Bandeira
Palavras minhas, palavras suas
misturaram-se
derramaram-se
espalharam-se
perderam-se pelos vãos.
Para cada sim perdido,
calado em mim
Convenço-me e disparo
ao longe um não.
E quando as luzes se apagam
Os ecos de tua voz
ainda me acordam em sonhos.
A lua sabe de todas as minhas saudades,
mas foi você que me ensinastes a contar estrelas.
Infinito por infinito.
Então, é isto que acontece...
não estás, mas sinto-me plena de ti.
Preenches meus dias com saudades,
transbordo-me em sentimentos.
Não há vazios aqui.
Somente uma suave luz de sua presença...
Se todo este sentir é tão lindo, puro e terno
como ainda posso recusar-me a entregar-me por completo?
como sinto que estou a vagar através da penumbra?
E me presto ao imenso esforço de afogar tamanha delicadeza?
Num impeto de gritar, calo-me num segundo...
Um sonho abriu-se em versos:
Subindo as escadas de meu desejo
encontrei você,
sentada e linda,
imagem divina!
Vestida de poesias em traços de rendas.
Em sua alma de ternura,
melodia de encantos.
Sonho que tanto amei
e apenas encontrei
em teu mais sincero sorriso.
E no brilho das estrelas
que brincam em seu olhar
sereno, céu límpido a me guiar.
De seu coração,
colhi a rosa mais pura:
canção feito candura
Entrego-lhe precioso presente,
o que de mais íntimo há em mim:
Meu ser, meu viver, meu querer.
Quanto do teu ser
Quanto do meu querer
Enquanto ainda espero?
Quanto está por vir
Quanto por desistir
Quando então, é sincero?
Quanto do meu sentir
Quanto do teu prazer
Quanto de amor, êxtase, paixão?
Doce mistério...
Insinua, desperta,
mas não se revela.
Então não o diga!
Pois para o que não há nome,
vibra doce canção, ecoa-se pelo ar,
cala em nossos lábios que não se encontram,
brilha em nosso olhos que não se contemplam...
Encanta, esperança eterna de nossa imaginação!
Como posso, a isto negar?
Já não mais consigo.
Não me servem mais as máscaras,
nem disfarces,
não procuro mais atalhos, nem desvios...
Não fujo, não corro,
não lhe impeço, não lhe rogo
nem lhe afasto...
Vivo minha fugaz felicidade,
alheia a minha completa perdição...
Abraça-me e dance comigo,
envolve-me em teus braços,
envolve-me em teu ser...
Ao som de tão suave melodia,
segura-me e não me deixe partir!
Um oceano de desejos
É tua pele sobre a minha pele
Afogo-me em tuas carícias.
O encontro de dois seres
Unidos por um terno,
mas intenso momento.
De amor, de loucura
Luz de nossa sanidade
O enternecer de uma festa
sob a luz da lua, serenidade
E se tudo acabar assim...
Podereis então, reconhecer a fundo
O quanto de belo e triste
se ouve num mudo sussurro.
Laços de fita, ternura infinda
afagando lembranças e amores
guardando esperanças e sabores...
sempre sem fim, sem medo, sem mágoa
sempre um sim, um sim que se aguarda
por um laço de fita,
Ternura Infinda...
O eco das lembranças esmagava o silêncio e era enlouquecedor. Mas depois de um tempo, entendeu: a mesma força que tinha aquele desespero, era a mesma que não a deixava abalar; a mesma força com que sufocava o grito e suprimia a dor, era a mesma que a impulsionava para o Alto.
Oração para Aviadores
Santa Clara, clareai
Estes ares.
Dai-nos ventos regulares,
de feição.
Estes mares, estes ares
Clareai.
Santa Clara, dai-nos sol.
Se baixar a cerração,
Alumiai
Meus olhos na cerração.
Estes montes e horizontes
Clareai.
Santa Clara, no mau tempo
Sustentai
Nossas asas.
A salvo de árvores, casas,
E penedos, nossas asas
Governai.
Santa Clara, clareai.
Afastai
Todo risco.
Por amor de S. Francisco,
Vosso mestre, nosso pai,
Santa Clara, todo risco
Dissipai.
E assim você me encontra,
de um jeito muito especial,
assim você me alcança,
estrelas inatingíveis de mim mesma...
Brincar de ser estrela,
pequeno ponto de luz na imensidão
Iluminar o escuro que nos rodeia
desmanchar com amor a solidão.
Sim, o tempo não volta.
Talvez até não seja importante chegar...
Mas sempre há os que buscam
e os que esperam,
e às vezes, há os que sejam os dois.
Tentando achar o que faça seu coração realmente pulsar...
Algo que valha a pena.
Não para retroceder relógios,
mas para que se sintam vivos
ao criar novas horas.
E até que enfim,
pelo menos,
chegar-se a este tempo.
Porque senão, viver terá sido em vão.
Sinto sua falta.
Falta do seu sorriso
Falta do seu olhar
Falta do seu cheiro
Falta do seu beijo
Sinto falta de como conversamos
Falta das discussões
Falta de nossos sorrisos.
Falta de desse amor. (GB²³)
Assim como um Anjo que se tem por perto
Na dúvida ou na decisão, o amparo certo.
Não sei como és...
Apenas sinto e imagino ver-te.
Vacilo e me engano ao tentar descrever-te.
Teus traços não se delimitam
espaços se rendem, a ti não limitam.
Ainda e enquanto, ouso arriscar:
Tal qual clarão de Luz sublime
És vento, força, amor que redime.
Asas que envolvem tão belo ser
Acalentam a alma, aquecem e confortam
Razão/emoção: conflito do viver.
Mas quem foi que disse
que Anjo não precisa de cuidado?
Sei que não posso voar,
mas por ti, Anjo amigo,
Eu tento, eu tento alcançar:
A flor que te faz sorrir,
carinho que lhe entrego ao coração.
Recorto estrelas a iluminar tua noite
beijo de luz a iluminar doce canção!
Quando criança, assim como quase todas as crianças, desejei profundamente alcançar as estrelas. E isto era tão forte e imperativo, tão mágico em mim.
Em meio há tantas, apenas um pequeno brilhinho em mãos já seria o suficiente...
Mais tarde, com os estudos de Física, descobrir que aquele brilho ao longe, na verdade, é de uma estrela que nem sequer existe mais... Confesso, perdeu-se um pouco do encanto.
Mas... que nada! Fechei os olhos e percebi: estavam todas em mim, infindável via-láctea em meu coração!