Aviao sem Asa Fogueira sem Brasa sou eu assim sem
O que você é te controla, e ecoa tão alto, que eu não consigo ouvir o que você diz ao contrário.
Vem morte, tão escondida, / que eu não te sinta chegar, / para que o prazer de morrer / não me dê novamente a vida.
Eu não quero um homem que só diga sim trabalhando comigo. Quero alguém que fale a verdade – mesmo que isto lhe custe o emprego.
Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.
Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.
As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...
P'ra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
Para os políticos, a verdade e a mentira não são importantes. Então eu nunca poderia tornar-me um político.
Eu acredito que cada direito implica em uma responsabilidade, cada oportunidade em uma obrigação; e cada posse, um tributo.
Canção de Primavera
Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.
Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.
Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.
Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.
Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?
Sem que o discurso eu pedisse,
Ele falou; e eu escutei,
Gostei do que ele não disse;
Do que disse não gostei.
Se perdi os meus dias na volúpia, ah! devolvei-los a mim, grandes deuses para que eu volte a perdê-los.