William Grilli Gama
Em alguns momentos da sua vida, você sentirá dúvidas. E essas dúvidas te darão medo, mas não te assustes. É sempre bom que tenhamos dúvidas no nosso coração. Isso tem muito a ver com o que é ser humano. Tem a ver com ter medo das decisões de ontem, porque elas nos afetam hoje. Das de hoje, porque elas afetarão nosso amanhã. E ainda pior, é ter medo do que poderá vir amanhã, porque isso, minha querida, ninguém pode saber.
Ponto muito importante para se viver uma vida plena: Confie sempre que teu coração te guiará às decisões certas, porque é o teu coração que se alegra e que se entristece e não a tua mente. E não a tua razão.
A razão faz tudo na vida parecer muito técnico e exato, como se para tudo houvesse uma receita. Mas a vida da gente é vivida quase toda no improviso. Então improvise! Improvise, mas se faça feliz.
E eu seria o que fui, não teria mais chance de vir a ser
Seria o caminho errado indicado por mim mesmo
E o exemplo perfeito do fracasso de um.
Seria o errante por um deserto gelado
Caminhando pelo ártico em chamas
Veria a noite brilhar dourada
E o dia desvanecer-se negro
Não seria o que fui...
Seria o que sou.
É certo que somos consequências inevitáveis das nossas escolhas. O agora se refletirá no depois que, por sua vez, se encerrará na justificação do antes. Ora, o medo é, muitas vezes, inevitável, mas isso justifica que eu adote uma postura passiva de quem sabe o que me espera, mas espera retardar o devir inevitável?
Assisto diariamente pessoas que sabem que se aproximam de momentos decisivos (se é que todos não o são), mas que se fazem indiferentes a essa realidade, como se o não pensar no que lhes vem, evita-se o que de fato lhes virá. Pessoas que ignoram que seu esforço será justificado, mas que sua indiferença e inação lhes serão cobradas pela credora mais cruel: a vida.
Nós somos donos do nosso destino e a sorte não nos ajudará de graça.
Não sejamos quase mortos. Voltemos à vida e sejamos nossa sorte. Riamos felizes com quem nos importe, mas façamos...
A conseqüência do esforço nosso, será, para outros, nossa sorte...
Ontem talvez a vida me parecesse o corre-corre frenético de quem na pressa sabe onde quer chegar. Hoje estou atado a uma sorte que parece ser a que escolhi, mas que não reconheço nos sonhos do ontem que, em nada se parece com o que me virá amanhã.
Ainda bem...
Quando olhamos lá na frente e nos vemos felizes, não importa como, não importa com quem, sentimos uma felicidade que é daquele dia que talvez não chegue, mas no dia que já nos chegou. E mesmo que o sonho seja tão frágil quanto um biquíni de chantilly que se desfaz nas águas da cachoeira, é importante que se sonhe. Nos sonhos somos reis, heróis, infalíveis em tudo... nos sonhos nós somos felizes.
Sonhar não implica em deixar de viver. Antes, o sonho é o prenúncio da realidade que nos chegará. Não devemos sonhar se não for para querer fazer do sonho a realidade de amanhã. Sejamos, pois, sonhadores em tudo, sem medo de sonhar.
Uma vida mais ou menos não vale mais do que uma vida não vivida, mas vale muito menos que uma vida de quem se permitiu viver, de quem não temeu se lançar ao que os dias tinham pra oferecer.
De que importa se esforçar para ser aceito por quem te cerca e, para isso, deixar de ser quem você é e se tornar quem esperam que você seja?
A vida é única e uma. E não é justo, para conosco, que queiramos achar no outro a aprovação para aquilo que somos nós. E não é justo, para com os outros, que queiramos parecer para eles, justamente aquilo que não somos. Se formos o melhor daquilo que temos que ser, seremos também o melhor que teremos pra oferecer.
Mas não pense muito no que ser. Está na hora de viver, porque a vida, a vida não para de viver.