Yoman Ceifeiro
O Ser humano continua fadado a destruir sua própria espécie, e aos pouco arruinando seu próprio lar.
A sociedade caótica que nos cerca, acredita em entidades demoníacas e que estão se esgueirando ocultos a nossa volta, mas se olharmos bem no espelho, vemos que nós mesmo somos os demônios e que não há inferno algum.
A vida é como uma floresta sombria e traiçoeira, onde apenas os sagazes realizam a façanha de decifrar e seguir as trilhas enigmáticas para depois ver o mundo com outros olhos. Aqueles que são desprovidos dessa habilidade, se perdem nos caminhos da ignorância.
Que a lua continue a me espiar enquanto sigo as trilhas sombrias da vida, que seu brilho enigmático e pálido jorre nas trevas gélidas que me cercam; ou serei mais uma melancólica alma perdida nas sombras!
Quem dera pudesse ser um corvo, com a ferocidade de um lobo para vagar pelas florestas gélidas do norte.
Minha força flui quando a pálida lua emergi no céu sombrio; não tenho medo nem da penumbra e nem dos seres que se esgueiram nas sombras, pois eu também sou um deles.
O cérebro da maioria dos jovens de hoje é como uma caverna profunda. Mas cada livro que você lê é como um fio de luz invadindo as trevas.
Grandes mistérios se escondem na noite fria onde vago, e
um deles se esconde dentro do meu ser,
e sempre ele espreita pelas janelas que são meus olhos.
Sou um pedinte perdido no vale sombrio, lugar onde meus sonhos são assombrados por abantesmas que brotam de minha mente conturbada.
Escolha seus guerreiros pelo número de cicatrizes e não pelo tamanho de seus músculos; elas são histórias sussurradas pelo aço. _ Gromur, bárbaro de As Crônicas das Sombras.
Porque que estão procurando vida inteligente em outros planetas? A resposta é simples: porque aqui está escassa...
SILÊNCIO
Vagueio como um pedinte pelas ruas ermas e orvalhadas
nada escuto além do sussurro do vento, apenas meus pensamentos sombrios...
As trevas e a névoa engolfam todos os lugares ao meu redor com um manto deprimente...
É naquela hora gélida e lúgubre, provida de um silêncio fúnebre...
Eu me sinto totalmente em paz... ignorando meus medos sepulcrais...
E nada mais escuto a não ser o vento; mórbido e agourento.
Me sinto tão bem, mesmo naquela melancólica calada noite...
Me pergunto porque amo o ermo e o frio do inverno... assim como a noite...
Mas o silêncio é a única resposta que ouço...
Floresta Velha
Os ventos que me sopram são sussurrados pelas árvores negras da floresta gélida, e nessa brisa fria sinto-me sombrio como a penumbra. Quero nessa floresta vagar enquanto a chuva cair sobre meus cabelos vastos.
Os bosques tenebrosos tem a vida e oculta figuras de olhares frios.
Posso ouvir seus ecos fúnebres,
E eu invado sua treva proibida
Perambulo em meio às névoas lúgubres cheias de assombrações.
Tenho como guia um velho corvo,
Ele entoa sua mórbida canção
E eu sigo o seu agourento chamado.
Tão profunda floresta, acolhendo minha presença errante,
Tão negra quanto o meu próprio abismo, não tem fim, abriga a sombra que tenho me tornado.
ÚLTIMO SUSPIRO
A escuridão abraçou minha alma vazia
Vejo meu mundo se diluindo, sufocado pela
Mortalha do destino.
Gotas rubras pingam de meus pulsos dilacerados
Frias, sem dor, sem vidas...
Nada mais importa, apenas meu último suspiro.
Vejo a luz esvanecer e a escuridão eterna me engolfar.
Sinto o mórbido sussurro da morte me chamando,
Enquanto a chuva entoa sua lamúria no vale da névoa fúnebre.
Minha essência melancólica mergulha
Na solidão da natureza morta.
