Wilmma Zapori
Desenvolvimento humano é um constante exercício de reconhecimento sobre quem somos, quais são as nossas capacidades e valores, sobre a posição do humano num mundo tão cheio de coisas(...)
Beleza, no século XXI, é a física e a material, mas é também a interior, alcançada quando pessoas fazem uso das suas capacidades. A evolução humana passa a ser também uma forma de beleza. O bem-estar é o físico e o material, mas é também o sentimento de paz, de satisfação, de realização, de harmonia e de prazer, em última instância, do prazer em estar vivo e de bem com uma vida mais equilibrada considerando a mente e o corpo. A ideia de bem-estar físico está cada vez mais sendo ampliada para além dos limites do próprio corpo humano.
“Seria este, talvez, o momento” exato de examinarmos e distinguirmos as diferentes espécies de manipulação e de alienação existentes e encontrarmos maneiras de vigiá-los, corrigí-los ou nos defendermos destes. Podemos reunir as tantas luzes que já temos e favorecer o processo evolutivo humano e não apenas os números do PIB e do PNB.
Já é possível ampliar valores e direitos humanos em todos os campos e isto inclui, além do comportamento individual, principalmente mais qualidade nos sistemas de educação e de política em todos os níveis. Isto pode não ser um sonho impossível ou visionário. As possibilidades são reais e já existem energias circulando para este sentido. A geração do século XXI pode ter a disposição necessária para esta tarefa.
A diferença geral entre bem e mal está no sentido de que o bem é sempre o desejado enquanto o mal é repudiado. Podemos pensar no bem como aquilo que contém substância e essência. Sempre quando desejamos, desejamos algo e seja o que for este “algo”, desejamos porque de alguma forma existe. Existindo, tem substância e essência. Podemos pensar em “substância” como o lado material das coisas e como “essência” como o lado mais sensível, embora ambos estejam em constante contato um com o outro (nem sempre essência e substância se separam).
Valores humanos e desumanos estão interligados aos sentidos e sentimentos de bem e de mal. Acompanhando as ideias de Kant podemos entender que “o bem é um objeto necessário da faculdade de desejar enquanto o mal um objeto necessário da faculdade de refletir”.
Entre os mecanismos da não evolução (estagnação ou involução) estão a preguiça, a covardia e o comodismo. O comodismo é observado na preguiça e na covardia de pensar, e conforme Kant argumenta, parece ser uma situação de conforto, pois pode ser cômodo deixar que outras pessoas pensem, façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais fácil que alguém o faça por nós, do que fazermos determinado esforço. É semelhante à descrição já comentada de uma escravidão consentida.
A atuação sobre os nossos mecanismos mentais é infinitamente mais difícil e complexa que a atuação da manipulação pelos nossos mecanismos físicos de percepção. Se, somos facilmente manipuláveis, o somos pelas vias do comando físico do nosso corpo ou porque nossa mente está desnutrida e deixa que impulsos mecânicos comandem a vida. Se haveremos de ser sempre seres manipuláveis, então que seja pelo caminho mais difícil, pela nossa mente e mediante uma mente bem alimentada. Assim, o manipulador terá ...
Não havendo educação com qualidade, informações, meios que ampliem o exercício da reflexão e assim da consciência, entra em cena a imposição pela via da lei (apostando na disposição inata de pessoas à obediência e à subordinação) (...)
Cultura genuína é a arte (literatura, dança, música, desenho, pinturas, cinema, a produção que envolve a mente e o corpo em harmonia, etc.) e o seu instrumento é a criatividade. Se a criatividade é o produto da cultura genuína e esta tem por condição o exercício da liberdade e da autonomia, mesmas condições necessárias para o desenvolvimento humano, então o que representa a cultura genuína e por consequência a criatividade, representa também um meio positivo no processo de desenvolvimento humano e de bem-estar.