Zacarelli
ESQUIZOFRENIA
Turvo-me aos meus sentimentos
E me questiono surpreendentemente
Quem eu sou?
Por que estou aqui?
Por que você me olha assim
Como se eu não fosse nada?
Gesticulam os meus dedos,
Sinto-me tremulo, não é o frio!
Estático por algum momento,
Olhos me vigiam de longe
Eu posso sentir de perto,
Bocas que zombam de mim,
Mas a vida não acabou
Este pobre coitado
Que anda atrás de mim,
Para onde vai?
Que fazes por aqui?
A vida te trapaceou,
Olha pra mim, não estás sozinho!
Surpreendentemente sigo teu caminho,
Não vai me dizer que ela te deixou,
Por este mesmo motivo
O álcool é meu amigo,
Mas podemos superar juntos
A tristeza da falta de alguém,
Descermos e subirmos escadas
Passear ao parque
Jogar conversas fora
Não importa se estão nos vendo
Sempre caçoam de nós,
Por causa dela, engraçado!
Tenho a impressão de que grito
Mas ninguém ouve, ou finge não ouvir...
Esta noite quero conversar com meu travesseiro...
E debaixo do meu cobertor, amigo...
Sozinho. Desde que ela me deixou,
Acontece-me estas coisas,
Nem me conheço mais,
E às vezes me vejo parecido com você.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Village Outubro de 2008 no dia 20
ESTRUTURA DE UM LOUCO
Minha vestimenta
Não é de linho caro, nem raro...
Nem minhas alparcas de aço
Porém caminho descalço
Com minhas próprias pernas
Na areia do meu rastro, sem cansaço!
Carne, ossos e pele...
Oferecem-me como sustento
Mas se me faltar o pão?
Tudo isto se torna
Estrutura de um louco...
Dotado de um pensamento
Que é só meu
Às vezes pego por empréstimo
A ideologia de outros
Meu valor não está em meus bens
O meu mal despertou
A malícia de alguém
Alguém que confronta meu espírito
E do meu sangue quer beber...
O menor dos inteligentes é prudente
Não experimenta
A sabedoria dos deuses
O perigo está no poder
Por não saberem dosar
Da maldade constituída
Da mente ao coração...
A guerra trás paz aos que morrem
Então vamos lutar contra o sistema
Pois a morte não separa da dor
Esquarteja os nossos corpos
Evacua nosso suor
Lutemos contra tudo e todos
Contra nossa própria consciência
Que nos trai deste nosso amor.
Escrito por Marcelo Henrique Zacarelli
Janeiro de 2003 no dia 06
Itaquaquecetuba ( SP ) Ideologia e Pensamento
MADEIRO EM VÃO
Ao pé da cruz lamúria e ostentação
Hipócritas curvados ao nazismo
A irônica coragem do iconoclatismo
Diante do madeiro obedecendo ao alcorão.
Ao pé da cruz a valentia do pecador
A ordem e progresso constitucional
Não esclarecidas da bandeira nacional
Da corja dos políticos em estupor.
Ao pé da cruz a lembrança do calvário
Antihipocráticos da impunidade
Que fazem estéticas da humanidade
E mancha o sagrado manto sudário.
Ao pé da cruz o olhar do cristo incrédulo
Do mentor da justiça à esquerda crucificado
Do que rouba o pão à direita mutilado
Das feridas sobre o pulso do fincado prego.
Ao pé da cruz as lágrimas de Maria
A sociedade alternativa de pilatos
Seguidores envergonhados de seus atos
Do ignorado cristo crucificado todos os dias.
Ao pé da cruz tristeza e lamentação
O desperdício de sangue no madeiro em vão
Servirão de aviso pelo cristo sofrido
Aos predestinados filhos da condenação.
Pelo autor Marcelo Henrique zacarelli / 15/abril/2002