WITTEMBERGUE MAGNO RIBEIRO
TEMOR ou MEDO?
Tenho temor!
Tenho medo!
Meu medo às vezes é maior se penso em Ti.
Vivo com medo do que deveria ser apenas temor.
Se em algumas ocasiões Te ouço dizer pra não ter medo,
Em outras é como se eu Te ouvisse dizendo para ter.
Ando com medo de meu silêncio,
Medo do Teu silêncio,
Medo dos meus pensamentos,
Medo desse meu comportado pavor.
Enfim, tenho medo dos meus medos!
Tenho medo até de confundir-me nas escolhas;
Medo que o passado se faça presente,
Que o presente não seja futuro,
Medo que desconfiem que esteja com medo.
Temer ou ter medo? Ambos!
Sei que temer a Ti é odiar o mal;
A soberba e a arrogância,
O mau caminho e a boca perversa.
Preciso e quero odiar tudo isto!
Tenho medo de não conseguir.
FÉ
Às vezes presente,
Tantas vezes ausente.
Presente ou ausente,
Eu tenho fé.
Seja do tamanho de um grão,
Seja microscópica,
Sutil ou intensa,
Ela é a minha fé.
Se com ela me convenço, sem ela me venço.
Se com ela eu falo, sem ela me calo.
Se há nela esperança, sem ela nada sou.
Nos territórios transitórios da vida,
Espero algum dia poder ouvir:
A tua fé te salvou!
A Espera (I)
Estou à Tua espera
E Tu bem sabes.
Ando cansado,
Espero cansado, mas espero.
Procuro ouvir a Tua voz,
Nem sempre ouço.
Agora, só silêncio.
Assim mesmo Te espero.
Enquanto Te espero,
Altos e baixos.
O Teu tempo me confunde,
Contudo, Te espero.
Onde estás?
A Espera (II)
Já não há mais forças;
Já nem mesmo sei o que ainda há.
Minhas limitações ultrapassam os meus limites;
Meus sentidos pouco Te sentem,
Tudo anda comprometido.
Não que eu tenha desistido de Ti,
Contudo, não sei esperar.
Preciso esperar!
Tuas palavras confortam, mas já não resolvem;
Teus gestos andam tão imperceptíveis,
Ou a minha sensibilidade que tem andado insensível;
Nada a flor da pele.
Nada além do que vejo.
Não que eu tenha desistido de Ti,
Apenas não aprendi Te esperar.
Vou ter de esperar!
Nessa partida de um jogo inacabado;
De tempo em tempo, prorrogação;
A vitória é só esperança.
Já a esperança, anda tão desesperada;
Busco alívio e em vez disso, angústia.
Mas não vou desistir de Ti,
Tenho de aprender esperar.
Eu vou Te esperar!
DESABAFO
De tudo que eu sei,
Pouco ainda sei de Ti.
Também pouco tenho a meu favor,
Se confuso e efêmero é tudo quanto já sei que sou.
Ah se eu soubesse ao menos um pouco do muito que sabes de mim!
Ampliaria nossos horizontes;
Reduziria nossas diferenças;
Me direcionava para bem mais próximo de Ti.
A REFORMA
Foi preciso ver desmoronado o castelo;
A areia cedeu ao primeiro sopro.
Foi preciso um novo dilúvio,
Para me dar conta que até a fauna sucumbiu;
Foi preciso despir-me por inteiro,
Para enxergar sujeira nas minhas vestes;
Foi preciso a reforma; foi precisa.
Precisa pela tempestividade;
Precisa em continuidade;
Precisa para a eternidade.
A CHEGADA
Quando chegou, eu ainda Te esperava;
A retina já embaçada,
Subitamente tornou visível o Teu invisível rosto.
Os meus ultrapassados limites,
Passaram entrever doces horizontes,
Somente porque Tu chegaste.
Se não fosse a dolente espera,
Queria eu Te esperar mais vezes,
Tudo para divisar Tua sutil aproximação.
Quando Tu chegas,
A imaginação cede lugar ao real,
E o silêncio converte-se em euforia.
Porquanto, já não careço saber onde estás,
Conquanto a espera cessou.
Tu, estas bem aqui!
Por Magno Ribeiro em 1/4/2009 (04h45min)
ILHADO
Do negrume daquele instante,
Enxerguei o facho da Tua luz;
Ilhado pelo que me maculou,
O que a partir de Ti reluziu,
Transformou-me numa possibilidade.
Esta possibilidade em espera;
E a espera na Tua definitiva chegada;
Do clarão deste novo instante,
Vi-me carinhosamente embarcado por Ti;
Daquilo que me ilhava, salvação!
Agora em águas claras,
Navego somente em Tua direção;
Tu já És o meu caminho,
E a verdade de minha vida.
Por Magno Ribeiro em 3/4/2009 às 6h46m.
ESCOLHAS
Arrisquei-me escolhendo!
Bifurcações se multiplicavam diante de mim.
Quanto mais atraente fora a rota escolhida,
Tanto mais forte colidi, ao final fracassei.
Dos fracassos de ontem,
Restou-me a timidez de hoje.
Ainda arrisco-me quando escolho!
Nem sempre escolho o que quero,
É no que não quero para onde se inclinam minhas tendências.
Convivo nesta contínua peleja,
Da pertinácia que emerge dos meus tecidos,
Com o que busca inovar os meus sentidos.
Agora mesmo preciso escolher!
Desde já corro riscos.
Se enxergar o que perversamente me atrai,
O que é benévolo, o que me encanta, distancia-se de mim.
Felizmente já não mais estou só,
Fui escolhido, logo pressinto o que devo escolher.
Por Wittembergue Magno Ribeiro em 12/4/2009 às 12h30min
SINOPSE
De equívoco em equívoco,
Distanciei-me do Teu habitat.
Ignorei tudo que já havias planejado,
E sem pestanejar me senti absoluto.
Aventurei-me por traçar sozinho outro plano;
Idealizei, projetei, executei, fracassei.
De fracasso em fracasso,
Abismos atraíam outros tantos.
Se as manhãs eram dedicadas aos sonhos,
As noites embalavam pesadelos.
Excedi-me em excesso,
Enfureci-te descomedidamente.
A fúria do Teu amor,
Causou-me espasmos em toda musculatura.
Meus ossos como que esmagados,
Deixaram expostas as fraturas das minhas transgressões.
Mesmo depois do Teu socorro,
Ainda sinto dores, enxergo cicatrizes.
Em vestígios de estrago
Enternecido aceitastes minha contrição.
Abrandastes o rigor do castigo,
Premiado fui com o Teu perdão.
Por toda expressão de Tua grandeza,
Me rendo, me prostro, Te exalto, Te adoro.
Por Magno Ribeiro em 17/4/2009 às 00h:50m