wiliam de oliveira
Atenção senhores passageiros! Está na hora de renovar o passaporte!
Estaremos dentro de pouco tempo começando mais uma viagem com um tempo previsto em todo o trajeto de 365 dias. Carimbem o passaporte, definam o destino e embarquem na plataforma 2017. Quem tiver mágoas, ressentimentos, pendências e tristezas antigas na bagagem, favor descarregá-las no Balcão 2016, ao lado dos banheiros. Recomendamos o uso dos sapatos da boa vontade e as camisas do otimismo, evitando, durante a viagem, as saias justas da competitividade insana e os nós da gravata da ambição desenfreada.
Os passageiros que portarem sorriso nos lábios, coração aberto e mãos prontas a construir terão assento preferencial ao lado da janela da felicidade. Solicitamos a todos que apertem o cinto da esperança e recomendamos que ninguém, em hipótese alguma, utilize a saída de emergência durante a viagem.
Caso haja períodos de turbulência, mantenham a calma e a confiança no piloto desta aeronave, o Grande Comandante Universal. Em qualquer situação de medo ou desespero, contem também com nosso atendimento de bordo realizado permanentemente por nossos anjos do espaço que estarão ao lado de cada passageiro. Recomendamos durante todo o trajeto, atitudes de solidariedade, de atenção e carinho, principalmente, com as crianças e idosos, o que garante a participação em nosso programa de milhagem.
O ar das cabines, em virtude das ações do homem, está extremamente seco, por isto, sugerimos a ingestão de água durante toda a viagem. Além disto, moderação com os alimentos gordurosos. Recomendamos também exercícios físicos como exercitar as pernas, braços e pés, evitando os inchaços prejudiciais à saúde.
Importante lembrar, que embora tenhamos pessoas viajando em classes diferentes, nada assegura que na próxima viagem os passageiros terão direito aos mesmos assentos. Portanto, respeito e bom relacionamento com cada companheiro de viagem, independente da classe a qual pertença, será motivo de avaliação no momento do check-out. Para isto lembramos utilizarem o crachá da amizade e palavras de agradecimento e compreensão.
Teremos, como já é de conhecimento de todos, muitas escalas durante o trajeto, o que implica na necessária entrada e saída de pessoas, valendo recordar em todos os momentos da contínua confiança no Grande Comandante Universal.
A todos, uma excelente viagem!
Feliz Ano Velho
Primeiro dia de 2020. Ano Novo. Vida Nova.
Levanto e vejo sobre a mesa da sala, contas de luz, água, boletos diversos. Acho que tenho boleto até do Boletta (casa de vitaminas próxima ao Mercado Municipal ). Me recordo que antigamente existia o carteiro, agora existe o conteiro. Ao preparar um café, deixo a xícara cair e ela se reparte no chão. Ao abaixar para recolher os cacos, minha coluna lembra que ela existe. Em cima da cômoda (que palavrinha mais antiga), remédios me consultam sobre os incômodos do mundo.
Saio para o quintal e vejo cocôs do cachorro que terei que recolher. Fica para mais tarde. Resolvo ir me espreguiçar na rua e um carro passa com o som na maior das alturas tocando aquela música de “sofrência sertaneja” ... (Por que será que o “amor sertanejo” nunca dá certo?)
Em cima da grama, dorme uma garrafa vazia de champagne. O réveillon deixou rastros. Jogue o lixo no lixo. Dou uma olhadinha no whatsapp. Dezenas de vídeos, carinhas, textos...desejando “Feliz Ano Novo”. Agradeço a todos em minha mente, mas sei que não vou ter tempo (talvez paciência) pra responder. Feliz Ano Novo pra todo mundo !!! Toca o celular. Um parente pergunta como foi a passagem de ano e nem bem respondo e ele deita a falar sobre a política atual e pergunta: o que acho? Eu ainda nem achei nada, até porque não estou procurando, e ele despeja os problemas financeiros, econômicos, sociais, psicológicos, morais, sexuais que todos nós brasileiros, segundo previsões astrológicas, meteorológicas e fisiológicas, teremos que enfrentar. Brasil, ame ou deixe-o. Desligo o celular, minha cabeça tá cheia e resolvo esvazia-la refletindo que o mais importante é o verdadeiro amor. “É o amor, que mexe com minha cabeça, me deixando assim”. Ah, essa música sertaneja e suas sofrências! O Ano Novo começou...
A pandemia vai muito além da pandemia. Muito mais que uma doença que se alastrou por todos os continentes, ela trouxe à tona, para a superfície, muitas das nossas “doenças” que há tempos vêm contaminando a humanidade. Veio expurgar o que existe de luz e de sombra em cada um de nós. Ela é a nossa “febre” demonstrando que o organismo social está com comorbidades e que embora o oxigênio exista, indistintamente, para todos, milhões de seres estão com dificuldades de respirar, sufocados pela miséria e por injustiças sociais de toda a espécie. Chegou para testar, colocar à prova, todos os nossos valores: a solidariedade, a paciência, a empatia, a esperança, a fé, a honestidade, o respeito, a tolerância, o otimismo, a persistência, a compreensão, a responsabilidade, a sensibilidade, o senso de humor, a resiliência e tantos outros. Por isso, está tão difícil para todos nós, porque nossos princípios são baseados na vaidade, madrinha de tantos equívocos. Assim, é como se uma pessoa fosse habituada a cantar sozinha durante dezenas de anos, a música que ela mesmo escolhia, e, de repente, ter que, compulsoriamente, cantar em um coral, onde a sua voz é apenas mais um naipe junto a tantos outros, além de ser obrigada a entoar canções que não fazem parte do seu repertório. Por isso, está tão destoante o período que vivemos e estamos desafinando tanto. Mas, espera um pouco, a vacina está chegando e ela nos livrará da Covid. Sim, estamos todos torcendo para que isso aconteça o mais rápido possível. Contudo, pode ser que as nossas outras “doenças” continuem a se alastrar e a contaminar todo o nosso corpo social. Dessa maneira, estaremos imunes à Covid, mas, verdadeiramente, permaneceremos doentes. (wiliam de oliveira)
Fica decretado que a partir de hoje será obrigatória a abertura do que esteve fechado nos últimos anos. Assim, todo ser humano deverá abrir as janelas, o sorriso, os braços, o coração e a mente. (wiliam de oliveira)
Fui na psicóloga para tentar me encontrar. Quando lá cheguei, ninguém sabia onde ela estava. Agora, além de procurar por mim, estou tentando encontrar a psicóloga.
