Barba
Ninguém nunca havia me descrito daquele jeito. Não dava nada por aquele cara de barba quase branca e voz estridente. Até que hoje, ele fez o que ninguém nunca ousou antes. Em cada frase que ele dizia sobre mim havia uma emoção e uma lembrança diferente. Ele não via só meus olhos, ele via além! Começou dizendo que eu não era confiável, ora, quem ele pensa que é pra dizer que não sou confiável sem ao menos me conhecer? De começo, confesso, fiquei assustada. Mas depois de esboçar seus argumentos, vi que ele estava certo! "Você não é confiável, você é várias pessoas dentro de uma mente, dentro de um corpo. Seu rosto, por mais dócil que seja, é sombrio. Seu sorriso é um dos mais bonitos que já vi, mas são daqueles que hipnotizam e depois matam, pena que você raramentos os usa - sorri na hora -. Você, nunca olha dentro dos olhos, foge de alguma coisa na qual eu ainda não sei. Seu olhar é sublime. Sua alma é da cor dos seus cabelos. Você é acanhada, enrustida, mas não de propósito. Vou lembrar-me de você quando ouvir "Clarisse", perdoe-me a indiscrição, mas vou citar uma parte da música: "E Clarisse está trancada no banheiro, e faz marcas no seu corpo com seu pequeno canivete (...) E quando os antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeito, Clarisse sabe que a loucura está presente, e sente a essência estranha do que é a morte. Mas esse vazio ela conhece muito bem..." - não pude deixar de mostrá-lo as marcas nos meus braços, estão fracas mas ainda sim visíveis -. Então, ele concluiu dizendo: Nunca fique perto de mim quando estivermos á noite! - rimos -" Será que essa sou eu mesma? Já que sou várias pessoas em uma só, quem sou agora? E de onde vinha tanta sabedoria daquele homem que se esconde por detrás dos desenhos? Sou Clarisse? Essas são só mais algumas perguntas nas quais nunca saberei das respostas.
Quem é essa figura...
Negro terno
Longa barba
Chapéu ou cartola...
Será que há
Coelho
Ou pombinhos lá...
Num ritual preciso
Com estirpe de mágico
Mas sem sorrisos...
Oh! Mundo...
De gomos e guetos
Como tangerina
A cuspir-mos caroços
Me faz pensar
Como se fossemos
Grandes mestres
A pincelar
Obras que julgamos
Primas
Mas que na verdade
Somos todos meras
caricaturas...
Sinto saudades também daquele creme pós-barba, que deixava teu rosto parcialmente melecado, com um aroma doce-enjoativo e com gosto amargo.
Ele não tem barba branca, nem um trono nas nuvens...
Ele não é aquele que faz parar de chover, nem aquele
que faz seu time de futebol vencer... Ele não comanda tudo, ele não faz escolhas por nós, ele não diz quem vive e quem morre, ele não evita a catástrofe humana...
Ele, é aquele que nos mostra os Caminhos, é aquele que ilumina, é aquele que nos mostra o poder do amor, e a força da união... ele é aquele, que anda sempre conosco, e nos diz quando estamos certos ou errados, porém, ele não nos impede de errar... Ele é a força, que motiva, é a beleza da vida... Como o amor, a saudade, a alegria, a dor, DEUS é um Sentimento, o sentimento da esperança, o sentimento de que tudo pode melhorar, e tudo podemos realizar... e não importa o quão delicada a situação seja, você sempre pedirá ajuda a ele, e com isso, você prova o quanto você é forte, o quanto é capaz, o quanto pode, o quanto quer ... Você Acredita em Deus? tenha orgulho disso, pois se você acredita nele, é porque acredita em você... Levante-se! Deus não está sentado te olhando, Deus está dentro de você, porque ele , é você!
A gente briga
Até mesmo com a barba que cresce
Olha a própria cara no espelho
Pára, fita ...se encara
Meu Deus
Acho que conheço esse cara!
Eu já vi esse rosto numa foto antiga
...esquece!
Diacho!
Não lembro com quem parece
Devagar, me afasto
Me bastam os apelos jamais atendidos
E tantos pedidos
Perdidos no silêncio
Me arrependo por ter esquecido
Foram só ruídos de passos
Que deixei pelo chão
Igual a mim
A cada qual
A solidão igual e contrária
Um baú lotado dela
Aquela
Que ninguém sabe por que merece
Sem mesmo caber merecê-la
Em cada noite sua escuridão
Em cada escuro uma estrela
Edson Ricardo Paiva
NATAL
Dia de receber presentes, da velha fantasia vermelha que veste um senhor de barba branca, dos pomposos pinheiros recheados de adornos insignificativos... É o que de plano inaugura nosso imaginário. O âmago desta data, que tem o costume trazer a lume nossa face caridosa, é o aniversário de Jesus Cristo, representado por singulares presépios e exíguos ornamentos, que floreiam, timidamente, a distinta ocasião. Ressalte-se que costumeiramente o aniversariante é o agraciado, figurando como protagonista da ocasião, não sendo crível que aspire afigurar-se como coadjuvante.
