ainda são melhores que soluções, desenhos permanecem melhores que novelas, frases curtas ainda são melhores que textos chatos, queijo continua sendo enjoativo, as cidades do Lego sempre serão mais perfeitas, os carros da Hot Wells ainda são caros, os filmes de hoje não tem mais finais felizes e beterraba até que é bom... O lar continua sendo o maior Forte Apache. Algumas coisas mudam, outras não.
Nossa vida é meio Batman. O interesse por nós só persiste enquanto ainda tivermos alguma coisa para oferecer do nosso Cinto de Utilidades. Depois disso, só com muito amor mesmo e ainda assim, há ressalvas.
Mulher Maravilha: - Os outros de nós... porque disse que teriam que lutar?
Batman: - Só um pressentimento.
O Batman e a justiça com as próprias mãos
Ben Affleck será o próximo Batman. Como todos devem saber, tal personagem é um homem morcego que venceu o medo e luta contra as injustiças do cotidiano, fazendo justiça com as próprias mãos a fim de salvar Gotham City de toda a corja de malfeitores que tentam destruir a cidade.
Batman sai todas as noites atrás de bandidos e mafiosos para fazer valer a sua própria lei. Entre prédios, muros e escuridão, brilhará sempre o sinal do morcego, e o homem das trevas restabelecerá a paz aos homens de "bem" de toda a Gotham.
E assim a trilogia vai se refazendo...
Num salto, da ficção para o mundo real, nos últimos meses homens e mulheres sem fantasia, na luz do dia e sem sinais de morcegos, têm saído às ruas para fazer justiça com as próprias mãos, com o anseio de vingar as atrocidades cometidas pelos seus acusados. É algo como "olho por olho, dente por dente", em um inquérito feito às pressas pelos mesmos juízes que executarão a pena.
Em Gotham, quando o caos beira o precipício, a luz do Batman brilha sobre a escuridão e traz esperança aos desafortunados. E no Brasil, qual luz vai brilhar?
E eis que alguns "Batmans à brasileira" acendem uma luz que não clareia no fim do túnel e, motivados pela morosidade da justiça (aqui leia-se no avesso "celeridade da injustiça"), saem às ruas prontos para linchar os Judas, num jogo de todos contra todos, onde o próximo pode ser o justiceiro de ontem.
A diferença é que as ações do Batman são cuidadosamente planejadas e gozam de um farto amparo tecnológico, o que lhe proporciona uma excelência extraordinária. Excelência essa que nem mesmo as Excelências dos tribunais brasileiros detêm, tamanha a lentidão do Poder Judiciário no Brasil, além da ineficiência das polícias nas investigações criminais, mais por falta de amparo do que por falta de vontade dos seus agentes.
Mas a diferença primordial é a que se refere ao fato de o Batman ser apenas um personagem fictício, e talvez os "Batmans tupiniquins" tenham se esquecido desse mero detalhe, pois justiça com as próprias mãos só é justa se for aperto de mãos, do contrário é só vingança.
A consequência de tudo isso é a que se vê no dia a dia, atrocidades cometidas por marginais que não cumprem devidamente a pena, e, em contrapartida, barbáries cometidas por "cidadãos" como forma de resposta vingativa da sociedade. O problema é que aquilo que para alguns é a luz no fim do túnel, na verdade é um trem descontrolado vindo na direção de todos, e nesse empurra-empurra total, os "Batmans" têm matado Robin no lugar de Coringa, Alfred no lugar de Pinguim. Um verdadeiro retrocesso aos tempos remotos!
E, assim, a história vai se repetindo...
Desde criança, sempre gostei do Batman. Nunca me impressionei com os super poderes dos outros heróis. Creio que o caráter de Bruce Wayne e as limitações do Batman fazem dele um herói mais humano, humanista e real, algo que não encontramos no Super- homem, Mulher-maravilha ou em Shazam.