Barba
Você confia no barbeiro que você sequer conhece, e que lhe faz a barba com navalha extremamente afiada. Mas você também confia no político que, da mesma forma, lhe é desconhecido, mas que, além de receber seu voto em uma urna eletrônica, se torna o gestor supremo de seus impostos - da educação, da segurança e da saúde de sua família. A outorga da confiança deve ser minuciosa. Porque a navalha é afiada.
Sem nunca pedir permissão
Cresce a barba de qualquer menino
Uns anseiam, outros não
Tantas coisas mais acompanharão o menino
Autonomia, respeito, liberdade e também pressão
Coisas que um dia tanto quis o menino
A hombridade lhe será cobrada sem perdão
Aqueles que não aguentam, desejam voltar a ser menino
Sem poder realizar de forma alguma tal regressão
O mundo está cheio de homens com mente de menino.
Cabelos do rosto
Eu estou numa luta com a barba há anos. Ela cresce, eu corto. Ela se emaranha, eu penteio. Ela fede, eu lavo. Ela me considera um apêndice e eu acho que tem razão: me recobre a cara, controla o que entra e o que sai e ainda me coloca no meu lugar, aqui, atrás dela.
Ele não tem barba branca, nem um trono nas nuvens...
Ele não é aquele que faz parar de chover, nem aquele
que faz seu time de futebol vencer... Ele não comanda tudo, ele não faz escolhas por nós, ele não diz quem vive e quem morre, ele não evita a catástrofe humana...
Ele, é aquele que nos mostra os Caminhos, é aquele que ilumina, é aquele que nos mostra o poder do amor, e a força da união... ele é aquele, que anda sempre conosco, e nos diz quando estamos certos ou errados, porém, ele não nos impede de errar... Ele é a força, que motiva, é a beleza da vida... Como o amor, a saudade, a alegria, a dor, DEUS é um Sentimento, o sentimento da esperança, o sentimento de que tudo pode melhorar, e tudo podemos realizar... e não importa o quão delicada a situação seja, você sempre pedirá ajuda a ele, e com isso, você prova o quanto você é forte, o quanto é capaz, o quanto pode, o quanto quer ... Você Acredita em Deus? tenha orgulho disso, pois se você acredita nele, é porque acredita em você... Levante-se! Deus não está sentado te olhando, Deus está dentro de você, porque ele , é você!
Sinto saudades também daquele creme pós-barba, que deixava teu rosto parcialmente melecado, com um aroma doce-enjoativo e com gosto amargo.
O meu cabelo,
eu nem corto mais, você nem nota mesmo
a barba hoje, deixei por fazer
por que você nunca disse que gosta de passar a mão em meu rosto
usei a primeira roupa que me apareceu na frente,
nem reparei que estava amarrotada,
meus sapatos estão sujos, da noite passada ainda.
não, eu não estou largado, é que simplesmente me arrumava pra você
e você, nem se quer notava, então esta noite
vou sair como sempre quis, sem me preocupar com minha aparência
sem se preocupar com o que vão pensar de mim.
vou passar longe dos espelhos, vou passar longe de você.
hoje eu vou te esquecer.
"Transformaria minha barba farta e grisalha em harpa,
Tocando todas as melodias que outrora assobiavas.
Um velho lobo das águas da noite e do amar.."
Todos os dias, assim que acordava, ele aparava a barba, cortava os cabelos e vestia o melhor terno, não se descuidando um segundo da aparência. E dizia aos amigos: "imaginem a minha vergonha se eu morrer de repente e estiver maltrapilho?"
Meu amor de ontem
Ele havia chegado.
Foram 25 cinco anos de sertão. Barba por fazer, desodorante faltando, mal-cheiro falando.
Português capenga, só ficava rachando lenha, trabalho braçal mesmo. Verbalizar algumas palavras somente depois de uns goles de pinga.
Até que morava bem, num “igarapé” fresquinho às margens do Rio das Mortes, uns 100 quilômetros da cidade, na seca. Na chuva nem tiro ideia. Ventilação só do vento nos buritis.
Lugar bonito por lá. Tem duas estações: a seca e as águas. Ouvi dizer que vendem perfumaria nos alagados.
Vizinhança próxima, toda sorte de animais silvestres e rastejantes.
Ele me explicou bem como era feliz. E fez esta viagem com proposta de sermos mais unidos.
Na verdade fiquei embasbacada e pensando se o banheiro
tinha lixa de pé e “bidê”.
Olhei sua camisa de um algodão rústico e desbotado, seus pelos agora também descoloridos saindo revoltos entre os botões.
O vento derrubou meu chapéu panamá e ele não se inclinou para pegá-lo.
Disse que tinha hóspedes e muita pressa.
Saí da conversa com um calor sufocante e uma pergunta im- pertinente.
“Será ele o mesmo que tanto amei ?”
Ele virou Anhanguera e não o reconheci.
Lembranças, às vezes, é um lugar confortável.
Livro Pó de Anjo
Autora: Rosana Fleury
Homem terno
De terno
Que fique eterno
Fetiche eterno
Cheirar sua barba
Tirar sua gravata
Primeiro enlaco
Ficar bem juntinho
Tipo queijo com goiabada
As abotoaduras
Que charme
Tiro com a boca
Vidrada
Nos seus olhos
A camisa branca como algodão
Feita do mais puro algodão
Botão por botão
Que visão
Sua cinta com fivela de prata
Segundo enlaco
Seu sapato outro fetiche
Seu eu não gostar
Nem olho
Suas meias na mão
Jogo no chão
Descalço está com os pés no chão
Outra visão
Sua calça está no chão
Pasmem a sensação
Bom......
