Aves
Nas palmeiras da terra de Gonçalves Dias canta o sabiá; as aves que temos por aqui em Cabixi (Rondônia), gorjeiam e encantam com certeza, como as de lá.
Nos dias tristes não se fala de aves.
Liga-se aos amigos e eles não estão
e depois pede-se lume na rua
como quem pede um coração
novinho em folha.
Nos dias tristes é Inverno
e anda-se ao frio de cigarro na mão
a queimar o vento e diz-se
- bom dia!
às pessoas que passam
depois de já terem passado
e de não termos reparado nisso.
Nos dias tristes fala-se sozinho
e há sempre uma ave que pousa
no cimo das coisas
em vez de nos pousar no coração
e não fala connosco.
Minha terra, meu povo
Minha terra não tem nada
Nem lugar para se morar
As aves, que aqui gorjeiam,
Não sabem para onde voar
Nosso céu é acinzentado
Com fábricas pra todo lado
Os rios não têm água
E os bosques são desmatados
O povo esta confuso
Não sabe em quem votar
Apesar de tantos impostos
Não há lugar para estudar
O povo enfurecido
Não vai mais aguentar
Sem emprego, sem ensino
Aonde nós vamos parar?
Como uma andorinha no céu
que voa sem sentido
ou a migração das aves
que buscam sempre o melhor caminho
eu não saberia explicar
os motivos por que anseio
e espero com tanto medo
para meu caminho desenhar
não teria mais sentido
acordar amanhã cedo
se o sol não estivesse a brilhar
assim como a buca seria inutil
ao me procurar no espelho
e meus olhos não fitas
andando sem rumo
me perco no mapa
mas do que importa se minha alma chora
e eu não posso ajudar?
seria apenas um corpo sem alma
que busca sem saber
um motivo para viver
e descobre no horizonte
no mais alto dos montes
a beleza de amar
transformando seu caminho
sem rumo, forma e desejo
num traçado bem certinho
sabendo aonde quer chegar.
Menina que eu amo tanto, como as aves amam o vento, como os peixes amam o mar, como nos amamos a vida.
Te amo como a garota que me faz sonhar, que me faz ir ate o céu e de saudades me puxar.
"Es anochecer ...
las aves regresan a
sus nidos alabando al día
y el sol se despide ,
En mí , solo anhelo , de mi amor..."
UMA FÁBULA DO QUOTIDIANO
No prédio que estou a morar,
Lá no alto, escuto as aves a falar:
Vamos alegrar a ele com meu cantar,
Em troca, a nossa sujeira irá limpar,
E a nós sempre irá alimentar!
Não existe presente falava um sabiá,a voar
Se não houver em troca, nada a dar,
Não é interesse que estão a demonstrar,
Mas consideração a alegria que estão a dar
No seu canto belo, e ímpar
Que escuto, todo dia ao acordar
Com isso vi o que poucos vão acreditar
O elogio à natureza está no dela tratar,
Se bem, colhes a mais bela vida que há!
Queria ter...
a inocência de uma criança,
a doçura de um doce,
a liberdade das aves,
a beleza das flores.
Tem gente que tem o nariz tão empinado que ao invés de cutucar no facebook, estava cutucando as aves no céu.
Somos aves; Pequenas delas, mas pássaros livres e fiéis a passarinhada, revoados a bela vida que nos foi dada.
Visão do Mundo
Olho para as arvores vejo amor
Olho para as aves vejo paixão
Olho para os cães vejo felicidade
Olho para os gatos vejo carinho
Olho para ser humano vejo dor
Vejo angustia
Vejo crueldade
Vejo pessoas que não sabem viver
Não tem amor ao próximo
Vejo seres que simplesmente são ocos por dentro.
Algumas aves não estão destinadas a ser enjauladas, isso é tudo. Suas penas são muito brilhantes, suas canções muito doces e selvagens.
VER DE CIMA
Olhe os telhados, as aves, o mar...
A serra se aconchega a cordilheira
Derrama a cachoeira
E acolhe o vale ternamente
É assim que se ver de cima
As nuvens são travesseiros dourados
Para as divindades dos crepúsculos,
Ou para as crenças de nossas fantasias...
O rio serpenteia em busca de um encontro
Onde repouse no olhar, numa navegação,
Nas redes de um pescador
De cima se ver assim
Então fecha tuas asas no topo da montanha
E perceba que os últimos raios do ocaso
É comemorado pelos pardais, pelas cigarras
Pelos morcegos, pelos insetos,
Por todas as insignificâncias
Que torna tudo grandioso e contemplativo
E alimenta essa necessidade de voar bem alto.
3. Jesus disse: Se vossos guias vos disserem: ‘o reino está no céu', então as aves vos precederam; se vos disserem que está no mar, então os peixes vos precederam. Mas o reino está dentro de vós, e também fora de vós. Se vos conhecerdes, sereis conhecidos e sabereis que sois filhos do Pai Vivo. Mas, se não vos conhecerdes, vivereis em pobreza, e vós mesmos sereis essa pobreza.
Em algum lugar onde ninguém possa me achar, onde apenas o vento possa me tocar, e as aves me observar .
Viagem de um vencido
Noite. Cruzes na estrada. Aves com frio...
E, enquanto eu tropeçava sobre os paus,
A efígie apocalíptica do Caos
Dançava no meu cérebro sombrio!
