Baiana Linda
Se amplificarmos nosso conhecimento ao extremo, ficaremos alienados com as finitas ideias que nos serão apresentadas.
Nao se apaixone por minha face ou pelo que digo.
Se apaixone por minhas fases, minhas loucuras, meus maus e bons momentos.
Se apaixone por tudo, mas não de apaixone por uma bela vista.
A linha tênue entre sanidade e loucura perpassa pela história e se fundamenta em eixos complexos como a química(com seus psicotrópicos),a social (com suas desigualdades)e as ideologias raciais(com suas verdades impostas e suas convicções narcisistas)
A humanidade precisa do divã da psicanálise para se reconhecer,porém afunda-se cada vez mais em terapias fugazes,emergenciais, alimentadas pelo imediatismo dos psico-farmacos, alívios manipulados em forma de pílulas mágicas.
A grande onda depressiva que vem desolando a humanidade e cresce a cada ideologia ou aspirações frustradas é apenas tratada de forma paliativa, permitindo o controle da loucura e os esvaziamento dos manicômios,porém sem cura efetiva. Nesse intuito segue a humanidade a questionar-se do certo e do errado, e nunca obtendo resposta satisfatória para questões singulares como a capacidade de sobrevivência da humanidade e quais serão os povos futuros, quem sou não é mais a questão, a grande questão agora é quem serão.
Eu escolhi amar e pagarei o preço.
Toda escolha requer renuncia e consequência,mas o mais difícil é sempre o preço que se paga.
Porém, inevitavelmente, estaremos sempre em debito conosco e com os outros.
Somos frequentemente,impostos a decisões e estas, sempre, tem duas vertente por onde deixamos transcorrer sonhos e realidades, e é nesse ponto de bifurcação que nasce nossas angustias e nossas certezas e consequentemente o preço a ser pago.(ou a divida a ser acumulada).
Então busque sempre o caminho a ser percorrido com lealdade,justiça e amor, colocando-se sempre no papel do credor que espera ansioso pelo pagamento para também sanar suas dividas.
Esse é o grande circulo, e como tal sem começo.meio ou fim, apenas circulando na proporcionalidade dos pagamentos e recebimento que a vida lhe impõe.
Todos, sem exceção pagamos um preço por nossas escolhas.
Se será um níquel ou um dobrão de ouro só depende de você.
Maria Lindinalva Andrade Lemos
O meu corpo sente falta do teu calor natural, antes de me deitar, sempre penso em como seria bom se estivesse aqui a me aquecer, antes que meu coração se sentisse só, observei uma luz reluzente na janela, a lua... Oh, minha fiel companheira, que me fez te sentir perto, afinal, da onde você está, não importa a distância, se olhar a lua será a mesma na qual estou olhando, e isso me aproximará de você, e saber que assim como ela hora some, hora da o ar da graça, você também se manifestará numa dessas terça-feiras frias.
Quem sabe um dia não chego de mansinho, e por um acaso encontro a janela da sua terra aberta, eu como lua terrestre brilharia e não te deixaria só, ainda que as vezes as nuvens me tampem, ou meu brilho esteja fosco, de uma coisa sei, a lua em suas diversas fases, tem o coração na terra.
AMAR
Amar é sentir
a tua mão no meu corpo ardente,
suspirando lentamente e dizendo
bem baixinho o teu lindo nome... Kaleb
poder sentir o teu suspiro de paixão
a dizer... te amo
Que eu abra janelas...
Senhor, tu que abres portas,
Deixe que eu abra janelas...Janelas
De violetas ,de girassóis, de quintais...
Aquelas que dão para o vôo dos pardais...
Que levarão meu olhar distante
Para os prados,para os horizontes...
Lá onde estão os meus sonhos,
onde vivem os meus ideais...
Senhor, e que abrindo janelas,
Faça que eu, de divisar seja capaz
pelas janelas da minha alma,
os campos onde floresce a paz!
Estabelece-se!
Fica estabelecido que as pessoas terão asas na alma e que alçarão voos em direção aos sonhos,que estarão pousados no galho mais baixo da árvore dos desejos, plantada no meio de um jardim,no campo onde floresce o impossível!
Pergunte-me por quê!