Chuvas são lágrimas caindo do céu na Terra por nossa falta de amor. É o choro divino desaguando lamento dos olhos do Criador.
Na vida sou mais um passageiro.
A viagem é minha, mas é Dele o roteiro.
Então, nem me importa o nevoeiro.
Tem sido assim. Dias que tenho certeza que sim. Outros que tenho certeza que não. E ainda existem dias que estou em dúvida.
Previsão do meu tempo.
Amanheci nublado. Possivelmente, choverei mais tarde.
Amanhã, retornarei ensolarado.
No trem da vida, sou mais um passageiro. A viagem é minha, mas entrego a Ele o roteiro. Assim, com a confiança no divino, espero passar o nevoeiro.
Não mensure minha vida com o seu compasso.
Se meu andar é direito ou torto, se tropeço, se ultrapasso, se herói ou palhaço.
Sou eu, que após a luta, após o cansaço, do meu jeito, no meu passo, me endireito, me refaço.
Dizem que da vida nada se leva, pois quem partiu nada levou, contudo, se a vida insiste, não desiste, agarre o que ficou.
Em dois mil e vinte e um, sorrir lembrando do Mussum, dançar ao som do Olodum, viajar para Cancun ou Cafarnaum, tomar um rum ou um suco de jerimum, comer um atum, rezar para Ogum, ouvir um mutum e se houver um zumzum, sem problema algum, como um cidadão comum, celebrar a vida e a liberdade, soltando um pum.
O que mata o homem não é a bala perdida. É não realizar o sonho que lhe motive a vida. Não é a doença que lhe provoca fraqueza. É a falta do riso, do humor. Morre-se de tristeza.
Acreditar que tudo passa é apenas um lado da história, pois enquanto a pandemia não passa, precisamos nos preocupar em como passamos por ela, refletindo não só em como temos passado, mas, principalmente, o que repassamos aos que passam por nós.
Fiquei o ano passado inteiro pedindo marmitex que quando me perguntaram o que eu queria para esse ano de 2021 pensei em pedir arroz, feijão, omelete, fritas e uma saladinha.
Tá bom né?
Se fechou, tem gente contra. Se abriu, tem gente contra. Se deixou a porta entreaberta, tem gente contra também. Se fez, por que fez? Se não fez, por que deixou de fazer? Se foi a favor, tem gente contra. Se foi contra, tem gente contra. Se subiu, por que não desceu? Se desceu, por que não subiu? Se entrou, devia ter saído. Se saiu...ah, devia ter entrado. A pergunta é: como agradar um, sem desagradar o outro? Acredito que não tem jeito...mas sei, tem gente contra.
Em meio às nossas intermináveis dúvidas e palavras que nada dizem, uma rosa desabrochou. As rosas não falam. Pena. Talvez só elas poderiam dizer o que está ocorrendo em nossos jardins.
Ao amanhecer, ouvi cantos gritados ou gritos cantados na janela. Era a dupla Mary & Taca fazendo uma live. Show!
Oração da Manhã
Wiliam de Oliveira
Que não seja preciso mendigar trabalho, carinho, atenção e apoio.
Que os olhos sejam reflexos de acolhimento, compreensão e luz.
Que as mãos se ofereçam para o auxílio, sem julgamentos.
Que a boca seja porta voz da boa prosa, do diálogo coletivo e da esperança.
Que os ouvidos possam ser receptivos ao que outro tem a dizer e o silêncio seja o som da evolução.
Que o nariz respire o oxigênio de todas as naturezas e inspire cada ser a ser mais humano.
Que os pés caminhem pela estrada da solidariedade, na direção da justiça social.
Que não seja econômica a mente e o valor das pessoas seja muito maior que o preço das coisas.
Que o sangue seja compartilhado como verdadeiro símbolo de imagem e semelhança do divino.
Que sejamos células conscientes de pertencer a um único corpo e o coração, moradia do amor universal.
Amém!
Muitos levam a vida à moda Zéca Pagodinho: "deixa a vida me levar, vida leva eu". Tempos depois reclamam para onde a vida os levou.
Aconteça o que acontecer, não deixo mais cair a peteca. Acabei de vendê-la para pagar uma continha aí...
Depois de pensar em tudo o que fiz e me condenar pelo que poderia ter feito, compreendi que fiz o que fiz, por não saber fazer de outro jeito. Depois de rever na memória onde errei e qual foi meu maior defeito, decidi aceitar-me como sou, perfeitamente imperfeito. Depois de buscar nos outros, minha real identidade, percebi que ninguém serve como espelho, para quem deseja conhecer a verdade. Assim, depois de tanto sorrir, quando queria chorar, de ficar calado, quando desejava gritar, é que me libertei do chão dos homens e comecei, finalmente, a voar.