Wilson de Lavor
Ame até quem for estranho,
E quem estranhe ser prezado.
O amor dará seu ganho,
E não se acanhe, em ser amado.
MAPA-MUNDI
Certas coisas eu aprendo
Uma espanta, outra confunde
Não localizo um paraíso
Nesse imenso mapa-mundi
Quero ser de qualquer país
Quero que o amor inunde
Onde houver corações hostis.
A paz vencendo onde haja guerra
Um rei que crie uma lei que diz:
"Pra ser um lar basta ser terra."
Mais flores que armas nas mãos
Mais sorrisos que carrancas
Ser irmão para nossos irmãos
E uma só bandeira toda branca.
Receita de Feijoada
Junte gente, feijão, limão, cachaça
Tire o sal dos salgados, vá juntando
Os temperos, os molhos, encha a taça
De caipirinha e vá se temperando.
Não se esqueça do paio, da linguiça,
Da laranja, da couve e da farofa.
Leve tudo ao fogo sem preguiça
Porque gente com fome filosofa.
Faço assim uma boa feijoada
Com panela de barro na fervura
E torresmo tostado na fritura
Que não falte a cerveja bem gelada.
E que Deus, livre e guarde da azia
Os que comem feijão com poesia.
Apenas Ame
Ame mesmo sem querer, amar
Se puder aprenda ser, o amor
Ame de dentro pra fora
Mas ame agora, agora...
Se teu próximo se for
Ame-o até depois de perdê-lo de vista.
Que a saudade faz a dor
Como a flor faz o florista.
Ame até quem for estranho,
E quem estranhe ser prezado.
O amor dará seu ganho,
E não se acanhe, em ser amado.
Bolos da Marta
Tem bolo de milho
Pro café do pai,
Pro café da mãe
E o lanche do filho.
Tem bolo de queijo
Com gosto de beijo de lá da canastra.
Tem de chocolate, cenoura, laranja
Limão e aipim.
Quando o cheiro se alastra
Com cravo e canela é bolo de pudim.
Leva bolo freguesa
Põe bolo na mesa, de segunda a quarta
Na quinta e na sexta
Tu leva uma cesta de bolos da Marta.
Pro fim de semana
Tem bolos da mana
Com gosto de festa
Leva bolo freguês
Deixa um dia do mês
Para o bolo floresta.
Café da Val
Olha o panorama
Do café da Val...
Você levanta da cama
Ela já preparou o café matinal.
A noite ela faz mise en place
Adianta tudo pro dia seguinte
Faz foto bonita e posta no face
Mostrando o que fez com requinte.
Quando o galo canta
E o sol se levanta a mesa tá posta
É o café da Val
Tem suco natural
E tudo que tu gosta.
Tem carne assada, tem nhoque, lasanha,
E até costelinha com o tal barbecue
Joelho de porco, chucrute da Alemanha
Frango de panela, costela, rabada
E picanha no grill.
É o café da Val, é um café gourmet
Quem comeu, repetiu.
É Fato, e Não Fake
Sempre na pindaíba
Ele não tinha necas de pitibiriba
Sob o lume da lua
A calçada era a cama
Com o pé atolado na lama
A morada era a rua.
Mas era um boa-praça
Fumando bituca ou bebendo cachaça.
De repente correu a notícia
Boca a boca pela vizinhança
Para uns era fato
Para outros era fictícia,
Aquela história de herança.
Mas o fato é real
O baiano voltou pra Bahia cheio do cacau.
Mas é fato e não fake
Na Bahia hoje em dia,
Ele até que parece um sheik.
Enluarado
Vem pisar na areia
Vem brincar na beira do mar
Tem uma lua cheia
Pronta para te banhar
Larga a timidez
Vem, vem pra ver a lua
Bela de tanta nudez
Esperando a sua.
Eu aqui, apaixonado pelas duas
Todo, enluarado pelas nuas.
MEU CAMINHO
Tenho um caminho a caminhar
Me deixa passar, me deixa passar
No meu destino hei de chegar
Já sei me guiar, já sei me guiar
Sigo meu instinto
Meu sonho é meu rumo
É a crença que tenho
Pra mim eu não minto
A verdade eu assumo
É força da fé que me traz de eu venho.
Minha realidade se cria
Na emoção que eu sinto
O poder do amor é que faz a magia
A minha oração é a tela que eu printo.
Nosofobia
Vê se você para e pensa
Ter ciúme é uma doença
E eu sofro de nosofobia
Sua descrença é uma dor intensa
Uma incurável alergia.
Nosso amor caiu em crises
Sem cairmos em deslizes
Ficas de bico, só porque passei da hora
De papo e chope eu não abdico
Passa o tempo, lá eu fico
E isso assim demora.
Como é que eu posso, me diz
Ao lado teu ser feliz
Se teu ciúme, é demais, demais!
De tudo você se queixa
Mas nem lucrando me deixa
E ainda leva minha paz. A minha paz!
Vê se você para e pensa
Ter ciúme é uma doença
E eu sofro de nosofobia
Sua descrença é uma dor intensa
Uma incurável alergia.
Quem ama, em seu bem confia
Qual um cego no seu guia
Não fantasia que o outro pula a cerca
Não dou motivo para ser tratado assim
Se você gosta de mim
Se encontre e não me perca.
Como é que eu posso, me diz
Ao lado teu ser feliz
Se teu ciúme, é demais, demais!
De tudo você se queixa
Mas nem lucrando me deixa
E ainda leva minha paz. A minha paz!
Se pra me amar você não serve
Pra beber deixa que eu me sirvo
Cerveja quente e mulher que não ferve
Não indico pra nenhum ser vivo.
No meu copo quero espuma
Loira suada, gelada a zero grau
Porque se não a cobra fuma
Eu faço um fusuê no carnaval.
Seja no copo, na latinha ou no gargalo
A cerveja vai pro ralo
A boca beija, eu deito e rolo
Na quarta feira
Depois do cantar do galo
Aí é que eu quero colo.
Quando uma música toca na mente
Ela é excelente.
Quando toca na alma, é eterna.
Quando só toca no aparelho reprodutor
Que reproduz o som,
Ela é o retrato do compositor
Que não fez bem
O que era pra ser bom.
O Ontem passou aqui em frente
E eu mal percebi
Que o tive presente.
Mas tudo bem!
Ontem jurei: vou viver amanhã.
Ontem jurei: vou fazer amanhã.
E hoje? O que escolher?
Viver, fazer ou tudo junto?
Se para amanhã, a única certeza agora
É que darei um belo defunto.
Se For Pra Ser Um Casal
Já me disseram que você só flerta
E nada de compromisso
Pra você, já liguei meu alerta
Nem pensar, deixa disso.
Só porquê saio na noite,
Canto, bebo e danço
Não quer dizer que eu saí na caça.
Seu jogo é sem bola na rede,
Sua rede sem balanço
Você só quer matar a sede
E eu não sou bebida servida na taça.
E olha aqui rapaz
Vou te mandar a real
Dou beijo, cama e até muito mais
Se for pra ser um casal.
Musica: A Casa Caiu
Como numa casa em construção
Tijolo por tijolo
Construindo a relação
Como é que eu poderia imaginar
Que estava sendo tolo
Por te amar
Você morando no meu coração
E eu no seu nem tendo onde ficar.
A casa caiu
Seu amor era uma farsa
Seu castelo agora desmorona
A mentira era sua comparsa
Mas a verdade nunca abandona
Quem tá com ela.
De beijo em beijo
Vou reconstruir meu coração
De bar em bar
Nem vou sentir a solidão.