Não é sempre que acordo com vontade de dar explicações, mas às vezes sinto falta de alguém me enchendo de por quês... Porquê da minha tristeza, porquê das minhas angústias, porquê das minhas inquietações, porquê das minhas perguntas...uma pessoa que te ama, quer saber de você e isso , geralmente se resume em saber os seus por quês...Minha filha me vê quietinha num canto ,logo me pergunta: "mãe, por quê tão quietinha?"...Mimosa, a poodle me olha de olhos doces e úmidos...é a sua forma de me perguntar por quê...Lino,o siamês se enrosca suavemente entre os meus pés e ronrona...Nina, a calopsita quando pousa sobre os meus ombros cansados sem emitir um único assovio,também quer saber o por quê... Outras vezes um amigo me pergunta por que estou assim tão calada, outros ainda me perguntam o porquê da minha cara pensativa, dos meus olhos tristes... da minha solidão...Às vezes me irrito um pouco, por que nessas horas o que quero é ficar calada, é ter o direito de ficar assim comigo mesma, sem interrupções de outros...Preciso de mim mesma e esse é um momento que não gostaria de dividir com mais ninguém...Depois volto atrás e vejo que isso é uma prova de amor...Sei disso por que as pessoas que nos amam sempre querem saber por quê...E quando estamos alegres também querem saber o motivo da alegria, da euforia, se interessam por nós...Mas existem aquelas manhãs em que essa simples pergunta me ajuda, pois essa pessoa me dá a oportunidade de pôr pra fora o que sinto, o que não poderia fazer, se não houvesse o tal por quê...Eu mesma já enchi de por quês a vida, o tempo, o destino, mas diferente de mim, eles nunca me responderam e também nunca me perguntaram o porquê das minhas dúvidas...E se a minha vida é uma equação, foi com a incógnita que o tempo teve preguiça de encontrar.. Todos os meus por quês ficaram no ar, vagando por aí em busca de respostas que nunca virão mistérios que nunca desvendarei... Mas hoje eu gostaria de dizer que estou aberta a por quês... Tenho todas as respostas, apesar de não ter as soluções...Então, não seja como o tempo...Pergunte-me por quê hoje... Pergunte-me eu te direi o porquê da minha inquietude, da minha cara amarrada, do meu olhar perdido...Não posso garantir que as minhas respostas te farão mais feliz ou menos preocupado, mas egoisticamente preciso libertar dissabores em forma de respostas ...Queira saber de mim, que isso me faz bem... O por quê é a válvula de escape que as pessoas nos dão...Sem ele morreríamos sufocados dentro de nós mesmos, sufocados de perguntas sem respostas, de mágoas, de tristezas, de solidão...Viva o por quê e viva as pessoas que nos perguntam ,por que talvez no seu por quê esteja a resposta que tanto procuramos...
Tudo se vai...
Tudo se vai...os sonhos, a chuva na vidraça...vão- se as alegrias,os dias bons e os dias maus... até a esperança um dia nos deixa...vão-se as tardes azuis de abril,as flores de maio se vão para nos trazer o inverno que um dia também vai embora... o arco-iris se vai levando suas cores...vão-se as nossas dúvidas e dores,nossos amigos,nossos amores... vão- se as estrelas e o brilho que elas nos deixam, depois se vai; as tempestades se vão, a bonança também...vão- se os risos, vai-se o pranto, vão-se as ilusões... vão- se as andorinhas em busca de outros verões,vão- se luas e estações ...sentimentos como folhas secas se vão com o vento...vão-se as nuvens do céu de agosto...vão-se os verdes anos...vai o ontem ,para que venha o hoje acordar o amanhã que não sabemos se virá ...o que fica é apenas a estrada e a história que escrevemos ao passar por ela,que talvez continue na memória.E para que tudo não seja em vão,vivamos o momento,desatemos os laços do presente, brindemos o agora,que o tempo urge e não tem tempo de esperar e ele também se vai,nos levando a nós,a todos e a tudo que ele mesmo nos trouxe...nos levando a vida!
