Banquete
O Banquete dos Vermes
E de toda a vida que me resta, dos dias em que fui o que não escolhi ser, em que a liberdade se me impôs como uma condenação, percebo agora, no fim de tudo, que não vivi. Fui, apenas fui – e o ser que fui não foi senão um vagabundo, como um trapo sujo em que o mendigo dorme. O que me resta, afinal, senão um nome e um sobrenome na certidão de nascimento, e uma data e uma hora no obituário? Talvez a cova rasa seja mais profunda do que a minha miserável vida, que agora, fortunadamente, encontra seu único propósito: ser adubo. A terra, fria e indiferente, me receberá calorosamente como alimento para os vermes, que se banquetearão de minha carne, sem julgar o que sou, o que fui. E os vermes, esses mesmos que consomem minha decadência, não saberão, porque nada sabem, da angústia de ser.
Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, porque naquela está o fim de todos os homens, e os vivos o aplicam ao seu coração.
Eclesiastes 7:2
Quando a mãe da gente morre
Deus prepara um banquete,
Pra receber esta santa
Em seu lindo palacete.
É recepcionada
De amor tão iluminada
Que se torna anjo guerreiro.
E ao lado do criador
Ela utiliza o amor
Pra cuidar do mundo inteiro.
Religião é perceber que existe um grande banquete a ser dividido;
Religiosidade é se colocar à disposição para divisão entre os que têm fome;
Espiritualidade é saber que já está saciado, ao comer do pão que alimenta a alma
Somente um pagão é capaz de sentir a dor de se alimentar de migalhas advindas do banquete servido pelos deuses
Todos os que se sentam aos farrapos à mesa da humildade saem saciados e bem vestidos no banquete das virtudes
Não fique se humilhando por migalhas de atenção. Existe alguém por aí querendo te oferecer um verdadeiro banquete.