Continuem a imaginação
Ainda agora enquanto fazia a barba me lembrava da figura do araque. Quem era o araque? Araque era tipo, a grosso modo, policiais genéricos. Deixa explicar melhor, certos indivíduos que possuíres de armas em casa que na intenção de guardar a residência, se defender de possíveis e potenciais bandidos de todos os lados, possuíam arma de fogo, com a mesma naturalidade como quem possuía um guarda-chuvas, o passado havia um certo abrandamento nesse sentido, pelo que vejo, não havia a exigência do porte de armas, qualquer um possuía em casa. Meu pai, inclusive, possuía uma, um três oitão, como se diz, popularmente, na gíria corriqueira, que diariamente polia, alisava com carinho, e punha óleo de maquinas Singer, para ta sempre calibrado, lubrificado na hora de atirar, hoje tenho a maior ojeriza a armas. Uma vez o vi atirando na rua, embaixo da calçada do vizinho, eram uma dez, onze horas das noite, pouco depois de fechar a venda, e o vizinho e o povo nem ai, era uma coisa banal de ver e ouvir, corriqueira, nada demais, perguntei: - Pai que é isso? Ele respondeu: - Bala fria! Depois eu soube que eram balas imprestáveis que podiam falhar na hora que precisasse. Mas, se não prestava era só jogar no lixo, mas, na cabeça dele tava jogando fora e aproveitando e treinando a pontaria, pratico! Mas, voltando a historia dos araques de policia, eram civis, possuidores de armas de fogo que pra não perder o dinheiro pela comprar do armamento de nenhum uso, ou uma vez na vida, graças a Deus, e por assistirem muito filme de ban-bang, certamente, sei lá, se ofereciam para ajudar os policiais de verdade. O comissário de onde eu morava, esse cargo deve ter sido extinto da policia, pois não ouvi mais falar, tinha uns cinco a seu dispor, que por questão de ética vou omitir os nomes, ou apelidos, iam buscar os malfeitores na unha, fosse onde fosse, bastava serem requisitados, o comissário e seus e esses bravos voluntários. E o mais interessante, soube que não ganhavam nada, serviço voluntario feito os dos hospitais, só que era atrás de bandido, algo mais dinâmico. Sei não hein? Duvido muito. Como é que o cidadão no conforto de sua casa e segurança, vai procurar sarna pra se coçar, sair trocando tiros por ai , se arriscando a morrer ou ficar aleijado, como se estivesse jogando vídeo-game. Só que tudo é muito real, ele lá. Pô do distintivo, na boa, fazia uma vaquinha, dava algum pros caras no final do mês, que davam a maior força, ali feito super homem, homem aranha, da TV, eram meus heróis de carne e osso, eletrizante, muito corajosos. Mas, sempre pergunto a policiais da reserva, insistindo em saber, sempre que tenho oportunidade e sempre me dizem, que, realmente, não ganhavam nada realmente, que os caras eram doidos mesmo, só pelo prazer da aventura, status, do que achava que é certo. Hoje vejo falar de milicas, policias de farda, agindo como se não fosse. Saudade desse Brasil mais puro e inocente de outrora.
Indecisão. Eis o mal do homem moderno.
Não sei se A ou se B,
Se aparo ou não a barba.
Se corto o cabelo,
Ou se deixo crescer.
Não sei nem o que sou,
Quiça o que quero fazer.
Só sei de uma coisa. O que com certeza eu não quero ser.
Aprendi com meu pai.
A não fazer como ele,
A não ser como ele.
A escolher não continuar como um homem moderno.
Mas então o que sou?
Um homem no tempo, fora de seu tempo?
Um ponteiro que se volta contra o relógio, eis o que sou?
Eu não sei.
GENTE!!!!
Meu shampoo acabou, o cabelo grisalhou
Minha barba branqueou, a dívida cresceu
A preguiça se instalou
A barriga aumentou
A Aposentaria desvalorizou
A despesa cresceu
A geladeira, antes farta, está quase vazia
No armário pouca lataria sobrou
Antes, frutas e verduras, carnes, laticínios
Agora, quando muito, arroz, feijão e ovo
E então, meu povo?
Será que iremos comemorar o Ano Novo
Em 2022?
Juares de Marcos Jardim - Santo André - São Paulo-SP
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
O teu sorriso doce.
A tua cicatriz que ainda observo.
Mesmo tentando esconder
com a sua barba.
Ainda assim, consigo ver.
A tua boca desenhada.
O teu olhar, que encanta.
Vontade de tocar no teu rosto.
E beijar suavemente os seus lábios.
Te espero beijo carinho sorriso e aperto
Te espero pele cheiro barba e puxões de cabelo
Te espero até que o longe seja perto e o perto seja dentro
O tempo é um pintor disleriado
Esculpidor de munganga
Deixou meu rosto enrugado
E a barba toda branca
Tempo, jumento empacado
Não enconomiza açoite
Dia e noite dando coice
Sem permitir ser montado
Nas cangalhas que tú traz
Pregadas nas tuas costas
Levaste minhas memórias
Do meu tempo de rapaz .
Vai jumento , vai…
PR JARDEL CAVALCANTE.