Sinto saudade
Sinto saudades... Saudades do que fui e do que poderia ter sido, de quem tive e de quem poderia ter tido...Saudades de quem eu quis e eu deixei passar, de quem me quis e eu sequer olhei...Sinto falta dos abraços que não dei, dos beijos que deixei no ar...Da inocência que perdi e da juventude que me roubaram... Dos amores que o tempo não me deixou viver,das alegrias que a vida não me deu... Sinto saudades de tempos idos, de amigos sinceros...de pular poças d’água depois da chuva e saudades de olhar um céu que era só meu refletido no espelho azul...Das espirais que as pedras formavam na água e dos meus olhos inocentes perdidos nelas.Sinto falta de desenhar monstros e anjos nas nuvens, enquanto elas e a vida passavam sem me mostrar para onde estavam me levando.Saudades de construir castelos na beira do mar e chorar quando a onda os levava junto com meus sonhos...Sinto saudades até de chorar por nada (hoje choro por tudo). Saudades de manhãs de sol, de dias nublados, de tardes de outono com seus horizontes dourados . Sinto saudades de pingos de chuva como canção de ninar, de cheiro de vó, de colo de mãe...Sinto falta de alguém que foi embora de mim... Sinto falta de farrapos de alegria que senti, de nuances de felicidade que passaram no meu caminho. Saudades de lua cheia, lua nova e pôr do sol... Sinto falta de idílios, fantasias,e de olhos secos de dor, sinto saudades até das lágrimas que chorei! de lábios esquecidos, sinto falta dos sorrisos que não dei, das minhas gargalhadas roubadas pela tristeza... Sinto saudades da menina que ficou por tão pouco tempo,de boa noite no portão, de bilhetinhos escondidos, de olhares furtivos...De cartas amarelecidas pelo tempo, que se fizeram poemas de amor...Sinto saudades de alegrias, de casas e lares de livros e histórias... Saudades de irmãos, de camas unidas, de olhar chuva na vidraça, do arco-íris que vinha depois...De varais ao vento, de moça triste na janela...Saudades de ouvir a banda passar, de coretos e cantores, de trovas e canções... De cantarolar baixinho sem motivo, sem por quê... De rir sozinha de coisas que ouvi da vida... Saudade de lenços brancos de partida, de aconchego da volta... De andar à esmo sem motivos pra voltar... De dias que não vieram,de momentos que nem existiram...Sinto saudades de outra vida, outra estrada, outro começo, outro fim... Saudade de outra saudade de um tempo que não viví , e vazia de tudo, sinto saudades de mim.
Reminiscências...
Ontem fiz uma viagem de volta ao passado. Uma viagem com passagem de ida e volta. Sentei-me no quarto das minhas memórias, esvaziei as gavetas das lembranças, arrumei com cuidado no baú das ilusões e na estação do presente, peguei uma carona no trem do pensamento e parti de volta à minha história. Trilhei caminhos planos e tortuosos, peguei atalhos, construí desvios no afã de me desvencilhar da realidade, refiz obstáculos, ri outra vez meus risos, derramei outra vez minhas lágrimas, amei, perdi amores, folheei um livro do qual não pude destacar sequer uma página, trilhei outra vez meu caminho feito de nanquim. Nada consertei, nada pude mudar. A borracha do tempo não havia apagado meus erros , as oportunidades que perdi adormecidas à beira do caminho... Algumas sementes que espalhei a o longo da minha estrada já haviam se tornado frutos, outras haviam sido mortas pelas intempéries da vida. Poucas foram as flores que vi na minha estrada de volta... Nesse amargo regresso, os espinhos me feriram novamente os pés e sequer pude ver as pessoas amadas que perdi... No meio do percurso cansada do peso da bagagem que levava, sentei-me na estação dos saudosistas e acenei para os devaneios, que seguiam conduzidos pela nostalgia, que presto pararam e indagaram o meu destino. Falei-lhes do meu desejo de voltar no tempo para fazer novas escolhas, rever pessoas que haviam passado por mim sem serem notadas, quem sabe o primeiro amor...Estender a mão a algumas que eu havia deixado sentadas à beira do caminho, encontrar outra vez a minha infância perdida, queria falar com o tempo, pedir-lhe outra chance, recolher migalhas de alegria que porventura houvessem caído da minha vida, sonhar outros sonhos, mesmo que fosse por alguns instantes... Ter a ilusão de que poderia fazer tudo outra vez e melhor e diferente. Mas nesse momento o tempo passou muito apresado e me disse que o seu itinerário era o futuro que era impossível que ele retrocedesse comigo, pois em sua companhia viajavam os que estavam deixando para sempre o passado. Eram os que olhavam horizontes muito além dos meus, que eram muitos, pois andavam leves, que não carregavam nos ombros o peso de lembranças, mágoas e amarguras e recordações como eu carregava..... E mesmo sabendo que o tempo jamais voltaria, parti sozinha ao meu destino final. Continuei minha jornada