Bandeira

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Quando nasci um anjo esbelto, desses que tocam trombeta, anunciou: vai carregar bandeira(…) Vai ser coxo na vida é maldição para homem. Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado

Nota: Trecho de poema presente no livro "Bagagem", de Adélia Prado. Link

Quando o fascismo vier, virá enrolado em uma bandeira e carregando uma cruz.

Desconhecido

Nota: O pensamento é atribuído a Sinclair Lewis e Huey Long, mas não há fontes que confirmem essas autorias.

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Quer livres, quer regulares,
abrem sempre os teus cantares
como flor de quintanares .

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Meu Quintana"

Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com o livro do
ponto expediente protocolo e
manifestações de apreço ao Sr. diretor

Estou farto do lirismo que para e vai
averiguar no dicionário de cunho
vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clows de Shakespeare
-Não quero mais saber do lirismo que
[não é libertação.

Meu Quintana, os teus cantares
Não são, Quintana, cantares:
São, Quintana, quintanares.
Quinta-essência de cantares...
Insólitos, singulares...
Cantares? Não! Quintanares!

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema "Meu Quintana"

Quem respeita a bandeira desde pequeno saberá defendê-la quando for grande.

Nós juramos lealdade a uma bandeira que nos despreza, honramos o homem que se nega a nos respeitar!

Ah, tormento que eu não posso confessar...
O que eu escrevo é a verdade, eu não minto,
eu declaro tudo aquilo que eu sinto,
e é a outra que teus lábios vão beijar...

Sei que quanto mais verdade tem no escrito,
mais distante eu te ponho dos meus braços,
pois desenho o paralelo de dois traços
que na certa vão perder-se no infinito...

Estes versos feitos para te emocionar
justificam todo o amor que tens por ela
e as carícias que esses dois amantes trocam.

E eu te excito, sem que venhas a notar
que esses lábios que tu beijas são os dela,
mas são minhas as palavras que te tocam.

Pedro Bandeira
BANDEIRA, P., A Marca de uma Lágrima, Moderna, 1985

Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos,
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres.
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres.

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

Manuel Bandeira
Antologia poética. São Paulo: Global Editora, 2013.

O que tu chamas tua paixão,
É tão somente curiosidade.
E os teus desejos ferventes vão
Batendo as asas na irrealidade...

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M. A Cinza das Horas, 1917

Amo café, mas hoje fiz chá
para ser apreciado,
em uma longa conversa a dois.
Mesmo que ninguém fale,
simplesmente se olhe, se cale.
Algo que me diz
que você vai entender
o que não preciso dizer.

Um pai chega a fazer sacrifícios pra comprar um tênis da grife pro filho e acha ruim gastar vinte reais em um livro. Infelizmente ainda temos uma sociedade que acha mais importante investir no pé do que na cabeça do filho.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Bandeira

Nota: Trecho do poema Arte de Amar.

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
— Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com os seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Libertinagem, 1930

Amores sempre vêm e vão, mas nunca vêm em vão.

Pedro Bandeira

Nota: Autoria não confirmada.

Quem Eu Sou?

Eu às vezes não entendo!
as pessoas têm um jeito
de falar de todo mundo
que não deve ser direito.

Em cada lugar que eu vou,
na escola, na rua também,
ouço dizerem assim,
quando se fala de alguém:
- Você conhece Fulano,
que chegou de uma viagem?
- O pai dele é muito rico,
tem dois carros na garagem!
- E o Maneco, lá do clube?
Pensa que é rico também?
Precisa ver que horrível
é o tênis que ele tem!

Aí eu fico pensando
que isso não está bem.
As pessoas são quem são,
ou são o que elas têm?

Eu queria que comigo
fosse tudo diferente.
Se alguém pensasse em mim,
soubesse que eu sou gente.
Falasse do que eu penso,
lembrasse do que eu falo,
pensasse no que eu faço,
soubesse por que me calo!

Porque eu não sou o que visto.
Eu sou do jeito que estou!
Não sou também o que eu tenho.
Eu sou mesmo quem eu sou!

Pedro Bandeira
Literatura Em Minha Casa, Palavras De Encantamento, Poesias, Editora Moderna, Ministério da Educação, FNDE
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Noite estrelada
São teus olhos em meus olhos.
Brilho no olhar: são estrelas a dançar
Sob a música de cálidas brumas
Sopro suave, ar quente que foge de teus lábios
Entregas, sem pudor, o que sentes por mim
Inebriante desassossego
São teus lábios em meus lábios
Bebe da fonte etérea do meu ser
O que, por hora encontra-se em partes,
Anseia completamente ser completo

Duas pessoas
Um sonho
Duas vidas
Um encontro
Duas almas
Há tempos separadas
Pelo curso de um rio chamado Destino
Um amor antigo?
Um amor futuro?
Atemporal? Impossível? Especial?
Seja o que for que o caminho lhes reserva
Aguardam...
Um encontro em fim
Talvez apenas um breve instante sem fim.

A vida inteira que podia ter sido e que não foi.

Manuel Bandeira
BANDEIRA, M., Estrela da Vida Inteira, Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973

Nada como se deliciar com um café
a beira de uma janela ou varanda
Degustar os sabores da vida,
Recheados com uma nova esperança...