O Céu estava horrivelmente preto
E as árvores magríssimas lembravam
Pontos de admiração que se admiravam
De ver passar ali meu esqueleto!
Sozinho, uivando hoffmânnicos dizeres,
Aprazia-me assim, na escuridão,
Mergulhar minha exótica visão
Na intimidade noumenal dos seres.
Eu procurava, com uma vela acesa,
O feto original, de onde decorrem
Todas essas moléculas que morrem
Nas transubstanciações da Natureza.
Mas o que meus sentidos apreendiam
Dentro da treva lúgubre, era só
O ocaso sistemático de pó,
Em que as formas humanas se sumiam!
Reboava, num ruidoso burburinho
Bruto, análogo ao peã de márcios brados,
A rebeldia dos meus pés danados
Nas pedras resignadas do caminho.
Sentia estar pisando com a planta ávida
Um povo de radículas em embriões
Prestes a rebentar, como vulcões,
Do ventre equatorial da terra grávida!
Dentro de mim, como num chão profundo,
Choravam, com soluços quase humanos,
Convulsionando Céus, almas e oceanos
As formas microscópicas do mundo!
Era a larva agarrada a absconsas landes,
Era o abjeto vibrião rudimentar
Na impotência angustiosa de falar,
No desespero de não serem grandes!
Vinha-me à boca, assim, na ânsia dos párias,
Como o protesto de uma raça invicta,
O brado emocionante de vindicta
Das sensibilidades solitárias!
A longanimidade e o vilipêndio,
A abstinência e a luxúria, o bem e o mal
Ardiam no meu Orco cerebral,
Numa crepitação própria de incêndio!
Em contraposição à paz funérea,
Doía profundamente no meu crânio
Esse funcionamento simultâneo
De todos os conflitos da matéria!
Eu, perdido no Cosmos, me tornara
A assembléia belígera malsã,
Onde Ormuzd guerreava com Arimã,
Na discórdia perpétua do sansara!
Já me fazia medo aquela viagem
A carregar pelas ladeiras tétricas,
Na óssea armação das vértebras simétricas
A angústia da biológica engrenagem!
No Céu, de onde se vê o Homem de rastros,
Brilhava, vingadora, a esclarecer
As manchas subjetivas do meu ser
A espionagem fatídica dos astros!
Sentinelas de espíritos e estradas,
Noite alta, com a sidérica lanterna,
Eles entravam todos na caverna
Das consciências humanas mais fechadas!
Ao castigo daquela rutilância,
Maior que o olhar que perseguiu Caim,
Cumpria-se afinal dentro de mim
O próprio sofrimento da Substância!
Como quem traz ao dorso muitas cartas
Eu sofria, ao colher simples gardênia,
A multiplicidade heterogênea
De sensações diversamente amargas.
Mas das árvores, frias como lousas,
Fluía, horrenda e monótona, uma voz
Tão grande, tão profunda, tão feroz
Que parecia vir da alma das cousas:
"Se todos os fenômenos complexos,
Desde a consciência à antítese dos sexos
Vêm de um dínamo fluídico de gás,
Se hoje, obscuro, amanhã píncaros galgas,
A humildade botânica das algas
De que grandeza não será capaz?!
Quem sabe, enquanto Deus, Jeová ou Siva
Oculta à tua força cognitiva
Fenomenalidades que hão de vir,
Se a contração que hoje produz o choro
Não há de ser no século vindouro
Um simples movimento para rir?!
Que espécies outras, do Equador aos pólos,
Na prisão milenária dos subsolos,
Rasgando avidamente o húmus malsão,
Não trabalham, com a febre mais bravia,
Para erguer, na ânsia cósmica, a Energia
À última etapa da objetivação?!
É inútil, pois, que, a espiar enigmas, entres
Na química genésica dos ventres,
Porque em todas as cousas, afinal,
Crânio, ovário, montanha, árvore, iceberg,
Tragicamente, diante do Homem, se ergue
a esfinge do Mistério Universal!
A própria força em que teu Ser se expande,
Para esconder-se nessa esfinge grande,
Deu-te (oh! Mistério que se não traduz!)
Neste astro ruim de tênebras e abrolhos
A efeméride orgânica dos olhos
E o simulacro atordoador da Lua!
Por isto, oh! filho dos terráqueos limos,
Nós, arvoredos desterrados, rimos
Das vãs diatribes com que aturdes o ar...
Rimos, isto é, choramos, porque, em suma,
Rir da desgraça que de ti ressuma
É quase a mesma coisa que chorar!"
Às vibrações daquele horrível carme
Meu dispêndio nervoso era tamanho
Que eu sentia no corpo um vácuo estranho
Como uma boca sôfrega a esvaziar-me!
Na avançada epiléptica dos medos
Cria ouvir, a escalar Céus e apogeus,
A voz cavernosíssima de Deus
Reproduzida pelos arvoredos!
Agora, astro decrépito, em destroços,
Eu, desgraçadamente magro, a erguer-me,
Tinha necessidade de esconder-me
Longe da espécie humana, com os meus ossos!
Restava apenas na minha alma bruta
Onde frutificara outrora o Amor
Uma volicional fome interior
De renúncia budística absoluta!
Porque, naquela noite de ânsia e inferno,
Eu fora, alheio ao mundanário ruído,
A maior expressão do homem vencido
Diante da sombra do Mistério Eterno!