Reflitamos acerca do real propósito do Natal.
Que Jesus Cristo nos abençoe. Feliz Natal. É o que desejo a todos, independente da religião professada.
Amo os cachinhos, o sorriso e a gargalhada.
Amo os olhos, os lábios e a barba.
Amo a voz, o jeito de andar e a calma.
Amo o cantar, o contar e as pausas.
Amo o olhar, o piercing e as palhaçadas.
Amo a simpatia, a sinceridade e a confiança.
Amo cada traço, cada detalhe, cada sinal de esperança.
Amo amá-lo, odeio não tê-lo.
Mas só de nos imaginar, acalento meu desespero.
sou homem feito
de barba grossa no rosto
muitos pêlos no peito
sou veneno que cura
sou a expressão da vontade
e peculiar, ao meu jeito
sou sujeito modesto
ora simples, ora complexo
nem tudo, nem nada
nem metade também
sou o começo ao avesso
e o avesso do fim
o apreço e o desprezo
tudo dentro de mim
constante, inconstante
decidido, hesitante
sou razão, emoção
sou cristão, sou pagão
eu não fui e nem serei
trabalhei, não herdei
não sou dia, nem noite
não sou tu, mas tu és
e pra quem merecer
sou amor, sou amor.
Wendel Gomes Ferri
Tem coisas que escolhemos assim como tirar a barba ou cortar o cabelo...quando se escolhe ser um monge isola-se em montanhas...e quando se resolve andar pelo mundo nos tornamos aventureiro.
Para ver-te uma vez mais
cabelo e barba feitos
Para ver-te
o rosto e o olhar
Uma vez mais
contemplar-te
para
querer-te
uma vez
tocar-te
ver-te
paisagem
uma
imagem
vez
apenas
mais
amar-te
de: Ver-te
Apara a minha barba e corta meus medos, me vela acordado, e me olha dormindo,corta-me as unhas dos pés, e me apara dos caminhos, os espinhos! Me faz comidinhas nunca dantes provadas, e me auxilia nas provas da vida! Tempera minhas tardes, e me assanha nas noites, me guia o caminhar, olhando caminhos no meu olhar, cultua a minha fé orando ao meu lado, olha a linha do mar e me faz sentir seu horizonte! Astronauta explorando o universo do seu sorriso, me faz seu Deus ao acreditar que dele sou o dono...minha mulher, tantas vezes buscada e finalmente encontrada!
odair flores
PERCO AS FORÇAS, ME ENTREGO
Ela deixou
que eu roçasse
minha barba por fazer
em sua nuca macia
e quase em êxtase
arrepiada pediu:
"B eija-me meu amor
beija-me mais forte que puder
pois, nos teus braços
perco as forças, me entrego
da melhor forma que lhe convier...!"
Adoro beijo roubado, a barba por fazer, uma química de enlouquecer, aquele sorriso que me faz tanto te querer.
Diariamente nós acordamos, passamos pomadas, cremes e batom. Também removemos a barba, esprememos as espinhas, usamos loção e suavizante. Tudo para que nossas máscaras aparentem ser mais agradáveis e escondam a verdade acerca de nossos rostos.
"Bom, o fato é que sem barba eu tirei uns 40 anos do rosto. Até pareço um jovem saudável de classe média se eu esconder todas as tatuagens e der um belo sorriso otimista. Só que eu não sou de sorrisos gratuitos".
Ele chegou, sem ramalhete de flores do campo, mas com um punhado de ameixas fresquinhas. A barba por fazer, a pele morena queimada do sol e os copiosos olhos esverdeados. Entre uma prosa e outra ele me fitava, com um sorriso menino, oscilante, com uma facécia nos lábios, o suficiente para me roubar o riso. As mãos itinerantes viajavam do leste ao oeste da minha cintura. Quando nossas bocas se avizinhavam e o nariz dele roçava o meu, o coração flutuava – devagarinho – feito nuvem. Depois da tempestade, a gente sempre procura um lugar recheado de paz para repousar e no colo dele eu conseguia meditar. Ele me fazia escorregar em afagos, me causava uma clareza absurda e uma convicção infantil. Era como ter quinze anos de novo só que livre das espinhas e com mais sensatez