Yuuki Dier
Mais um dia...
Mais um passo à beira do abismo
Mais um dia...
E menos vou te compreendendo
Mais um dia...
E mais a distância entre nós cresce
Mais um dia...
É menos sentido faz a vida
Mais um dia...
Só mais um dia, e nada mais.
Mais um dia...
Quantos dias mais isso durará?
E mais um dia se passa.
O Dar de ombros I
A porta está fechada
Ou melhor.
A porta foi fechada
Num único e amargo golpe
Deixando tudo para traz
Do outro lado.
Com um único e seco som
Que ecoa nos ouvidos até hoje...
casualidades fazem parte da vida, um dia que aparenta ser chato pode mudar de repente, pense em quais frutos você colhe.
Eu queria que entendesse que me faço de pedaços de outros, e de mim. Não que eu tenha buscado me despedaçar, ou as artes estranhas de se reconstruir em fraturas. O mundo faz ser assim, te ofereci esse "Eu", cultivado e colhido dos tantos Yuukis que não vingaram. E te ofereci minha essência, que foi por tantas vezes atirada a mãos alheias e a paixões tão distintas da sua. Eu aprendi com essas mãos alheias, e me fiz isso, que diz amar. É... nauseante? Imaginar que já fui de outras pessoas? Que já foi deles, e que vivi vidas inteiras, vidas curtas.... É nauseante saber que no prato que agora comes... foi prato já servido? Limpo... e utilizado tantas vezes quando um faminto humano tenha vindo ao meu encontro? Pois tudo nessa casa, tudo nessa alma, já foi para o lixo, e retornou dele, já foi mais bonito e também mais triste do que essa figura que se reforma e se ergue por você. Tens medo de serdes mais uma fratura? Mais um enfeite de tragédias do meu passado? De se tornar mais uma mobília de um lar para ontem? De me fazer mais útil, apenas depois do trágico fim? Mas que fim? Tens medo, ou Tens gosto pela posse? Querias voltar no tempo? Que eu fosse teu, ainda antes de saber que existias? Querias um Yuuki imaculado? Mesmo que custasse tudo que ergui, que salvei, que destrui? Tudo aquilo que tu contemplava até um segundo atrás? Queres que eu me desculpe por tantos reveses apenas para que tenhas uma figura ao chão, para dar aquilo que tão bem aprendestes a dar: Misericórdia. Para ver sinceridade nesse ato triste eu precisaria sentir vergonha de ter sobrevivido a tudo, vergonha de não ter me tornado uma derrota viva, reclusa em tormentos inválidos, afogado em possas rasos, enforcado em fios frágeis, das frágeis aranhas de banheiro. Pois abro meus braços duros a ti, e sorrio com meus dentes gastos. Você fica? Você aceita? Não precisas responder agora, sei que meus olhos te intimidam. Te fazem menina vulnerável. Vou me deitar, pois a noite a muito me tomou a disposição, deixarei a porta aberta e... caso decidas partir, faça em silêncio. Deixe as lacunas, eu as preencherei. Farei honras ao que vivemos, você dera uma bela cerâmica, com um contorno vivo aos meus olhos. Tudo que foi bonito, tudo que foi feio, se encaixará em num mosaico de mim.
Se acaso tu permita que vejam-te desnudo, de corpo e de alma.
despido do medo, da experiência e da arrogância que acumulaste ao longo dos anos.
Despojado das fachadas, artifícios e máscaras.
Desocultando-se de onde assistiras a tudo, ao mundo....
Parado, de peito aberto, sem medo ou pudor, frente a todos.
Bem ali.
Este "ser" ainda seria você? Ainda lhe seria familiar?
Consegue enxergar?
Livre do que é superficial ou material.
Sem se importar com o preconceito social e pessoal.
Sem ontem.
Sem amanhã.
Somente aqui e agora.
Encarando a você mesmo, a sua excencia no espelho.
Teria a coragem necessária para tais atos?
Conseguiria você, estender a mão e a tirar desse buraco onde a enfiaras tentando desesperadamente abrir mão do que ela representava, apenas para seguir a opinião dos que o cercavam, tentando ser aceito ou notado, ou mesmo respeitado.
Se pergunta O que tu és afinal? Eu lhe digo:
Resultado dos anos. Um reflexo do que a sociedade esperava que você fosse, Seguindo as ideias e os comportamentos que lhe foram impostos, Criando sonhos e esperanças alheias a sua vontade ou desejo, oprimido perante as perspectivas inalcançáveis sobre seus olhos.
Até que um dia, delirando das maiores loucuras, ou na paz da maior das sanidades, começa a questionar, e questionando vai encontrando respostas, que pouco a pouco limpam sua visão, até que consigas ver-te no espelho, desnudo, despido e revelado, de corpo e alma. E aquele "ser" que o encara de volta sorri, de leve; pois sabe que tu estiveras cego, mas agora estas no caminho certo, e um dia, ouvindo O som da chuva, em uma tarde de verão, estenderá sua mão e dançará, lado a lado, com essa excencia a pouco revelada.