Agora eu posso vagar ao lado dos emissários do silêncio,
Nas sombras gélidas, eu caminho em meio aos túmulos ermos
Sentindo as brisas deprimentes soprarem minha lápide!
Meu mundo agoniza, tudo que resta, são memórias esquecidas.
No orvalho da floresta, minhas cinzas caem e
São sopradas pelos ventos frios do inverno.
Agora posso voar como os corvos,
Enquanto meu espírito mórbido descansa
No vale do silêncio eterno.
Minha Escuridão.
Sinto-me sufocado pela mortalha do destino...
Com a mente permeada... enevoada e assombrada pelo passado.
Minha mente se assemelha há um velho cemitério...
Impregnado de pensamentos conturbados...
como labirintos assolados pelo manto da escuridão.
Cada lembrança como uma lápide... melancólica e olvidada.
Eu estou me diluindo... sufocado pela escuridão da minha mórbida alma.
Nos meus olhares psicóticos, carrego
A frialdade de uma alma mórbida.
Eu sou apenas mais um ser subestimado por aqueles que insistem poluírem minha visão com seus rótulos idiotas!
O homem não crucificou nenhum Messias, mas está crucificando sua própria existência... a cada árvore tombada, uma martelada.
ACORDA
— Nessa manhã nublada, tudo está tão diferente... não vejo mais o véu da escuridão e a felicidade brota...
— Acorda... Eu sei, eu sei, você queria que
fosse assim, queria viver nesse sonho.
— Quem é você?
— Sou aquela que quando passam por você, ninguém vê...
Sou uma névoa melancólica fadada a sofrer...
Sou a que chora, mas é você quem derrama as lagrimas...
Agora lembra quem sou? Acho que não... você não se importa...
Vive imaginando que o mundo é como suas ilusões...
Sou alguém que realmente sonha... mas sei que o mundo
É o que realmente é... um lugar onde a mentira impera.
Você não é cego, mas não enxerga essa verdade... porque tem medo!
Alma Mórbida
Olhos sepulcrais espreitam e cantam uma melodia sonâmbula, que tão melancólica encanta, como o olhar medonho de uma gárgula. Paro-me então diante deste labirinto de devassas, enquanto a chuva me orvalha, e o verme vil escarneia sob a cova, e na sua ânsia voraz, espera... Essa casca provida de uma alma mórbida e perversa, que nas sombras góticas se esvanece
que no lirismo padece.
EPITÁFIO
Abstraindo de minhas memórias moribundas
No enlutado da cripta cinzenta à imagem de um sonho remoto... mas essa ablepsia faminta turva meus anseios.
Essa mortalha mortiça que se debruça sobre mim;
Restando apenas esse sonâmbulo do crepúsculo
Neste vil cenário ornado de obras mortas'
'Eis-me mais um enfeite tumular enfeitando estre antro depravado...
Nas nuanças da desolação... perambulando pela noite nimbosa
Olvidado das lembranças, restando apenas a sombra de uma esperança...
Como um corvo velho fadado a murmurar seu impreco...
Sussurros nefastos jorrando aos ventos, apenas lamentos da língua de um moribundo'
'E aqui inerte na frialdade da necrópole...
Neste túmulo orvalhado qual urde a morte me anseia
Deixo inscrito o epitáfio “Ceifeiro”.
Noite
Mãe dos seres nefastos, rainha ornada com uma coroa pálida, você que acolhe almas carcomidas por um passado obscuro como o véu que você exala.
Somos nada mais que vultos mórbidos que se refugiam na melancólica penumbra; tentando se libertar desse ergástulo.
Somos seres que amam a desolação, o frio e o orvalho da chuva.
Noite fúnebre que nos faz refletir
Sobre esse caos que impera nesse mundo abastardo de ignorantes.
Por isso que amamos a solidão, o silêncio e os mórbidos rangidos agourentos das árvores tristes sob a luz moribunda da lua.