Wendell Linhares
Se eu pudesse ser um animal, seria um pássaro, pois ele consegue voar quando as coisas ficam difíceis.
Implacável egoismo.
Como eu posso ser tão egoísta, comodista?
Com toda minha sagacidade, como me nego a perceber que também sou envolvido, comprometido?
Por que quando vejo-a com outro sinto-me profundamente desanimado, abatido?
Afim de quer abdico perceber que estando com outra tu também pode sente-se consternada, angustiada?
Em razão de que nos encontramos nesse cenário afanoso, trabalhoso?
Para que nos encontramos tão distantes, separados?
Qual o sentidos desse amor, se não for inesquecível, memoroso?
Esse romance coreano adorável está me consumindo, sinto que vivo e respiro em outro mundo, inclino meu pensamento somente a ti a todo instante. Me pinto em um romance de Nicholas Sparks como um jovem atraente e sensível, e imagino-te uma personagem do romantismo europeu,uma mulher intocável, amável e pura. Quando há a oportunidade de estar ao seu lado, meu corpo entra em choque, sinto meu sangue correr como se fosse um rio de leite, ouve-se longe as batidas descompassadas do meu coração, as palavras fogem da minha boca como um rato debanda-se de um leão, gelo e arrepio dos pés a cabeça, as lágrimas invadem meus olhos, minhas pupilas dilatam, meu estômago congela, cada célula que há em mim almeja as tuas e por fim fujo de um transe com um sorriso despretensioso escoltado de um olhar singelo.
É realizável
Em um sonho um mago me contou, que nos caminhos da vida sempre existe um recomeço. E por que para o mundo não?
Ele me avisou que o sonho não acabou, que um dia iremos dizer sim... Sim a paz, ao amor, o perdão. Vi que um raio iluminará, a estrela brilhará nos mostrando um novo caminho a seguir. Quando um corpo cair o outro irá levanta-lo, que a felicidade brotará e habitará em todos os corações, que os seres saberão possuir e dividir, transformarão lágrimas em inalteráveis sorrisos, os pássaros voaram livres, inimigos ajudando-se e dando as mãos, todos se amando e cumprimentando, as armas de guerras serão aposentadas e num só Deus se acreditará.
O sonho não acabou, é possível!
Limpe os armários!Recolha as roupas do varal! Livre-se de tudo que te prende ao passado! Passe a página! Liberte-se para viver um novo grande amor.
Os sábios tiram, dos erros, lição para evita-los de acontecer novamente. Os patetas sempre esbarram nos mesmos erros.
Me volto a um quadro exposto na parede cinza do meu quarto, noto uma pessoa amarelada, sem cor. Um ser de ombros largos, cabelos indomados e boca pálida me observa com um olhar negro e fundo. Escuto ao fundo um eco de bater de porta e me dou conta que essa obra não passa do meu próprio reflexo. Logo, contemplo o retrato da mudança que o tempo me trouxe.
Me encontra por aí, me conta um sonho bom e chora um trauma de infância no meu ombro. Me faz a tua esquina preferida, o teu problema sem solução ou a tua rotina que não cansa. Me dá teu endereço e te muda pra cá. Me faz a tua viagem e vê se viaja em mim, mas sem passagem de volta. Esquece os teus olhos nos meus e me fala em silêncio as palavras de amor que nunca falou. Me entrega a tua parte brega e carrega contigo os meus textos secretos. Coloca na tua mochila aquele desenho sem graça que eu te fiz e anda por aí procurando por mim com uma marca só nossa numa folha de papel só tua. Fica aqui, não vai embora. Anda comigo por onde for. Porque eu nunca sei onde vou parar, mas quero sempre poder te encontrar aqui ou do outro lado do mundo. Me leva contigo e eu decoro até o teu destino
Eu te olhei como quem decora detalhes. Acho que você falava algo sobre estudar, prova essas coisas da sua vida que gosto de escutar. Mas dessa vez não deu: eu só te decorava. Eu olhava as suas expressões e as combinava com o meu sorriso. Prestava atenção no seu sorriso e me perguntava o que preciso fazer para sempre morar nele. Outro lar além de ti não me satisfaz. Me conta, porque eu arrisco. Me ensina, porque eu aprendo. Sei bem como são seus olhos, mas hoje olhei melhor e melhor e ainda um pouco melhor para eles. Quis nunca esquecer seu olhar de criança que ora esconde o medo de crescer, ora só quer ser gente grande. E você, em toda a confusão de quem fala e sorri sem saber bem o que é, vira o me retrato preferido. Vira a atração principal do meu dia. Se eu fosse um jogo de futebol, você seria o gol. Se eu fosse um circo, você seria o mágico. Como eu sou apenas eu, você é o meu riso mais desprendido, mais fundo, mais leve. O meu jeito mais apaixonado. Ontem eu te decorei como um cantor decora uma música: cada linha tem seu tom. Eu te decorei como um poema que Drummond guardou para si tamanho ciúmes da própria obra. Eu te decorei com quem tem medo de cair da escada e perder a memória. Porque eu queria, eu quero, te reconhecer em todas as minhas vidas, no meio do deserto ou no banco de um ônibus: eu quero que nunca pare de ser você. E que o destino seja sempre eu. Está escrito nos detalhes do nosso livro, é assim que deve ser.
Eu queria muito não me deixar abater. Até acho, que só aqueles que erram o caminho vez ou outra tem alguma coisa a ensinar aos outros e a si próprio pelo menos uma vez. E que saber recomeçar é quase um dom. Talvez eu seja desprovido desse talento, desanimo nos passos tortos da vida ou nos arames farpados em que levo arranhões enquanto tento andar pelos sonhos da minha alma. Compreendo gente que cansou de tentar, as pessoas que perderam a graça de reinventar a si mesmo e traz o cinza para o seu mundo. Mesmo assim acredito que todo errado tem o seu correto, mas também, que poucos corretos tenham surgido pra não darem certo.