mais de lágrimas que sorrisos, num caminho mais de pedras que de flores... Passei por ilusões perdidas, por lembranças já quase esquecidas, vi de longe, muito longe a paz acenar com seu lenço branco na estação das despedidas e prossegui... Chegando à casa do passado, encontrei –a cheia de sombras e fantasmas, a saudade sentada à porta, me estreitou num forte abraço. Arriei minhas malas e parei. Encontrei-me criança inocente e sem pressa, em balanços de alegria, contando estrelas e transformando em pássaros, anjos e monstros, nuvens que passavam junto com a vida sem dizer para onde estavam me levando... mas o tempo, implacável, seguia seu caminho sem volta e corria muito rápido, roubando-me a inocência, a pureza. Agora já cheia de anseios e planos, o meu maior desejo era que o tempo continuasse mesmo a correr... Comecei a pedir-lhe que passasse e eu o fustigava para que voasse, dei rédeas a ele e galopando sobre vales e transpondo montanhas, e passando por cima de tudo, cheguei ao mais belo lugar onde se pode estar: À minha juventude. Mas nessa parte da vida, também não estava o que eu buscava. Muita coisa me prendia, muitos me dominavam, eu não poderia viver assim. Necessitava ser livre, queria as asas da liberdade sobre mim... Pedi então ao tempo que corresse mais depressa. Precisava me livrar das amarras que me prendiam ser adulta, encontrar um grande amor, fazer novas descobertas, desvendar os mistérios da vida, fazer tudo aquilo que sentisse vontade e finalmente ser dona de mim... E o tempo obediente, correu, correu, voou... Cheguei ao presente, lugar onde estão todas as oportunidades, onde moram o agora e o hoje, mas sequer olhei para eles. Passei a me preocupar o que viria adiante e não tive tempo de desatar os laços dessa caixa preciosa, que tantos a deixam num canto, sem ao menos desembrulhar, dado a pressa de chegar ao futuro e ver o que a vida faria . Precisava ser urgentemente alguém importante, com muitas histórias para contar, vencer todas as batalhas e finalmente ser independente. Então, na minha ânsia insana, gritei com o tempo, reclamei dos dias que pareciam não ter fim, das estações que nunca mudavam, das luas novas que nunca se iam, adiantei o relógio do destino. E a corrida continuou e o tempo voava e me levava pela mão e me arrastava com ele, até que me encontrei velha e sem forças e quis descansar. Agora já não precisava mais pedir ao tempo que passasse. Eu estava quase à sua frente... Comecei então pedir que parasse, ou pelo menos que andasse mais devagar, pois a louca corrida em busca de realizações me tornara cansada e saudosa do presente que não vivi. Mas ele se fez surdo, inclemente e implacável passou muito mais velozmente, e viajando nas suas asas ele me trouxe e me fez pousar onde estou. Um lugar chamado velhice, outono da existência para quem soube aproveitá-lo e inverno dos corações para quem o desperdiçou sem ter vivido a primavera!
Hoje descobri!
Hoje acordei e descobri que não posso mais ser quem eu fui,ou quem gostaria de ter sido. Que o meu passado, tenha sido bom ou ruim, ficou lá atrás.Que não posso carregar comigo o fardo das lembranças, se em meus ombros pesa o que sou agora. Descobri que não devo deixar que as garras do tempo que se foi, agarrem o presente que me conduz ao futuro.Que a minha dor, a dor da lagarta, da uva e do trigo, apenas nos transformaram em algo melhor. Descobri que o tempo que nos trouxe nos levará e que não posso usá-lo para assistir a um filme que já vi, rebobinando fitas, se a história continua e eu sou sua protagonista,embora às vezes sem tempo para assistí-la.Descobri que as feridas que a vida me fez, já se transformaram em cicatrizes, que as lágrimas que chorei já foram secas pelo lenço do tempo.Descobri que a juventude foi um presente que já desembrulhei e usei, mas que não pude guardar no armário,como fiz com as minhas bonecas. Que a velhice também é uma caixa de presentecujoconteúdo se chama vida da qual muitos não puderam desatar os laços.Hoje acordei e resolvi absolver vida que andei culpando por ter matado meus sonhos,por que descobri que sonhos podem morrer,para reviverem realidade .Descobri as mágoas são águas más que devem virar correntezas e não lago parado.Descobri que preciso de mim aqui ao meu lado e não lá atrás ,perdida no caminho, a procura de quem fui,ou de quem poderia ter sido.Descobri que devo seguir o exemplo do rio, que embora murmure, segue seu curso, transpõe barreiras e desce vales, mas encontra o mar...Descobri que traumas são restos dores que a vida varreu para debaixo do tapete e mais do que isso, descobri que podemos enrolar o tapete e dançar no espaço que restou.Descobri que a vida é estrada de mão única e que em cada estação fica um pouco de nós ,mas que devemos seguir em frente com o que restou do que fomos: O que somos!