Avarento

O pobre lastima-se de querer e não poder, o avarento ufana-se de que pode, mas não quer.

O avarento vive sempre na pobreza.

O avarento gasta mais no dia da sua morte do que gastou em dez anos de vida, e o seu herdeiro mais em dez meses do que ele na vida inteira.

Ao avarento falta-lhe tanto o que tem quanto o que não tem; ao luxo faltam muitas coisas, à avareza todas.

O pobre carece de muitas coisas, mas o avarento carece de tudo.

O avarento mais preferiria que o sol fosse de ouro para o cunhar, do que ter luz para ver e viver.

O avarento e o porco de engorda tornam-se úteis só depois de mortos.

O mais rico dos homens é o poupado, o mais pobre o avarento.

O avarento guarda o seu tesouro como se fosse seu; mas teme servir-se dele como se na realidade pertencesse a outrém.

O sábio que não fala nem escreve é pior que o avarento que não despende.

O avarento é o mais leal e fiel depositário dos bens dos seus herdeiros.

O avarento, por um mau cálculo, sofre de presente os males que receia no futuro.

O pródigo pode ser lastimado, mas o avarento é quase sempre aborrecido.

Dois desvios com relação ao dinheiro: O rico avarento e o pobre esbanjador.

⁠"O avarento é sempre imediatista".

Mau é o homem de olhar invejoso, que vira o rosto e despreza a vida dos outros. / O avarento não se satisfaz com uma parte apenas, pois a avidez insana resseca-lhe a alma. / O avarento é cioso do seu pão e mesquinho em sua própria mesa.

(14, 8-10)

O avarento não se satisfaz com uma parte apenas, pois a avidez insana resseca-lhe a alma. O avarento é cioso do seu pão e mesquinho em sua própria mesa.

(Eclesiástico 14, 9-10)

Avarento sentimental é aquele que exige tudo de ti, e te retribui com migalhas.

De um antigo conto judaico:

Uma vez um judeu rico e religioso, mas avarento, foi visitado por um rabi. O visitante, com todas as atenções, levou-o à janela. “Olhe lá para fora”, disse ele. O rico olhou para a rua. “Que vê?”, perguntou o rabi. “Vejo homens, mulheres e crianças”, respondeu o rico. De novo e muito atenciosamente, o rabi levou-o até junto dum espelho. “Amigo, o que vê agora?” “Agora vejo-me a mim mesmo”, respondeu o rico. “Tome nota”, disse o rabi, “na janela há vidro e no espelho vidro há também, mas o vidro do espelho é prateado”. Uma lição se aprende: logo que o homem junta prata, ele deixa de ver os outros para só ver a si mesmo.[1]

Uma história judaica muito antiga, mas que pode traduzir a realidade de muitas pessoas cristãs, que se fecham diante das necessidades de seus semelhantes. Esse problema vem de longe; desde o século I, ouvimos a seguinte advertência: “Se alguém possui riquezas neste mundo e vê o irmão passando necessidade, mas fecha o coração diante dele, como pode estar nele o amor de Deus?” (1Jo 3,17). Uma camada de prata pode nos levar ao fechamento, tornando-nos individualistas, distante de Deus, das pessoas e de nós mesmos. O conto judaico é antigo, mas muito atual!

O homem econômico colabora com a sociedade, o avarento não ajuda nem a si mesmo.