Zeze Alfredo
IRONIAS DA EMBRIAGUEZ:
Ouço um silêncio que provoca ruido
Que encomoda os meus ouvidos.
A escuridão cambaleia e se claria diante dos meus olhos.
Avanço sentado e o cérebro perde- se no horizonte.
Sinto adrenalina que sufoca e deixa- me abeira da morte.
Procuro no ar estabilidade e equilíbrio.
Vejo objectos dançando e sinto um calor frio,
Percorrendo o meu abençoado e baptizado corpo,
Por um líquido que só me faz ver, em cada objecto, um copo
Baloiçando ao som do vento e atirando espuma ao ar,
Que chama meu paladar a provar.
Puff!! Solto suspirros fortes
Que deixam leves minhas narinas e minha boca,
Perco a gravidade,
Flutuo e só paro onde a liberdade é minha forca.
Vejo tudo, em minha volta, se inclinando,
Caindo e sobre mim se desmoronando.
Minha cabeça gira em quadrado e tira- me a sensatez.
O álcool me doma e ficam só ironias da embriaguez.
INSPIRADO...
Ataco o alfabeto e crio versos.
Estrofes caem e fazem o meu universo.
Por cima do papel montam- se e desenham frases.
Sem âncias, desenham- nas sem imagens.
Deixo a caneta deslizar e conversar com os dedos.
Afasto a mente e da gramática o coração rouba verbos.
Inspirado...
Escrevo sonhos criados,
Pesadelos lembrados e apagados.
Inspirado...
Sinto nas veias, palavras a correrem.
E na mente realidades e fantasias a transbordarem.