Yago Toledo
É por que estou cansado. Cansado de viver uma farsa, de falsos sorrisos, de uma falsa alegria. Quero ser eu! Mas quem sou eu? Um coração calado em seu som, perdido em seus caminhos, alucinado em sua mansidão e, que ainda assim, continua a bater.
Me desculpe, não posso mais me sujeitar a isso. Tem hora, sabe, que a gente precisa nos poupar. Chega de palavras não ditas, olhares cheios de significados, uma esperança jogada no ar. Eu quero mais, eu quero o mundo.
Eu só quero olhar nos seus olhos e ter a certeza de estar fazendo a coisa certa ao ir embora. Partir assim mesmo, sem rodeios e sem medos. Está na hora de cuidar de mim, cultivar outros sonhos, outras coisas, outras pessoas, outros mundos, outras esperanças, outras ilusões, outros amores... e outros fracassos, outros choros, outros dramas. E me reerguer novamente, e começar tudo de novo.
De repente, enlouqueci. Já não era mais eu, só as minhas estranhezas tomando conta de mim. Não iria resistir e nem queria. Me permiti chorar, espernear, me jogar no chão, me libertar... Me libertar de tudo aquilo que as pessoas tinham pra mim, da angústia. Não me prendia mais ao tempo, era alma e espírito vagando na imensidão dos meus sonhos. Preso no meu mundo por que assim quis. E é bem assim que eu vou ficar, aqui mesmo. Há uma graça em enlouquecer e, melhor ainda, há uma razão em tudo isso. Gritar, gritar e gritar até perder a voz, e não ligar para as opiniões alheias. Viver enlouquecido, essa é a minha missão daqui pra frente.