Bandeira

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Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Libertinagem, 1930

Nada como se deliciar com um café
a beira de uma janela ou varanda
Degustar os sabores da vida,
Recheados com uma nova esperança...

Não me importo quantas vezes vou cair, eu continuo tentando.

Será que você não entendeu ainda ?’ eu não sirvo para segunda opção.

O futuro só tem valor se nele podermos garantir a perpetuação do passado.

Ah, se todos os erros fossem licenças poéticas...

Eu faço versos como quem chora...
Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Desencanto"

Um claro sonho
vagou noite adentro

Sua presença, doce companhia,
deixou marcas de perfume
em minha memória
eternizou toques de veludo
em minhas mãos
suavizou sedas de lençóis
em minha pele.

Entre cada sim,
perderam-se todos os nãos.

E o que ficou de mais belo
foi um infinito sussurro,
pleno amor ecoando
entre os vãos
de nossas almas.

Marcia Bandeira

Ele: O que te faz feliz?

Ela: Me faz feliz saber que você existe, mesmo não sendo meu, saber que voç ta bem, ouvir a tua voz, ver seu sorriso, ver seus olhos a me olhar. isso são pequenos atos que me fazem feliz.

Os anjos não compreendem os homens.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Belo Belo"

Hoje eu vou de los hermanos
Porque a fé me abandonou e eu sou condicional
Sou meio velha e meio moça, procurando sempre uma flor, um outro alguém, um último romance...
Hoje eu vou de Los hermanos e deixa estar pois ninguém é mais sentimental que eu. Mesmo que isso não me torne um cara estranho hoje eu vou de Los hermanos!
Vou me vestir de pierrot pra cantar mais uma canção, vou deixar o verão pra mais tarde, fazer uma nova descoberta e me despir de todo esse azedume
Vou ver além do que se vê e não vou me arrepender por isso pois faltam menos de onze dias pra eu voltar pra casa e hoje, quem sabe, alto aqui do sétimo andar, já não me sentirei mais tão sozinho, hoje eu encontro um par, pois veja bem, meu bem eu serei um vencendor!
Pois é, adeus você que fica e lê que eu vou farrear, a morena aqui, à palo seco, hoje vai de Los hermanos!"

Certas atitudes separam mulheres de vadias.

Porém já tudo se perdeu
no olvido imenso do passado

Na dúvida, vista Amor
Para toda e qualquer ocasião
No trabalho, na rua, no mercado...
Com os amigos, filhos, marido ou namorado
combina com afeto, sorrisos e gratidão
Nunca sai da moda,
faz bem à alma e ao coração
dos que estão a nossa volta,
mas também dos que não estão...
daqueles que conhecemos,
dos que encontrarmos pela primeira vez,
e daqueles com os quais nos desentendemos
gera nova energia, rompe a timidez.
Amor combina com tudo
Transforma tudo
Renova tudo!

Na dúvida, vista Amor!!!

Aos falsos, um foda-se,

aos amigos, um foda-se,

ao mundo, um foda-se,

e a Você…. Um foda-se.

Cantiga de Amor

Mulheres neste mundo de meu Deus
Tenho visto muitas — grandes, pequenas,
Ruivas, castanhas, brancas e morenas.
E amei-as, por mal dos pecados meus!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Andei por São Paulo e pelo Ceará
(Não falo em Pernambuco, onde nasci)
Bahia, Minas, Belém do Pará...
De muito olhar de mulher já sofri!
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Atravessei o mar e, no estrangeiro,
Em Paris, Basiléia e nos Grisões,
Lugano, Gênova por derradeiro,
Vi mulheres de todas as nações.
Mas em parte alguma vi, ai de mim,
Nenhuma que fosse bonita assim!

Mulher bonita não falta, ai de mim!
Nenhuma porém, tão bonita assim!

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Mafuá do Malango, 1948

...Eu faço versos como quem chora
De desalento, de desencanto...
Fecha o meu livro se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto...

Noite Morta

Noite morta.
Junto ao poste de iluminação
Os sapos engolem mosquitos.

Ninguém passa na estrada.
Nem um bêbado.

No entanto há seguramente por ela uma procissão de sombras.
Sombras de todos os que passaram.
Os que ainda vivem e os que já morreram.

O córrego chora.
A voz da noite...
(Não desta noite, mas de outra maior.)

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Poesia Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Cia. José Aguilar, 1967

Eu acredito que minha profissão seja de plantador de esperança. Eu acredito nisso. É por isso que eu escrevo. É por isso que eu vivo.

Rock também é Cultura’